Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Fernando Antônio Gonçalves - Sempre a Matutar terça, 20 de outubro de 2020

FAROFAGENS ELEITORAIS (CRÔNICA DE FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

FAROFAGENS ELEITORAIS

Tenho uma patológica aversão a um tipo de gente que se imagina sempre gota-serena, muito embora viva nostalgicamente voltada para não sei quantos anos atrás. Completamente mofada, com ideias vagaluminosas, aquelas que somente reluzem pela parte rabolativa.

Mas a minha antipatia se quintuplica quando vejo uma pessoa belle époque arrotando grandezas mil, fantasistas todas, não imaginando jamais que o germe mais maléfico da atual crise brasileira é o do faz-de-conta, aquele que somente aumenta o cordão dos adeptos de uma baita alienação política, nunca analisando com seriedade não sectária os caminhos necessários para o desenvolvimento nacional amplamente integrador, sem populismos e demagogias viróticas.

O farofeiro se reinventa pra trás. Adepto de bugigangas televisivas e falas idióticas pela redes sociais, é individualista por excelência, sempre buscando subverter Fernando Pessoa, ao alardear, pelo comportamento aparentemente civilizado, que “tudo vale quando a alma é muito pequena”. E nunca assimilando, porque inculto e imediatista, o significado da advertência de Karl Mannheim: “Toda nossa tradição educacional e nosso sistema de valores ainda estão adaptados às necessidades de um mundo paroquial e no entanto espantamo-nos porque as pessoas se saem mal quando têm de agir num plano mais amplo”.

Todo farofeiro alimenta uma nada sutil detração pelos que pensam mas são financeiramente frágeis, o pensamento nunca fazendo parte do interior do farofeiro metido a arretado. Todo farofeiro chama de “sonhador” aquele que não sabe levar vantagem em tudo. E menospreza, quase xingando, os que pensam como Georg Groddeck: “Acredito que os homens que, nas fantasias tornam possível o impossível realizam mais e melhor, não mais sendo atormentados pela ambição há muito satisfeita”.

O farofeiro compra obra de arte por metro quadrado, não tem o hábito da boa leitura, menospreza o humor inteligente, é puritano de carteirinha e não percebe que a ignorância é a maior multinacional do mundo. E certamente repreenderia Graciliano Ramos, então revisor do Correio da Manhã, por ele ter instruído um repórter que usara a palavra “outrossim” da seguinte maneira: “Outrossim é a puta que pariu!”.

E o riso “hiênico” de um farofeiro? Alguém já reparou o quanto ele se esforça para rir quando não entende bulhufas de um crítica inteligente? Qualquer pessoa pode fazer tal experiência. Recordo sempre que posso, para os farofeiros, uma reflexão inesquecível do Eduardo Galeano, consagrado autor de As Veias Abertas da América Latina: “Nos últimos anos, duplicou-se a brecha que separa o Norte do Sul. Será preciso inventar um novo dicionário para o século que vem. A chamada democracia universal pouco ou nada tem de democrática, como o chamado socialismo real pouco ou nada tinha de socialista. Nunca foi tão antidemocrática a distribuição de pães e peixes”.

Numa pandemia histórica e histérica, “simples gripezinha” para desligadões da ambiência científica, gostaria de dizer a cada farofeiro: como filho da Criação, saiba diferenciar-se pela capacidade de integrar-se solidariamente consigo mesmo, em primeiro lugar. Entendendo que somente aquele que tem a mão de alguém para segurar sobrepujará modismos embriagadores. Saiba desafiar-se e encontre alguma coisa humana para fazer todos os dias, acercando-se de gente de QI ajustado aos desafios de um futuro que já se encontra entre nós. E sem jamais esquecer o ensinamento do rabino Harold Kushner: “Não há jeito de evitar a morte. Mas a cura para o medo da morte é o sentimento de ter vivido”.

Para todos aqueles que continuam sinceramente pugnando por um Outro Mundo, sem sectarismos nem medoe e ódios, nordestinados cada vez mais, a lição deixada por um deles, o inesquecível Celso Furtado: “Num triângulo, o quadrado da hipótese é igual à soma dos quadros dos outros dois lados. Mas será que o triângulo será mesmo retângulo?”


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