Ainda que os ministros favoráveis ao disciplinamento do foro especial sejam maioria, este tema tão palpitante continua em aberto. O ministro Dias Toffoli pediu vistas ao processo, arrefecendo a votação que pode nos livrar de um aviltante privilégio dos nossos políticos e mandatários. Mesmo assim, o STF pode derrubar esse achincalhe, bastando, para tanto, que o povo o exija e mostre claramente ter consciência da força que possui.
O prêmio da revogação desse dispositivo que escarra na face da Justiça ao ferir o preceito de que todos são iguais perante a lei, pode se materializar no justo e almejado desejo de que mais políticos corruptos não continuem a escapar dessa Justiça, inaugurando um Brasil que verdadeiramente combate a corrupção, desgraça brasileira da qual vivem fora do alcance legal mais de 37 mil políticos!
O Brasil, convenha-se, é implausível. Ora, se no transcorrer das campanhas eleitorais os candidatos apregoam a honestidade que todos – sem exceção – possuem, por que após eleitos os senhores deputados e senadores não aceitam livrar a Nação de um privilégio espúrio, que depõe contra a nossa decência, ao revelar que o Brasil é o país com o maior número de pessoas em todo o mundo, beneficiadas pelo foro privilegiado!
São pessoas que levam a mais de um ano para serem rés, enquanto que na Justiça ordinária o procedimento dura apenas 48 horas.
Mas qual é a diferença entre um maltrapilho que bate a carteira de alguém e foge, e um engravatado que no conforto do seu gabinete rouba as verbas destinadas à saúde, à educação e à segurança?
A diferença é clara. O segundo malfeitor é ainda mais danoso. Afinal, ao roubar as verbas matam pessoas com doenças evitáveis, por procedimentos resultantes da ignorância, e pela insuportável falta de segurança, tornando-se, além de ladrões, assassinos.
Fora, foro privilegiado!