Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Forró Sanfonado quarta, 27 de julho de 2022

FORRÓ SANFONADO, A ALEGRIA DA LATADA
FORRÓ SANFONADO, A ALEGRIA DA LATADA

Raimundo Floriano

 

 

Zabumba, sanfona e triângulo: ai, que saudade me dá!

 

 

                        Ontem, 30.05.2008, A TV Globo, no dia 30.5.2008, anunciou um Som Brasil em homenagem a Luiz Gonzaga, o Lua, o Gonzagão, o Rei do Baião, logo após o Programa do Jô. Estava previsto para começar à 1h25 da madrugada, com término às 2h25, ou seja, 50 minutos e duração que, descontados os comerciais, resultariam em 40 minutinhos dedicados à alma e ao coração da Cultura Musical Nordestina. Um gênio que nos legou 658 registros fonográficos – dos quais possuo a maioria –, todos considerados obras-primas da MPB, alijado nos socavões da noite, como se de propósito, para que pouca gente tomasse conhecimento do fato. Eu mesmo, atolado os quatro pneus pelo Forró, até que tentei me manter acordado, mas o sono foi superior à devoção. Por isso, não posso comentar o que se passou ali, apenas registro a ocorrência.

 

Trio Siridó, em sua formação inicial : Mocó, Torres do Rojão e Djaci

 

Trio Siridó e Banda: Valdinei, Taciva, Torres, Cipó e Dico 

                        Não é de se estranhar esse descaso. Há muito tempo, o Forró vem recebendo intensa agressão pela modernidade dos teclados e das guitarras, sendo atualmente quase impossível assistir-se na TV a programa em que os forrozeiros se apresentem na composição clássica: sanfoneiro, zabumbeiro e triangueiro. Com tristeza, vejo o Trio Siridó, que eu considerava o mais legítimo representante do Forró pé-de-serra aqui do Planalto Central, transformado em Trio Siridó e Banda, com parafernália eletrônica capaz de lotar a carroceria dum caminhão, dos grandes. É a pertinácia do amigo Torres, seu líder, na luta pela sobrevivência.

 

                        Mas, afortunadamente, a pureza ainda existe. Meu amigo, minha amiga, vocês que estão lendo estas maltraçadas procurem aí em sua cidade e ainda encontrarão autênticos trios nordestinos – em outra oportunidade, direi da sua invenção – com repertório e competência para animar suas festas juninas e outras afins. Caso isso já não mais seja possível, apresento-lhes pequena amostra do trabalho desses abnegados, que tanto contribuíram para manter em nosso espírito a pureza e a simplicidade da infância e da adolescência.

 

                        São consagrados sanfoneiros, com ritmos juninos variados, a mostrar-nos um pouco de sua arte, como Luiz Gonzaga, Sivuca, Dominguinhos, Severo, Zé Gonzaga, Abdias, Mário Gennari Filho, Mário Zan, Gérson Filho, Zé Calixto, Zé Piatã, Luiz Sérgio, Kariri, Manoel David, Negrão dos 8 Baixos, Zé Cupido, Sanfoneiro Guido, Zé Paraíba, Zé do Forró, Tony Martins, Raimundo Soldado, Hugo Cantarino e Severino Januário.

 

                        Bom, isso foi em 2008. Mas, depois disso, tive que dar a mão à palmatória no que se refere à Rede Globo, diante o tratamento que deu a Luiz Gonzaga, nosso ídolo maior, no ano de 2012, quando se comemorou o Centenário do Rei, tanto em sua central, quanto nas emissoras regionais. Está de parabéns a Globo!

 

                        Também minha visão relativamente ao Forró em seu todo foi modificada quando, a 27 de maio de 2009, fui empossado na Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Musica Nordestina, no Recife, tendo como Patrona a cantora Elba Ramalho, que compareceu à solenidade e deu grátis um show de quase hora e meia.

 

                        Naquela noite, conheci uma Nação Forrozeira que me era estranha e ali acorreu para me homenagear. Astros como Flávio Leandro, Rogério Rangel, Eliezer Setton, Xico Bizerra, Terezinha do Acordeom, Júnior Vieira, Anchieta Dali, Luizinho Calixto, Cristina Amaral, Kelly Rosa, Hélio Donato e Conjunto Forroviário, Nena Queiroga, Bia Marinho, Josildo Sá, Targino Gondim, Cezzinha, Fábio Simões, Arimateia Ayres, Lourdinha Oliveira, Tostão Queiroga, Anjo Caldas, Gabriel Sá, João Cláudio Moreno, Gonzaga Leal, Valter Azevedo, Arluce Carvalho, Jeová da Gaita, Nilson Araújo, Ismael Gaião, Paulo Wanderley, Antônio Marinho, Greg Marinho, Paulo Carvalho, Zelito Nunes, Neide Santos e Júnior do Bode.

 

                        Infelizmente, nós aqui do quase-sul-maravilha desconhecemos a existência de pessoas tão talentosas e que agora, passadas as deferências a Gonzagão, se encontram no escaninho do esquecimento para a grande mídia.

 

                        Felizmente, temos, em contrapartida, o Jornal da Besta Fubana, maior movimento cultural hoje existente no Brasil, que postou diariamente, em 2012, uma composição diferente de Luiz Gonzaga e continua com o espaço aberto a todos os cronistas, compositores e intérpretes brasileiros. Em 2019, será a vez de homenagearmos diariamente Jackson do Pandeiro, em seu Centenário, postando músicas por ele compostas ou gravadas. Este Almanaque o fará em grande estilo.

 

                        Meu propósito, hoje, é apresenta-lhes o trabalho de nossos sanfoneiros, em números instrumentais, executando os ritmos mais representativos do Forró, quais sejam o arrasta-pé, o baião, o xote, o rojão e, pra não dizer que não falei de flores, o choro e o samba, muito dançados em nossas festas de latada.

 

                        Como são inúmeros esses geniais sanfoneiros, foi difícil escolher, dentre todos, os seis abaixo, que nos deliciarão com suas virtuosidades:

 

Luiz Gonzaga, Mário Gennari Filho e Zé Cupido

 

Dominguinhos, Zé Calixto e Kariri

 

                        Vamos ouvi-los:

 

                        ARRASTA-PÉ: São João a Roça, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, com Luiz Gonzaga:

 

                       BAIÃO: Baião Caçula, de Mário Gennari Filho, com o autor:

 

                        XOTE: Forró de Mané Vito, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, com Zé Cupido:

 

                        ROJÃO: Bigode de Arame, de Dominguinhos e Guadalupe, com Dominguinhos:

 

                        CHORO: Escadaria, de Pedro Raimundo, com Zé Calixto:

 

                        SAMBA: Nacional de Brasília, autor desconhecido, com Kariri:

 

 


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