FUTEBOL CANDANGO
Publicada em 08.04.2013)
Raimundo Floriano
Estádio Nacional Mané Garrincha: a maquete e como se encontrava no dia 28.02.13
O Estádio Nacional Mané Garrincha será inaugurado no próximo dia 21 de abril, data em que se comemorará o 53º Aniversário de Brasília. Trazendo dois times do Rio ou de São Paulo, a festa será de casa cheia. Ainda neste ano, haverá a Copa das Confederações e, em 2014, a Copa do Mundo, o que garante presença maciça de público.
Mas, e depois? Segundo o Estadão, a obra consumirá 1,5 bilhão de reais, tudo saído dos cofres públicos. E tudo isso para que se transforme, apagadas a luzes desses eventos, num gigantesco mausoléu. Mausoléu vazio, sem despojos dentro, é bom que se diga.
A carta acima foi publicada na edição de 04.02.2013 do Correio Braziliense, o maior jornal da Capital da República. A opinião do leitor Cezar Mariano coincide com a de todos os que verdadeiramente amam o esporte desta cidade. É um sonho pois, se assim procederem as autoridades governamentais, correrão o risco de verem as arquibancadas no jogo de estreia entregue às moscas. E isso por culpa única e exclusiva delas próprias que, nestes anos todos, nada fizeram para o fortalecimento do Futebol Brasiliense.
No diz 7 de fevereiro passado, realizou-se o primeiro clássico do ano no Distrito Federal. Jogaram os dois times candangos de maior visibilidade: Gama, na 3ª Divisão e Brasiliense na 2ª Divisão do Brasileirão. O embate foi amplamente divulgado pela imprensa, louvado, badalado, mas o público a comparecer ao Bezerrão se revelou decepcionante, frustrante: 9.489 pagantes. Em população acima de 2 e meio milhões de habitantes, isso é pingo d’água no mar.
Imaginem como seria bem diferente o cenário hoje se, por exemplo, a Caixa Econômica Federal viesse patrocinando o Gama, como faz com o Corinthians; e a Petrobrás, por sua vez, patrocinando o Brasiliense, com faz o Flamengo!!! Tendo recursos suficientes para contratar bons jogadores – e não aqueles famosos já pendurando as chuteiras –, é claro que nossos estádios viveriam tempos de capacidade superlotada.
Em passado recente, isso até acontecia, nas Satélites, quando o Gama disputava a Primeirona e recebia grandes times de fora: público lotando os estádios para torcer contra o time da casa, contra o próprio lar. Assim, não dá!
Para demonstrar o descaso com que é tratado o Futebol Candango, vou reproduzir a seguir relato que escrevi em maio de 2004.
“Domingo último, 16.05.04, reservei boa parte da manhã para assistir, na TV, ao clássico brasiliense Sobradinho x Ceilândia. Por dois motivos: prestigiar a Record, emissora que o transmitia, e apreciar a atuação do goleiro ceilandense, o famoso Serjão.
Para quem não o conhece, esclareço que esse goleiro-cartola – é o dono do time – tem o mesmo porte atlético do ator Fúlvio Estefanini, aquele que fez o prefeito na novela Chocolate com Pimenta, necessitando, urgentemente, de uma cirurgia que lhe reduza o perímetro – abdominal, claro!
Serjão: 153 kg de garra e eficiência
Fui parcialmente recompensado. O Serjão é um show. Realizou defesas espetaculares e, numa delas, ao voar no canto para interceptar perigosíssima bola, foi seriamente contundido, mas nem por isso seu rendimento diminuiu. O Sobradinho saiu na frente, mas o Ceilândia empatou e, logo em seguida, virou o placar: 2x1.
Minutos depois, um jogador ceilandensde foi expulso, dando ao Sobradinho a chance de, com um homem a mais, igualar a contagem. Nos instantes finais do combate, o Serjão, ao cometer uma falta e receber cartão amarelo, não se conteve nem se conformou, dando um bico na bola, mandando-a para as arquibancadas. Cartão vermelho!
E, devido à confusão que se formou, mais dois minutos de acréscimo! O jogo ficou eletrizante, mesmo para quem, como eu, não torcia por qualquer dos dois times. Será que o Ceilândia, com dois homens a menos e um goleiro improvisado, resistiria à pressão do Sobradinho? Será que o Sobradinho iria se aproveitar dessa vantagem para reagir e modificar o resultado adverso?
Aí, aconteceu o inesperado: a emissora, sem qualquer explicação, cortou a imagem e passou a transmitir o segundo tempo de Ceará x Bahia. E nós, os coitados telespectadores, ficamos ali, inertes, com cara de tacho, como popularmente se diz. Salvou-nos o Correio Braziliense que, na segunda-feira, comentou a partida e confirmou a vitória do Ceilândia.”
Houve um tempo em que tínhamos um time que nos representava e disputava pau a pau com qualquer outro no Campeonato Brasileiro. Era financiado pelo CEUB, Centro Universitário de Brasília, do qual herdara o nome: CEUB Esporte Clube. Criado em 1968, teve suas atividades encerradas em 1976, deixando-nos boas recordações e muitas saudades.
Para relembrá-lo um pouco, aqui vai um recorte de jornal de seus tempos áureos:
Outro flagrante do CEUB, mostrando o total apoio do público nas arquibancadas:
Para completar essas lembranças, ouçamos o Hino do CEUB (Avante CEUB), de Ilber Mangla e Álvaro Guergolet, na interpretação Nivaldo Santos, gravado no ano de 1974: