Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carlito Lima - Histórias do Velho Capita quarta, 26 de julho de 2017

GERAÇÃO GUERREIRA

 

Costumo afirmar que esses sessentões e setentões ainda cheios de vigor que andam por aí, fazem parte de uma geração privilegiada. Tiveram uma infância bonita e livre e fizeram parte de uma juventude revolucionária dos anos 60/70 quando houve uma transformação no mundo. Essa geração teve uma participação efetiva na vida da cidade, do país, do mundo, fazendo brilhar mentes e corações.

É inimaginável, os jovens de hoje não têm idéia do que era ter 16, 20 ou 28 anos naquela época. Essa geração guerreira e contestadora mudou o mundo para melhor.

A arte foi usada para essa transformação. A música e a literatura eram ferramentas revolucionárias. Apareceram os inigualáveis Beatles, que faziam a cabeça da juventude cantando músicas de John Lennon e Paul Macartney, Ringo Star na bateria e George Harisson completando o time, pediam uma chance para a paz no mundo, com músicas como IMAGINE, YESTERDAY, MICHEL entre as outras. Chegando junto os Rolling Stones faziam sucesso com a irreverência de Mick Jagger.

Os USA fervilhavam com a juventude cantando e manifestando-se contra a iníqua Guerra do Vietnam. O festival de Woodstock foi o ápice do movimento musical mostrando ao mundo uma alternativa de vida com paz e amor.

No Brasil foi época de músicas de protesto. Apareceram o teatro de vanguarda, o cinema novo e a bossa nova, marcos na diversificada cultura brasileira. Época dos grandes festivais de música popular revelando para o Brasil e o Mundo compositores e cantores como Chico Buarque, Geraldo Vandré, Gil, Caetano, Gal, Bethânia, Milton Nascimento que subiram e nunca desceram do palco da música popular brasileira.

Que jovens fomos nós que assistimos ao vivo Garrincha e Pelé fazer malabarismo com a bola e serem três vezes campeões do mundo?

Tínhamos orgulho de um Brasil cheio de esperança e otimismo durante o governo de Juscelino Kubstcheck inaugurando siderurgias, usinas elétricas, fábricas de automóveis. A classe média brasileira teve acesso a carros populares fabricados no Brasil e o número de miseráveis brasileiros diminuiu.

Deu-se o golpe de 1964, uma boa parte do povo brasileiro apoiou no momento a “Revolução” pensando que a intervenção militar fosse temporária e houvesse eleições para presidente em 1965 como propunham os revolucionários. Mas veio a repressão. Os militares se aboletaram no poder por mais de 20 anos.

Os jovens daquela época, esses sessentões de hoje que estão no comando do país, foram os que mais contestaram o regime. Os considerados subversivos eram estudantes secundaristas, universitários que lideraram a luta contra a ditadura. Um exemplo que orgulha os alagoanos foi o então estudante de Direito Vladimir Palmeira. Organizou e liderou a passeata de 100.000 pessoas contra o regime em pleno Rio de Janeiro. Marcha que ficou na história do Brasil.

Nas Alagoas as coisas não foram diferentes, houve mudança de costumes. Antes daquele momento de transformação, nossa cultura machista, preconceituosa, cometeu injustiças hoje inconcebíveis.

Relendo alguns poemas daquela época que causaram impacto até nos meios intelectuais, achei um especial que gosto muito, é de uma menina na época, batalhadora, vindo do sertão, da beira do velho Chico, chegou em Maceió, fez o curso de medicina. Poeta e compositora escreveu muitas poesias, concorreu e foi vencedora de festivais de músicas. Revolucionou a nossa cidade com suas idéias avançadas. Menina bonita vindo da bela cidade de Piranhas fez sucesso nos festivais de músicas e nunca mais deixou de escrever seus poemas. Hoje faz parte da intelectualidade alagoana, é um esteio, uma batalhadora, uma incentivadora dos neófitos escritores das Alagoas. Por tudo isso e para homenagear nossa geração que tanto me orgulha, transcrevo o poema.

ÊXTASE

Você comigo, num abraço estreito… Nossos corações batiam acelerados.
Meu rosto recostado em seu peito… Nós dois sempre mais aconchegados.
Não sei se era amor que nos unia… Os nossos corpos num abraço deslumbrante.
Só sei que entre nós, algo existia… Um desejo que nos dominou, no instante.
Respirávamos mais forte e então… Tremia todo corpo, meu e seu.
Apertava trêmula, confiante, sua mão… Era totalmente sua e você meu.
Na volúpia do amor, extasiados… Esquecidos do mundo e de tudo enfim
Por momentos ficamos abraçados… Você esquecido de si e eu de mim.
Depois, tudo volta à tona e eu… Cabisbaixa, tristonha, o afasto de mim.
Por momento esqueci e você se esqueceu… Que o momento feliz chegou ao fim.

Hoje esse poema amoroso parece banal. Mas naquela época teve grande abalo e repercussão, com insinuações preconceituosas contra nossa poeta, a corajosa e inspirada Rosiane, lídima representante dessa bela Geração Guerreira.


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