Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Fernando Antônio Gonçalves - Sempre a Matutar segunda, 17 de abril de 2017

HOLOCAUSTO, UM ESTUDO SEMINAL



Ultimamente, um dos assuntos mais pesquisados na área planetária das Ciências Humanas, capaz de preencher salas e mais salas de uma biblioteca, é o que está relacionado com o Holocausto. E um aplaudido analista sobre o mais estúpido assassinato coletivo da história da humanidade, Raul Hilberg (1926-2007), lançou, em inglês e em 2003, pela Universidade de Yale, um estudo seminal, recentemente lançado em língua portuguesa, no Brasil: A destruição dos judeus europeus, São Paulo, editora Amarilys, 2016, 2v., 1658 p. Uma leitura obrigatória para todos aqueles que militam na cidadanização de um mundo mais digno e humano para todos, sem discriminação de qualquer espécie.

A notável pensadora Hannah Arendt, em carta escrita a Karl Jaspers, já definia a grandeza do maior livro de referência sobre a Shoá (Holocausto), agora tornado edição brasileira: “Ninguém será capaz de escrever sobre o assunto sem recorrer a ele (o autor). Numa pesquisa exaustiva de muitas décadas, é um livro “que é um verdadeiro farol, um quebra-mar de história ancorado a seu tempo e a um aspecto além do tempo, imortal, inesquecível, e ao qual nada na produção histórica comum pode ser comparado”. E mais escreveu: “não é apenas uma crônica de horrores. É um estudo cuidadoso, analítico e tridimensional de uma experiência sociopolítica única na história, uma experiência em que ninguém podia acreditar e cujo significado ainda nos atordoa”.

O livro de Hilberg traz depoimentos que promovem o destrinchar minucioso da logística e da implementação da Solução Final ordenada pelo III Reich, um processo de destruição em massa de um povo, o hebreu, no continente europeu, em nome de uma ideologia, a da raça ariana, cultivada em tempos pré-hitleristas, bem antes do nascimento do assassino Adolf Hitler.

Segundo informações colhidas num site especializado, Hilberg era tido como solitário, buscando passatempos na geografia e na música. Embora seus pais participassem de atividades sinagogais, ele, pessoalmente, encontrava irracionalidades na religião dos pais, que provocava alergias nele. Após a Anschluss de 1938, a sua família foi despejada de casa e seu pai preso pelos nazistas, sendo liberado por causa de seu registro de serviço como combatente na Primeira Guerra Mundial. Um ano depois, em abril de 1939, aos 13 anos, Hilberg fugiu para a Áustria com a sua família, alcançando posteriormente a França, todos embarcando em um navio com destino a Cuba. Após quatro meses, Hilberg e seus familiares chegaram aos Estados Unidos em 1º de setembro de 1939, quando a Segunda Guerra Mundial eclodiu na Europa.

Os Hilbergs estabeleceram-se em Nova York, onde Raul frequentou o Abraham Lincoln High School e o Brooklyn College . Desistindo de ser químico, por descobrir-se não vocacionado, ele abandonou os estudos. Indo trabalhar numa fábrica, sendo posteriormente convocado para o serviço militar.

Tendo servido na 45ª Divisão de Infantaria (Estados Unidos) na II Guerra Mundial , dada a sua fluência nativa e interesses acadêmicos, Hilberg logo foi ligado ao Departamento de Documentação de Guerra, encarregado de analisar arquivos em toda a Europa. Foi sua a descoberta de parte da biblioteca de Hitler encaixotada em Munique , que o tornou interessado na investigação sobre o Holocausto, um termo usado para identificar a destruição genocida dos judeus na Europa.

Retornando à vida civil, Hilberg escolheu estudar Ciência Política, graduando-se no Brooklyn College, em 1948. Em um determinado ponto no curso, Hilberg foi tomado de surpresa por uma observação de um professor seu: “As atrocidades perpetradas mais perversas sobre uma população civil nos tempos modernos ocorreu durante a ocupação napoleônica da Espanha.” Interrompendo a fala do professor, Hilberg indagou por que o recente assassinato de 6 milhões de judeus não figurava na avaliação do docente. O professor Rosenberg respondeu que era um assunto complicado, mas que as palestras só lidavam com a história até 1930. Hilberg ficou impressionado com o desconhecimento docente, servindo o episódio para fortalecer seu interesse pelo assunto. Que se ampliou bastante quando, em 1951, ele obteve uma nomeação para trabalhar no Projeto de Documentação de Guerra.

Ouvindo uma exposição de Salo Baron, a principal autoridade sobre historiografia judaica à época, dele recebeu uma indagação: estaria ele interessado em trabalhar, sob orientação, nos estudos de aniquilação da população judaica da Europa? Agradecendo o convite, Hilberg decidiu escrever a maior parte de seu Ph.D. sob a supervisão de Franz Neumann, autor de uma análise do tempo de guerra do estado totalitário alemão. Neumann foi inicialmente relutante em tomar Hilberg como aluno de doutoramento.

Em 1979, Hilberg foi nomeado para a Comissão Presidencial sobre o Holocausto por Jimmy Carter. Mais tarde, ele serviu por muitos anos como consultor do Conselho Memorial do Holocausto dos Estados Unidos. Após sua eternização, o Museu estabeleceu o Raul Hilberg Fellowship, destinado a apoiar o desenvolvimento de novas gerações de estudiosos do Holocausto. Sua tese de doutorado foi premiada com o prestigioso prêmio Clark F. Ansley, publicada pela Columbia University Press, numa tiragem reduzida.

A Destruição dos Judeus Europeus descreve com uma lucidez argutamente exaustiva os mecanismos políticos, jurídicos, administrativos e organizacionais em que o Holocausto foi perpetrado, como ele foi visto através dos olhos alemães, muitas vezes pelos funcionários anônimos cuja dedicação incondicional às suas funções foi fundamental para a eficácia do projeto industrial do genocídio. Hilberg absteve-se, no entanto, de enfatizar o sofrimento dos judeus, as vítimas ou suas vidas nos campos de concentração.

Um livro que não é apenas uma crônica das atrocidades nazistas, mas “um estudo cuidadoso, analítico e tridimensional de uma experiência sociopolítica única na história.” Muito embora as primeiras iniciativas antijudaicas tivessem principiado, em Roma, no século IV d.C.

 

 

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