Percebi, nos meus últimos decênios, que muitos companheiros de caminhada ainda não descobriram a essência das suas missões individuais, por sempre impossibilitarem a emersão de seus sentimentos nobilitantes, os únicos capazes de amordaçarem horóscopos e amuletos, falsos brilhantes, raposices, fingidos e amacacados. E imaginei como seria útil a atuação de um ICAT – Instituto de Conexões Aparentemente Tardias, entidade com a finalidade única e precípua de explicitar, mesmo que sob vieses desconcertantes, os “enxergamentos” mínimos para os encontros vivenciados de mãos nunca sujas, quilômetros distanciados das torres de marfim que asfixiam e cegam, subestimam, mitificam, enclausuram e mumificam.
Nos estatutos do ICAT, alguns parâmetros germinais favoreceriam contínuos reposicionamentos, para se evitar um viver morrendo destemperado e virótico, também letal e neurótico:
1. O bem-querer terá prevalência sobre todas as lógicas destrutivas;
2. Os méritos serão sempre coletivos e jamais fingidos, nunca individualizados;
3. As amizades conquistadas são o maior patrimônio de todo ser humano em contínua evolução em direção à Luz;
4. Esmagar potencialidades é crime de lesa-convivialidade;
5. Jamais abandonar um aprender-desaprender-reaprender que ressalte as diferenças substantivas entre permanência e mutação;
6. Tornar-se águia sem mentalidade de galinha, por mais emplumada que esta seja;
7. Entender que mente saudável, além de saber fazer, faz também acontecer;
8. Saudades bem sentidas, nostalgias contidas;
9. Umbrais ultrapassados, sonhos recuperados;
9. Para se ver no futuro, saber enxergar-se nos demais tempos;
10. A meta maior é o somatório de inúmeras e pequeninas outras metas, também importantes.
Nos seus eventos pioneiros, o ICAT enalteceria seu mandamento primeiro: os talentos são recursos que devem ser utilizados para a felicidade de todos, posto que solitariamente jamais se conviverá prazerosamente com a Vida e com os demais Mundos.
No mais, o ICAT retemperaria seus buscadores, enaltecendo a qualidade do sal, a busca constante pela viabilização do aparentemente impossível, as complementaridades do gênero humano. E ainda almejaria a paz nunca cemiterial, os objetivos cósmicos, artes e espaços nunca dantes navegados. Ampliando, sem pedanterias, as fronteiras da autoestima, tornando-se vocacionalmente misericordioso com os ananzados e os fanfas, principalmente se portadores de muita jactância e poucos neurônios em posturas televisivas.
No ICAT não teriam vez nem voto os merdalhosos, os insinceros, os babaovistas, os fuxicosos, fakenewseiros, os não-caminhantes, tampouco os que nunca leram a reflexão do Dostoievski: “O mistério da existência humana não está em apenas se manter vivo, mas em encontrar algo pelo que viver.”
O ICAT seria uma Ong nunca obscurecida pelos amerdalhamentos dos eventos bbbostélicos das televisões nada criativas, apenas lucrativas diante das alienações de milhões.