Galo campina,
Esse teu cantar charmoso
Lembra o outrora saudoso
Na fazenda em que nasci,
E essa lembrança,
Tão singela e tão modesta,
Traz à tona a linda festa
Das alvoradas dali.
Tu, meu campina,
Ainda parda a madrugada
Acordava a passarada
Com estalos colossais,
E obedecendo
Teus chamados fervorosos
Dando gorjeios saudosos
Se escutava os sabiás,
E sonolento
Dava o seu pio o concriz
Despertando os bem-te-vis
E o xexéu de bananeira,
Enquanto isso,
Cantava muito gabola
A patativa de gola
Lá no alto da palmeira.
E os canários,
Também deixavam seus ninhos
Junto aos outros passarinhos
Cantavam suas canções,
O inhambu piava lá pela margem
Do riacho, e na ramagem,
Gorjeava os azulões.
Os pintassilgos,
Papa-capins, juritis,
Demonstram como é feliz
O alvorecer no sertão,
E a neblina,
Cobrindo a face da serra
Quanta beleza se encerra!
Nas brenhas do meu torrão.
E na montanha,
Que se eleva bem ao lado
Vem surgindo o sol dourado
Espalhando seu tesouro,
Pelas campinas,
Pelos vales e baixadas,
Estende suas camadas
Finas, de um manto de ouro.
E as sete cores
Vindas do arco-celeste
Se espalham pelo agreste
Formando a linda paisagem,
É o orvalho,
Com a luz que contracena
Enche de beleza plena
Com esplendor a pastagem.
Pra descrever
Essa orquestra tão divina
Foi o galo de campina
A fonte de inspiração,
Como poetas,
Temos vidas peregrinas
E assim cumprimos as sinas
De exaltar nosso Sertão
"