Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Leonardo Dantas - Esquina quarta, 07 de junho de 2017

IOLANDA & ZÉ DANTAS, A PARCEIRA DO BEM-QUERER

Iolanda Dantas – 86 anos

Nestas festas do juninas de 2017, a musa maior do compositor José de Souza Dantas Filho (1921-1962) não se encontra entre nós; partiu para a eternidade em dois de janeiro passado aos 86 anos no Rio de Janeiro.

Dona Iolanda Dantas é hoje mais uma estrela que brilha em nosso céu. Foi ela a musa e inspiração maior do Zedantas, como gostava de ser chamado o mais importante parceiro da trajetória musical de Luiz Gonzaga do Nascimento (1912-1989).

Para Dona Iolanda o Zedantas apaixonado escreveu Letra I (1953); Vem morena; Sabiá e uma tantos outros sucessos que marcaram as nossas festas juninas.

 

 

Dona Iolanda morreu aos 86 anos, numa segunda-feira, 2 de janeiro de 2017, no Rio de Janeiro, onde encontrava-se internada numa clínica médica da Tijuca, tendo o seu corpo sido cremada e suas cinzas transportadas para o Recife onde se encontram junto aos restos mortais de seu grande amor: José de Souza Dantas Filho, o nosso Zedantas poeta maior do nosso cancioneiro regional.

Segundo a bibliotecária Lúcia Gaspar, da Fundação Joaquim Nabuco José de Souza Dantas Filho, conhecido como Zé Dantas ou Zedantas, como costumava assinar, nasceu no município de Carnaíba de Flores, Sertão do Alto Pajeú de Pernambuco, no dia 27 de fevereiro de 1921.

Ainda criança, mudou-se para o Recife para estudar e tornar-se médico, como queriam seus pais, pertencentes à burguesia rural nordestina. Foi aluno dos colégios Nóbrega, Americano Batista e Marista.

Em 1938, aos 17 anos, já compunha xotes, baiões e toadas, chegando a publicar alguns na Revista Formação, editada pelo Colégio Americano Batista.

Segundo depoimento do folclorista Mário Souto Maior, seu colega no Marista, Zedantas vivia batucando numa caixa de fósforos e criando músicas de improviso, pelos corredores do Colégio.

Durante a época em que era estudante de Medicina, para desespero do seu pai, tornou-se um boêmio. Passava noites em bares dos subúrbios da cidade, fazendo versos, cantando e desenvolvendo sua criatividade musical.

Em 1947, quando ainda estudava Medicina, já com certa fama de artista “improvisador” e compositor no meio universitário recifense, descobriu que o cantor e compositor Luiz Gonzaga, de quem era grande admirador, estava no Recife, hospedado no Grande Hotel.

Conseguiu entregar-lhe algumas composições suas, entre as quais era provável que estivessem Vem morena e Forró do Mané Vito, que foram gravadas por ele em 1949; A volta da asa branca e Acauã, gravadas respectivamente em 1950 e 1952.

Em dezembro de 1949, formou-se em Medicina, pela então Universidade do Recife. No ano seguinte, mudou-se para o Rio de Janeiro, então a capital da República, para fazer residência médica em obstetrícia. Trabalhou no Hospital do IPASE, onde chegou a ser Vice-Diretor da Maternidade; atendia em seu consultório, como ginecologista, mas continuou investindo na sua carreira de compositor. Foi, ainda, diretor do programa O Rei do Baião, da Rádio Nacional e do Departamento Folclórico da Rádio Mayrink Veiga.

Casado com Iolanda Simões, em 26 de junho de 1954, a quem dedicou o baião “Letra I”, Zé Dantas foi pai de Sandra, Mônica e Zé Dantas Neto, merecendo essas recordações.

Zé Dantas era um homem maravilhoso, pai carinhoso e amigo dos seus amigos. (…) Todos sentimos muito orgulho dele e hoje, sua neta Marina Elali revive sua obra, cantando baiões do vovô Zé Dantas – com destaque para Sabiá; O Xote das Meninas.

Falecendo aos 41 anos, em onze de março de 1962, coube a sua mulher, Iolanda Dantas, educar os três filhos e se transformar na sentinela e guardiã de sua obra.

Assim eu a conheci, na luta em favor da preservação da memória de Zé Dantas, ainda dos anos de 1986, quando da edição do livro de Sinval Sá, O Sanfoneiro do Riacho da Brígida, que surgira em 6ª edição, “numa edição gorda”, segundo ironizava o próprio Luiz Gonzaga, trazendo o Cancioneiro de Zé Dantas, dentro da Coleção Pernambucana – 2ª Fase, com estudo introdutório de minha autoria.

Por essa época Dona Iolanda estava formando o seu filho, José de Souza Dantas Neto, em Medicina, pela Universidade do Rio de Janeiro, e a mim coube mandar apertar o anel de formatura, que pertencera ao próprio Zé Dantas, tarefa por mim confiada ao ourives Olegário Barreto, que tinha sua oficina na Rua da Concórdia.

O tempo passou, a amizade foi crescendo, era Iolanda irmã de meu amigo Manuel Simões, quando chega às minha mãos os originais de Mundicarmo Ferretti, com o título: “Na batida do zabumba, no balanço do forró”.

Com o consentimento de sua autora, optamos por um novo título “Baião dos dois – A música de Zedantas e Luiz Gonzaga no seu contexto de produção e sua atualização na década de 70”, que veio ser lançado com prefácio de minha autoria em 1988, pela Editora Massangana da Fundação Joaquim Nabuco.

Nas nossas longas conversas tudo girava em torno do “Zé”, como se referia ela ao seu grande amor.

Passei a ser um dos vigilantes da sua memória, sempre chamando a atenção daqueles que teimavam em omitir o nome de Zé Dantas de suas interpretações, para isso sempre contando com o apoio dos amigos Toinho Alves e Marcelo Melo, do Quinteto Violado, e do próprio Luiz Gonzaga, que veio relançar o LP gravado em 1959 e relançado em 1970, Luiz Gonzaga canta seus sucessos com Zedantas, seguindo-se em 1962 da composição de Antônio Barros, Homenagem a Zé.

 

 

 


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