Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 24 de dezembro de 2019

JÁ VELHO – UMA COMOVENTE HISTÓRIA DO CANGAÇO

 

 

“JÁ VELHO” – UMA COMOVENTE HISTÓRIA DO CANGAÇO

O tenente João Gomes de Lira (1913-2011), policial militar, nascido na fazenda Jenipapo, Nazaré do Pico, Floresta, Pernambuco, ex volante da tropa do comandante cel. Manoel Neto que combatia Lampião pela Caatinga do Nordeste, em depoimento emocionante ao pesquisador do Cangaço, o cearense Aderbal Nogueira, conta uma história comovente vivida por ele e os ex volantes quando perseguiam os cangaceiros na aridez do Sertão em Fogo.

Homem tosco, rude, acostumado, pelas circunstâncias dos fatos, a cometer todo tipo de atrocidades contra os fazendeiros, “os coiteiros”, para “arrancar-lhes” a ferro informações sobre o paradeiro dos cangaceiros, em depoimento gravado em 1996, relembra uma história de companheirismo fraternal e amor incondicional entre o cachorro “Já Velho” e a volante do cel. Manoel Neto.

Na época do cangaço, eram muitas as fazendas abandonadas pelos fazendeiros por causa dos cangaceiros que metiam o terror na região. Nas muitas propriedades que chegavam, os volantes encontravam gados, bodes, galinhas, cavalos, cachorros, abandonados. Morrendo de fome e sede porque seus donos os haviam abandonado temendo as represálias cruéis dos cangaceiros e volantes. Era uma verdadeira guerra de guerrilha, onde os inocentes eram torturados para confessar o que não sabiam e ninguém ouvia seus lamentos! Até Deus tapava o ouvido para não lhes ouvir os gritos de socorro!

Um dia a volante do cel. Manoel Neto chegou à fazenda Arueira, abandonada, e encontrou um cachorro grande, magro, cambaleante, só na pele e no osso. Não tiveram coragem de matá-lo. Comeram carne seca e farinha na fazenda e depois seguiram viagem a pé. Quando iam bem distante perceberam que o cachorro os seguia por dentro do mato! Ficaram impressionados com a atitude do cachorro em segui-los e resolveram incorporá-lo à volante. Tornaram-se amigos inseparáveis! Homens rudes, acostumados a matar e morrer no sertão em brasa, se curvaram à ternura de um cão fiel! E puseram-lhe o nome de “Já Velho.”

Um dia, retornando à fazenda Arueira, onde tinham combatido com Lampião e seus cangaceiros, havia um porco enorme que partiu para cima do cachorro e este, para defender seus amigos fiéis, partiu para cima do porco e este lhe deu uma rasgada no bucho que o abriu, ficando o cachorro no chão, vísceras para fora, olhos arregalados sentido a presença da morte e olhando para os volantes, um a um, numa despedida emocionante. Nenhum volante quis dar o tiro de misericórdia. Ao contrário, quando “Já Velho” fechou os olhos, encantando-se, todos os volantes ficaram a chorar de tristeza pela perda do fiel amigo!

Homens toscos, rudes, brutos, acostumados com a barbárie, chorando a morte de um cachorro companheiro!

Isso é um pedacinho da História do Cangaço com todos os seus mistérios, que precisa ser explorado pelo TURISMO.

A linda História do cachorro “Já Velho”, relembrada pelo tenente João Gomes de Lira, 80 depois!

 


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