Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Domingo – Dia de Matinê no Cinema Local domingo, 11 de fevereiro de 2024

KRAMER VS. KRAMER (1979), UM ÓTIMO DRAMA NO TRIBUNAL

 

HOJE: BATALHA JUDICANTE

KRAMER VS. KRAMER (1979), UM ÓTIMO DRAMA NO TRIBUNAL

GENTILEZA DO COLUNISTA CÍCERO TAVARES 

 

 

É impossível não se emocionar com o embate jurídico travado no tribunal por Ted e Joanna, interpretados magnificamente por Dustin Hoffman e Meryl Streep, numa batalha judicante comovente pela custódia do filho.

O filme narra a história de Ted Kramer (Dustin Hoffman), um profissional para quem o trabalho vem antes da família. Joanna (Meryl Streep), sua mulher, não suportar mais essa situação e sai de casa, deixando Billy (Justin Henry), o filho do casal. Quando Ted consegue finalmente ajustar seu trabalho às novas responsabilidades, Joanna reaparece exigindo a custódia da criança. Ted não aceita os argumentos de Joanna e os dois esbarram no fórum lutando pela guarda do filho Billy.

Um espetacular drama sobre os traumas do divórcio e as dificuldades entre trabalho e família. O jovem marido e pai Ted Kramer (Dustin Hoffman) ama sua família e seu trabalho, onde passa a maior parte do tempo. Tarde da noite, quando retorna para casa depois do trabalho, a esposa Joanna (Meryl Steep) inicia uma discussão e acaba abandonando o marido e o filho de seis anos. Ted tem que aprender a ser pai enquanto enfrenta os problemas de sua estafante carreira. Justo quando ele se adapta a seu novo papel e passa a desfrutar sua condição de pai, Joanna retorna, querendo o filho de volta.

Inteligente, bem realizado pelo diretor Robert Benton e com roteiro baseado no romance homônimo de Avery Corman. No Oscar de 1980, venceu em cinco categorias: melhor filme, melhor diretor, melhor ator (Dustin Hoffman), melhor atriz coadjuvante (Meryl Streep) e melhor roteiro adaptado. Recebeu ainda outras quatro indicações, nas categorias de melhor fotografia, melhor ator coadjuvante (Justin Henry), melhor atriz coadjuvante (Jane Alexander) e melhor edição. Um filme emocionante e comovente.

Kramer vs. Kramer mergulha de cabeça no tema que, mesmo não sendo mais tabu nos EUA em 1979, quando a produção foi lançada, chamou atenção pela forma que a abordagem é feita, com a adaptação do romance de Avery Corman pelo roteirista e diretor Robert Benton tentando manter os dois pés fincados no chão e lidando com as consequências de maneira realista e dolorosa, arriscando inclusive uma escolha arriscada em usar como estopim para a trama o “abandono do lar” por Joanna Kramer, esposa e mãe de um menino de tenra idade e não o contrário. É, de muitas maneiras, a semente para a visão mais recente, mas não muito diferente, de Noah Baumbach em seu História de um Casamento.

O diretor Benton já começa a projeção com a Joanna de Meryl Streep (que lhe rendeu sua segunda indicação ao Oscar e primeira vitória), em uma devastadora sequência, largando a vida de casada – marido e filho – sem maiores explicações, mas com feição entristecida e uma voz embargada que deixa algo no ar, algo que só voltaria bem mais para a frente na obra que, então, passa a focar quase que exclusivamente em Ted Kramer (Dustin Hoffman) tentando ajustar-se ao novo status quo de sua vida em que ele precisa conciliar o trabalho com afazeres domésticos que giram ao redor de seu filho Billy (Justin Henry), o que obviamente leva ao caos imediato. A maneira como as lentes apontam para Ted, aos poucos levando-o do desespero à forte conexão com Billy, sacrificando sua carreira no processo, não tem como objetivo falar de Ted apenas, mas sim também, indiretamente, de Joanna, mesmo que sua presença física na fita seja diminuta.

Esse é, na verdade, o grande trunfo da delicada direção de Benton e de mais uma excelente atuação de Hoffman. Entendemos muito facilmente que todo o desconhecimento e falta de jeito sobre a vida doméstica que Ted revela é um atestado para a importância de Joanna – ou da mulher – nessa equação. Ao mesmo tempo, a discussão dos papeis em um casamento ganha relevo, pois da mulher se espera todo o tipo de sacrifício. Afinal, ter filho e trabalhar não combina, não é mesmo? Mas o mesmo não vale para o homem, que é o provedor oficial, claro. Tudo é, no entanto, muito sutil em Kramer vs. Kramer, sem a necessidade de entulhar a narrativa com diálogos expositivos por todo o tempo ou com a demonização da mulher que “abandonou” o lar, até porque o trabalho de Benton é tão bem costurado que a compreensão da escolha de Joanna vem muito rapidamente, assim como quando, em seu retorno, ela luta pela custódia do filho. Chega a ser prodigioso como um filme sobre um homem e uma mulher em processo de separação e divórcio e que é focado quase que integralmente no homem, fala tão bem e tão equilibradamente dos dois lados.

É bem verdade que Benton não resiste completamente à tentação do didatismo e entrega à Streep seu momento choroso padrão que ela entrega muito convincentemente. A questão é que, quando isso acontece, a situação toda já está consolidada e as pistas sobre as motivações de Joanna já foram mais do que exploradas. Essa sua conversa com Ted e, depois, uma repetição na tribuna, destoam da abordagem indireta e inteligente que o roteiro vinha oferecendo, ainda que, pelo menos no processo de divórcio, o lado verborrágico fosse efetivamente inevitável.

Por outro lado, a curta duração do filme faz com que o diretor recorra a algumas elipses temporais que aceleram talvez demais a nova realidade de Ted, correndo com sua involução no trabalho e sua evolução com Billy, além de seu contato mais constante com Margaret (Jane Alexander), vizinha dele e amiga de Joanna. Como esses elementos dão estofo à narrativa, a obra teria se beneficiado com uma evolução mais vagarosa nesse lado, em um dos poucos casos em que mais duração teria beneficiado o conjunto. Mesmo assim, vale nota a direção de arte minimalista de Paul Sylbert e a fotografia sóbria de Néstor Almendros, que amplificam o naturalismo e realismo da obra, muitas vezes compensando a pressa de Benton.

Kramer vs. Kramer elegantemente mete o dedo na ferida de uma situação ainda não completamente equacionada e pacificada, mesmo tanto tempo depois. Grandes atuações e texto certeiro em um filme que cumpre com maestria sua função de levantar importantes e ainda muito atuais discussões sobre a vida e os pequenos e grandes fracassos que a compõe.

 

Kramer vs. Kramer (1979) Trailer #1 | Movieclips Classic Trailers

 

 

Dustin Hoffman winning Best Actor for “Kramer vs. Kramer”

 

 

 

 


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