Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 28 de março de 2024

LARGA D*EU, MISERA! (CRÔNICA DO COLUNISTA JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS)

 

LARGA D'EU, MISERA!
José de Oliveira Ramos

 

Hoje relembrei do personagem JOSELINO BARBACENA, vivido pelo ator carioca ANTÔNIO CARLOS PIRES no programa humorístico Escolinha do Professor Raimundo apresentado pela TV Globo e comandado pelo genial humorista cearense Chico Anysio.

Quem se identifica com as coisas e a vida do sertão, com certeza gostava da participação do Joselino Barbacena (Antônio Carlos Pires), logo na primeira fala, ao atender o chamado do Professor Raimundo:

– Ô meu Jesus Cristim! Já me descobriu aqui! Larga d´eu, miséra!

 

Joselino Barbacena na Escolinha do Professor Raimundo

Antônio Carlos Pires nasceu no Rio de Janeiro, a 1 de janeiro de 1927, e faleceu no mesmo Rio de Janeiro, a 28 de fevereiro de 2005. A partir dos anos 70, passou a atuar definitivamente na Globo. Foi nessa época que retornou às suas raízes humorísticas ao atuar em programas como Satiricom, Planeta dos Homens, Chico Anysio Show e Escolinha do Professor Raimundo. Neste último, onde atuou ao lado de antigos colegas como Chico Anysio, Grande Otelo, Zezé Macedo e Nádia Maria, interpretou seu personagem mais famoso, Joselino Barbacena, um aluno oriundo da cidade mineira de Barbacena que sempre tentava inutilmente se esconder do professor Raimundo. Atuou nesta de 1990 a 1994.

Em 1995, após dez anos longe dos cinemas, atuou em seu último filme: O Quatrilho, ao lado de sua filha Glória Pires.

Sofrendo do Mal de Parkinson, parou de atuar pela dificuldade em decorar textos. Em 2002, perdeu a capacidade de falar. Em 23 de dezembro de 2004 foi internado na Clínica São José, na cidade do Rio de Janeiro, onde faleceu em 28 de fevereiro de 2005, vitimado por uma infecção generalizada, aos 78 anos.

Antônio Carlos foi casado com a empresária Elza Pires, falecida no início da década de 1990, com quem teve duas filhas: a terapeuta Linda Pires e a atriz Glória Pires. Eles também fundaram o Instituto Casazul para pessoas idosas.” (Transcrito do Wikipédia)

 


A mania de assar castanha de caju

Pois é. Eu saí do sertão, mais propriamente do povoado onde nasci – Pacajus/CE – nos anos 50. Voltei por lá poucas vezes pois, quando saí, saí com a família toda e não tinha mais ninguém para visitar. Nem para nos suportar durante as férias escolares.

Até Vovó, que tinha o hábito de dar nomes próprios a alguns pássaros que afirmava lhe pertencerem, resolveu deixar a roça no passado e respirar novos ares. Hoje, com toda certeza, ares contaminados – contaminados de violência, contaminados de insensatez, contaminados de desemprego, contaminados de hipocrisia e, a grande maioria, matando as pessoas por asfixia.

Mas, hoje constato que, mais de meio séculos depois, o “sertão num saiu d´eu” – ô miséra, me deixa in paiz!

Quer me matar de saudade por causo de que?

E, uma das coisas boas do sertão, era sentar numa roda, pegar um pau e uma pedra ou coisa parecida e quebrar castanha de caju assada – aproveitando para comer mais que as que juntava numa cuia. E era naquele “trabaio” que a conversa fluía!…

 


 

 

um “caminho” d´água para afazeres domésticos

 

De manhã, ainda cugalo cantano, era meu seuviço ir no açude grande e pegar quatro caminhos d´água. Dois tonéis adaptados para serem carregados num jumento, se não garantiam a qualidade da água potável, pelo menos serviam para “dar de beber” aos animais domésticos que “não carecia” deixar sair de casa: patos, perus, galinhas, porcos.

Adispois dessa labuta, a próxima “brincadeira” era botar a enxada nos ombro e ajudar Vovô a apreparar as mandioca para a farinhada que aconteceria dali a dois meses.

 


Galinha à cabidela – prato top do sertão

 

Mas, o que num larga d´eu mermo, é a santa comidinha da roça, apreparada com carinho numa panela de barro e num fogão a lenha. Uma “galinha à cabidela”, cusangue da bicha aparado num alguidá de barro e, quando cozinhado, seuvido na mesa posta no chão (um surrão de palha, onde todos se assentavam ao redor).

Era, se não a comida dos deuses, o prato que garantia “posses e luxos” dos dias de domingos – mas só comia quem tivesse ido rezar na Santa Missa celebrada pelo Padre Gregório na Igreja Nossa Senhora da Piedade.

– Ô saudade disgramada. Larga d´eu, miséra!


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