Luiz Inácio da Silva pode ter muitos defeitos, mas uma coisa é certa: ele não é tolo. Ele sabe que sua candidatura é inviável, salvo se neste país onde tudo é possível o texto legal for transformado em papel higiênico. Luiz Inácio da Silva sabe que na cadeia spa em que se encontra conquistará muito mais votos para o candidato Fernando Hadad.
Pretenderá ele, preso, ser um Nelson Mandela? O autêntico, após quase 30 anos de confinamento pelo segregacionismo do apartheid, operou a transição daquele regime para uma democracia plena, pelo que se ornou o Pai da Pátria, vindo a promover, de 1994 a 1999, profundas mudanças, como a criação de novos símbolos nacionais e uma nova constituição em que brancos, negros, indianos e mestiços passaram a ter igualdade de direitos.
Não conseguiu, no entanto, corrigir a má distribuição de renda, a corrupção crescente ou a intervenção militar no Lesoto, o que não evitou a conquista da hegemonia política de seu partido – o Congresso Nacional Africano – e eleger seu sucessor.
Acontece que Luiz Inácio da Silva não é Nelson Mandela.
Este, a par de tudo o que fez, combateu denodadamente a corrupção, enquanto aquele fez parte dela, como dizem a sua prisão e os processos que tramitam nas varas criminais.
Aos que contam com os primeiros e animadores números das pesquisas de intenção de voto, talvez seja conveniente lembrar que assim como Luiz Inácio da Silva não é Nelson Mandela, Fernando Hadad não é Luiz Inácio da Silva.
Mesmo assim ele elegerá seu seguidor?