Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo segunda, 04 de setembro de 2023

MALÁRIA: CONHECIMENTO TRADICIONAL E MALÁRIA

 

Por 
Natalia Pasternak

 

Quando se fala em conhecimento tradicional, em geral imagina-se algo separado, ou até antagônico, à medicina moderna. De um lado, teríamos medicamentos produzidos por indústrias bilionárias, testados em ensaios clínicos randomizados e aprovados pelas agências regulatórias. De outro, teríamos medicamentos tradicionais, baseados em conhecimentos de povos originários, tradições e folclores. São os remédios de ervas, as garrafadas, os chás curativos, e que muitas vezes se misturam com superstições, bênçãos e rituais religiosos. Há iniciativas que sugerem integrar o conhecimento tradicional à medicina moderna. Se for feito com respeito às evidências, isso pode ser uma boa ideia.

Um exemplo de conhecimento tradicional que virou medicina moderna, descrito em detalhes no livro “Que Bobagem!”, é a artemisinina, molécula derivada da farmacopeia herbal da medicina tradicional chinesa (MTC) e que acabou se transformando em um dos medicamentos mais utilizados para tratamento de malária.

Tu havia encontrado um texto médico antigo que aconselhava preparar uma infusão das ervas com dois litros de água fria, espremer bem o suco e tomar tudo, sem ferver. A cientista imaginou que a fervura destruiria a estrutura das moléculas bioativas, e talvez por isso os escritos antigos falassem em água fria. Assim, resolveu adaptar a extração usando éter etílico. O extrato final foi bem-sucedido em inibir malária em roedores. Em 1972, o grupo conseguiu isolar o composto de efeito antimalárico. Elucidada a estrutura da molécula natural, os cientistas desenvolveram a dihidroartemisinina, uma molécula modificada que era ainda melhor. Em 1984, o Ministério da Saúde da China certificou a artemisinina, e em 1992, sua derivada dihidroartemisinina. Tu recebeu o Prêmio Nobel em 2015.

Integrar conhecimento tradicional à medicina moderna é, portanto, não só desejável, mas perfeitamente possível de ser feito, com respeito às evidências. Desrespeitoso, ao contrário, seria tratar o conhecimento tradicional como algo frágil, que precisa ser protegido do olhar científico, incapaz de resistir ao rigor metodológico da medicina moderna, condenado a um papel meramente folclórico ou “complementar” e que para sobreviver requer regras, tratamento e categorias especiais que o imunizem contra testes e impeçam eventuais aperfeiçoamentos tecnológicos que possam aumentar eficácia e segurança. A integração do conhecimento tradicional à medicina moderna já existe, e já produz resultado para a sociedade. Quando bem-feita, chamamos essa integração de pesquisa científica de qualidade. Rende até, como no caso da artemisinina, Prêmio Nobel.


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