Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Domingo – Dia de Matinê no Cinema Local domingo, 29 de maio de 2022

MAR ADENTRO (2004) – REFLEXÃO SOBRE A MORTE ASSISTIDA

HOJE: DRAMA

MAR ADENTRO (2004) – REFLEXÃO SOBRE A MORTE ASSISTIDA

Gentileza do Colunista Cícero Tavares

 

MAR ADENTRO (2004), narra a história do marinheiro, escritor e ativista espanhol, Ramón Sampedro, interpretado magistralmente no cinema pelo ator hispânico Javier Bardem, tendo Ramón ficado tetraplégico após um mergulho numa área rasa do amar e ter batido com a cabeça numa pedra. O filme mostra a luta incessante de Sampedro perante os Tribunais locais pelo direito de cometer suicídio assistido, contando com a ajuda dos amigos e da família, além de um advogado, que abraçou a causa gratuitamente.

Por causa da sua incapacidade física de não poder suicidar-se e morrer conforme seus desígnios, Ramón lutou na justiça durante vinte e cinco anos pelo direito de morrer com dignidade sem incriminar os amigos ou a família que viesse a auxiliá-lo no ato de tirar a própria vida, tomando cianeto de potássio.

Ramón Sampedro tornou público seu desejo de morrer no início de 1990, mas só oito anos depois foi que conseguiu um suicídio assistido, através da ajuda de uma amiga, que antes gravou um vídeo de sua morte que foi divulgado nas redes de tevês do país e do mundo e voltou a despertar na sociedade a importância do debate sobre a despenalização da morte assistida.

A associação espanhola “Direito a Morrer Dignamente” considera que, graças à sua luta e às suas reivindicações, Ramón Sampedro contribuiu para que, em 1995, fosse aprovada uma reforma no Código Penal que reduziu as condenações em caso de eutanásia ou de assistência ao suicídio.

Entre os temas mais difíceis que o cinema ou qualquer outra arte pode tentar retratar, a morte, mais especificamente a eutanásia ou a morte assistida, deve figurar entre os principais. A complexidade da questão, aliada à falta de representatividade entre grandes diretores e roteiristas faz com que sejam raras as películas que se dedicam a debater o assunto. Em 2016, a comédia romântica britânica Como Eu Era Antes de Você recebeu uma série de críticas e protestos por ter, na ótica de muitos, glamurizado a eutanásia e reduzido o debate sério a uma comédia leve e adolescente, que se resolvem em meio a piadas, sarcasmos e uma alta dose de humor. A diretora inglesa Thea Sharrock não teve competência para dirigir um tema sensível com catilogência.

Mar Adentro, anterior à comédia britânica, parece entender exatamente as críticas e se antecipar a todas elas. A história retrata a vida de Ramón Sampedro, o espanhol de meia idade que se tornou tetraplégico, deseja, conscientemente, a morte. Ramón, depois de mergulhar e bater a cabeça numa pedra no fundo do mar, vive numa cama na humilde residência em que mora com o pai, seu irmão José, a cunhada Manuela e o sobrinho Javier. A eutanásia na Espanha era proibida e Ramón precisa contar com a ajuda da advogada Júlia, que simpatiza com sua história, para tentar convencer a Corte espanhola a alterar a lei e atender ao seu pedido.

Todo o drama é escrito de maneira muito sóbria e humana. Não existe qualquer tentativa de se romantizar a questão ou criar heróis e vilões dentro da trama. Um ponto bem claro para evidenciar a preocupação do roteiro é o pouco tempo dedicado ao debate legal sobre a morte assistida em si. As cenas de tribunal são mínimas e os termos jurídicos, inexistentes.

O centro da trama é realmente o sentimento de Ramón e sua relação com a vida e as pessoas à sua volta. Nesse sentido, conforme as relações evoluem, entendemos melhor os dramas de Júlia e Rosa e porque elas se conectam tanto com o protagonista. Júlia sofre de uma doença degenerativa que coloca ela numa cadeira de rodas e a aterroriza quanto ao seu futuro. Ela se apega à Ramón e eles criam uma conexão forte e sensível. Já Rosa, tão machucada em relacionamentos amorosos, projeta em nele um homem ideal e que a dá forças para viver. Quando ela entende que para ele a maior demonstração de amor é ajudá-lo a morrer, ela se entrega e deixa de lutar contra a vontade dele, trazendo à história um final sensível e melancólico, mas nada romântico ou glamourizado.

Toda essa sensibilidade é positivamente ressaltada pelas ótimas atuações e pelo design de produção da obra. A preocupação de Amenábar em balancear a quantidade de tomadas internas e externas dá um alívio ao espectador e evita uma sensação claustrofóbica de acompanhar toda a história dentro do quarto onde Ramón vive. A composição de personagem por parte do ator Javier Bardem também merece destaque, desde as expressões faciais, a postura enrijecida, a respiração e a fala acelerada trazem verdade ao personagem, que através da maquiagem indicada ao Oscar daquele ano o transforma completamente.

Mar Adentro consegue emocionar e ao mesmo tempo trazer reflexões pertinentes, duas características que infelizmente nem sempre andam juntas. O filme é mais um ótimo trabalho do direto Alejandro Amenábar e do cinema espanhol que, merecido, levou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de volta à Espanha, que havia vencido pela última vez com Tudo Sobre Minha Mãe (1999), do espalhafatoso, mas competente, Pedro Almodóvar.

 

a) Filme | Mar Adentro

 

 

b) Cinema penal: “Mar Adentro” (Espanha, 2004)

 

 

 

 


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