Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Violante Pimentel - Cenas do Caminho sexta, 30 de novembro de 2018

MEDO DE DOENÇA

 

 
MEDO DE DOENÇA

Dona Dalva tinha muito medo de doença. Por isso, era viciada em remédios. Diariamente, ia à farmácia e só saía de lá, depois que o “farmacêutico” lhe vendia um remédio para a dor que estava sentindo. Cada dia era uma dor diferente. Entretanto, dizia que os remédios eram faca de dois gumes. Serviam para uma coisa e provocavam outra. Cada remédio tinha o seu efeito colateral.

 

 

Todo remédio que tomava, Dona Dalva achava que tinha lhe atacado o fígado, os rins, o estômago, ou qualquer outro órgão.

Em sua casa, havia uma “farmacinha” branca, com uma cruz vermelha desenhada, pendurada na parede do seu quarto, Ali ela mantinha estoque de remédios paliativos, como analgésicos, pomadas, colírios, antiácidos, remédio para gases, mertiolate e outros.

Impressionada com doença, a mulher só se sentia segura, se, diariamente, tomasse um remédio, seja para qual doença fosse. Seu assunto principal eram as dores que sempre dizia sentir. Para facilitar sua “neurose”, Dona Dalva já andava com uma lista das dores que sentia, para mostrar ao “farmacêutico”, ou apenas aos empregados de farmácias. Dizia que sofria de todas as doenças simples, como:

“Amidalite”, otite”, apendicite, faringite, azia, gases, prisão de vente ou dores de barriga, quando comia rabada ou feijoada em excesso. Para completar a lista de doenças, dizia que não podia ter uma contrariedade, pois lhe dava uma agonia na “cumeeira da cabeça”.

Dona Dalva gostava de recomendar dietas alimentares às pessoas. Dizia que não se devia misturar certos alimentos, pois algumas combinações poderiam se transformar em veneno, levando a pessoa à morte. Por exemplo:

-Manga com leite fazia mal;

-Manga com cachaça se transformava em veneno;

– Melancia, melão, jaca e talo de abacaxi eram indigestos, e assim por diante.

-A carne de porco era condutora da tênia solitária, responsável pelo aparecimento de tumores no cérebro.

A mulher tomava remédio para o coração, mas o remédio atacava-lhe os rins. Tomava remédio para os rins, que lhe causava desarranjo intestinal, e o remédio para esses desarranjos terminava lhe provocando prisão de ventre..

Pela manhã, quando o farmacêutico a via entrar na farmácia, sabia que a “lengalenga” sobre doenças imaginárias seria grande.

Dona Dalva começou a entrar em pânico, por causa dos males imaginários que dizia sentir. Foi morar com uma filha, em outra cidade, com medo de morrer a qualquer momento. Os anos se passaram, e vinte anos depois, chegou a notícia de que Dona Dalva havia morrido, com mais de noventa anos.

Quando o farmacêutico soube, ficou penalizado e lamentou?

-Com tanta doença que pensava ter, Dona Dalva terminou morrendo de velhice. Seu mal era apenas “sistema nervoso abalado.”


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