MEU FILHO GANHOU UM CACHORRO. E AGORA?
(Publicada no dia 18.08.2014)
Raimundo Floriano
Sou leitor compulsivo. No ano de 2013, devorei 95 peças. Neste 2014, mesmo com o pé no freio, já estou na quadragésima primeira!
Ultimamente, tenho procurado conhecer trabalhos de autores contemporâneos, preferencialmente moradores no Distrito Federal e Entôrno – com acento, para não pensarem que estou derramando o Distrito –, pessoas facilmente encontráveis em shoppings, salas de espera, feiras, pontos de ônibus, restaurantes, enfim, aonde quer que se vá. Gente da gente!
Isso me é deveras facilitado pela Thesaurus, minha editora, cujas prateleiras concentram mais de noventa por cento da produção literária brasiliense e adjacente.
Quando o trabalho não me agrada, calo-me. Se gosto, dou um jeito de entrar em contado com o autor e expressar-lhe minha aprovação. No caso de embevecer-me por demais, não me contenho e faço tudo para apregoar isso aos os quatro cantos, como é o caso deste em evidência, a cujo lançamento compareci, acompanhado da Veroni, minha mulher.
Raimundo, Cristina e Veroni
Para não derrapar na digitação, aqui exibo a contracapa e as duas orelhas:
Satisfazendo o desejo do compartilhamento de minha satisfação com todos vocês, nada melhor do que me valer desta excepcional vitrine, o Jornal da Besta Fubana, maior movimento cultural brasileiro na atualidade, o que agora farei, tal qual meus fieis leitores, neste frio inverno, verão.
Em seu primeiro livro, Cristina Umpierre já vem arrebentando! Direta ao ponto, sem rebuscamento nem introspecção, dá o recado, diverte e instrui. Livre de consulta a dicionário, 103 páginas, li-o de uma lapada só. Além de ver nele qualidade no conteúdo, admirei sua correção gramatical. Num ponto, até temos algo em comum: evitar o uso de artigo definido antes de possessivos, a não ser para dar clareza ao enunciado.
Escrever é uma coceira. Quando começamos, não mais podemos parar. Em 2003, aos 67 de idade, lancei meu primeiro livro. Desde então, tomei gosto pela coisa e já estou no sexto, em fase de acabamento lá na Thesaurus. Mire-se Cristina em mim e mande brasa!
Porque ela tem talento, imaginação, bom humor, tudo, enfim, para conquistar o sucesso no mundo das letras.
Quando falo que seu livro instrui, refiro-me a meu caso pessoal, que passei, após sua leitura, a respeitar os cachorros e compreender seus donos. Pelo menos, tenho esse propósito, haja vista que, até agora, tinha – não sei se acabou mesmo – verdadeiro pavor de cachorro. Mais do que de alma do outro mundo ou de cobra cascavel. Quando chego à residência de alguém que o possui, vou logo cantando este refrão da axé-music: Segure o cão, amarre o cão, segure o cão, cão, cão, cão, cão!
Isso porque, aos 13 anos, fui mordido de cachorro, motivo que me fez proibir a entrada deles aqui em casa. Felizmente, minhas filhas nunca o desejaram. Doravante, com esse novo aprendizado, serei tolerante para com algum neto que, porventura, chegue aqui do colégio premiado com um exemplar.
Minha caçula, bióloga, possui uma tartaruga. Há dez anos, quando a ganhou, o bicho não passava de um palmo. Hoje, deve medir palmo e meio. Gosta de dormir enrolada nos fios do computador e periféricos, fazendo-nos supor que adora levar choque. É um tartarugo, macho. Durante o dia, fica na cozinha, apoiado no pé da empregada, se relando, denotando nisso algum apelo sexual. Esse tartarugo é uma compensação, uma transigência, em vista de meu veto a gatos, cachorros e assemelhados.
Curiosidade: por que é que os cachorros só andam de boca aberta? Não acho quem me explique esse fenômeno. A dupla Alvarenga e Ranchinho dizia que é para equilibrar o rabo. Sei não!
Para outras dúvidas, já consegui explicação nestes meus 78 anos de labuta. Por que é que o cachorro entra na igreja? Porque acha a porta aberta! Por que o cachorro sai da igreja? Porque entrou! Por que o cachorro corre atrás de automóveis e até de trens de ferro? Porque sua visão minimiza tudo o que enxerga, transformando o avistado numa escala menor que seu próprio tamanho! Assim falou Chico Fogió, meu Assessor em Assuntos Piauizeiros!
A autora refere-se à famosa “cheirada”! Isso não poderia faltar! É fenômeno internacional e até interplanetário. Não há cachorro no mundo, de qualquer raça, que, ao encontrar-se com outro, não lhe dê uma cheirada “naquele lugar”, e vice-versa. Conheço duas explicações.
A primeira: houve uma festa no céu para todos os cachorros do mundo. Na entrada, São Pedro, temendo a bagunça, determinou que eles retirassem os fiofós e os deixassem depositados na Portaria, para pegá-los ao término da função. Aconteceu que, de repente, surgiu uma briga entre a cachorrada, e todos debandaram em disparada, afobados, pegando qualquer fiofó na saída. Passado o susto, cada qual está até hoje conferindo para saber se o companheiro recém-avistado é o portador de sua peça anatômica trocada na festa.
A segunda: no tempo em que se amarrava cachorro com linguiça, houve uma desgraceira. Algum deles, às escondidas, comeu um dos laços linguiçais, de forma que, à noite, na hora da amarração, deu-se por falta da peça devorada pelo ladrão. Para descobrir o infrator e puni-lo, o Rei dos Cachorros determinou que todos os súditos cheirassem mutuamente o sub-rabo, costume que se mantém até hoje. E nada de identificar o guloso meliante!
Por que o cachorro, ao fazer xixi, levanta a perna? Porque, no início do Mundo, um cachorro foi mijar numa parede, que caiu por cima dele. Por precaução, eles agora seguram o apoio, antes da micção, seja parede, árvore, poste, carro, etc.
Na metade do livro, a autora narra a frustrada tentativa de acasalamento do vira-lata Bigu, herói da história, com uma cadela de sua laia, pertencente a um vizinho, a qual o rejeitou. Fiquei com peninha dele nesse malfadado lance, que só malogrou devido à fêmea não se encontrar no período propício à luxúria. Porque cachorra no cio dá até para bicicleta, velocípede e cano do tanque de lavar roupas.
No livro A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna, há um episódio muito engraçado, faceto, hilariante, envolvendo um cachorro supostamente no cio. Vinha a mãe da Secretaria do Corregedor caminhando calmamente pela rua, quando foi assediada voluptuosamente por um cachorrão, que a enlaçou pela cintura, segurando-a com firmeza, e transou com suas pernas. No dizer popular, botou-lhe nas coxas!
Que a escritora Cristina Umpierre, assim como vocês, meus leitores, me desculpem o atrevimento e as saliências brincalhonas. O que eu quero dizer mesmo é que seu livro é Nota Dez, gostei muito dele, pois lúdico, inteligente, didático e educativo, merecendo a adoção nas escolas infantojuvenis, para a formação cívica de nossos estudantes.
À autora, meus parabéns! Que prossiga em sua trilha criativa, o que só engrandecerá a Literatura Brasileira!
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