Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Raimundo Floriano - Perfis e Crônicas terça, 11 de julho de 2017

MEUS PRIMEIROS ROMANCES

MEUS PRIMEIROS ROMANCES

(Publicado em 09.05.211)

Raimundo Floriano

 

                        Em 1946, quando eu tinha 10 anos de idade, o mundo se abriu para mim, conforme vocês já viram e continuarão vendo em meus escritos. Acabara-se a Guerra, e o Brasil, especialmente o meu sertão sul-maranhense, foi inundado por imensa quantidade de itens modernos e para nós totalmente desconhecidos.

 

                        Eu cursava o 3º Ano Primário, e os livros que conhecia eram, além da Carta de ABC, a Cartilha, a Tabuada e os Livros de Leitura, das séries anteriores, a Gramática Expositiva, da Companhia Editora Nacional, a Aritmética Progressiva, de Antônio Trajano, os Livros de História, Geografia, da Editora FTD, e a antologia Boa Linguagem. Além dos gigantescos calhamaços do Cartório do 2º Ofício, cujo Tabelião era Seu Rosa Ribeiro, meu saudoso pai. Ironicamente, tais volumosos documentos são minhas principais fontes de consulta na atualidade, quando quero focalizar algum vulto histórico de Balsas, minha cidade natal.

 

                        Nas férias daquele ano, meu irmão Bergonsil, o Chilim, estudante e Carteiro em Floriano (PI), trouxe-me de presente algo completamente impensável, pelo menos em meu caso: um romance, A Volta de Tarzan, Edição de 1933, esse cuja capa vocês veem acima, que abriu as portas do mundo fantástico da ficção para este menino matuto, que só lera, até então, fora dos livros escolares, os folhetos de cordel, vendidos na quitanda de Seu Enoc Miranda, conhecidos também como “romanços”, até hoje uma de suas paixões.

 

                        Foi mesmo a descoberta de um desconhecido universo de sonhos e fantasias. Tarzan, herói do qual eu jamais ouvira falar, foi-me apresentado pelo Chilim, que me falou de sua origem, de Jane, sua mulher, dos filmes com suas façanhas, e até me mostrou um pedaço de fita com a imagem de Boy, o filho co casal. Eram duas as voltas. A primeira, quando Tarzan retornou à Selva Africana, e a segunda, ao regressar à Civilização, casado com Jane. Na última linha do livro, o herói lasca-lhe um beijo, sabem onde? Bem nos lábios!!! Tempos depois, já adulto, li o primeiro volume da série, Tarzan dos Macacos.

 

                        Em 1947, Chilim, sabendo que me agradara bastante com o presente anterior, trouxe-me, além de vários gibis, Memórias da Emília, de Monteiro Lobato, Edição de 1945.

 

Capa e contracapa 

                        Dessa vez, eu passaria a viver as inverossímeis peripécias do pessoal do Sítio do Pica-pau Amarelo. Nas Memórias, até um anjinho de asa quebrada foi parar por lá, causando alvoroço nos quatro cantos da Terra. Mediante sorteio, as primeiras mil crianças a visitarem o Sítio vieram da Inglaterra, no navio Wonderland, comandado pelo Almirante Brown, no qual embarcaram, clandestinamente, o Marinheiro Popeye e o Capitão Gancho. No meio da meninada, vieram Peter Pan e Alice do País das Maravilhas. Depois de adulto, li toda a obra de Monteiro Lobato, inclusive O Presidente Negro, obra premonitória escrita em 1926.

 

                        E por que tomo o tempo de vocês estampando a capa desses dois livros? Respondo: porque consegui, graças ao milagre da Internet, adquirir essas duas edições para comporem minha estante de relíquias. Com os erros de ortografia em consonância com os acordos ortográficos vigentes no tempo que foram impressos. Papel amarelado, de terceiríssima qualidade, cheio de manchas, o Tarzan quase apodrecido, a Emília muito rabiscada, mas ambos me levando ao inesquecível tempo da infância.

 

                        Ainda em 1947, Dona Nelsa Farias, vizinha nossa, vendo-me com meus troféus, ficou espantada e perguntou-me se eu gostara da leitura. Respondi que sim, e ela, dias depois, apareceu-me com este tesouro lá do fundo de seu baú: Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas. Emprestado, claro! Foi ventura demais para este menino sertanejo! Engrossou o caldo de vez!

 

                        Esses três romances tiveram a virtude primordial de me encaminhar para o caráter lúdico dos livros, para o imensurável entretenimento proporcionado pela Literatura.

 

                        Quando comecei a ganhar meu dinheirinho fixo, paralelamente à compra de discos, reencetei a leitura dos grandes escritores, nacionais e estrangeiros, começando por toda a obra de José Lins do Rego, meu ídolo até hoje. Aí, não parei mais!

 

                        E, com tanta informação adquirida, ora até me atrevo, mal e porcamente, a intrometer-me nessa perigosa arte da escrevinhação e na arriscosa ousadia na rima e na métrica do cordel.

 


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