Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

MPB da Velha Guarda quarta, 07 de setembro de 2022

MIGUEL GUSTAVO E O SESQUICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

 

MIGUEL GUSTAVO

E O SESQUICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

Raimundo Floriano

 

 

 

                         Miguel Werneck Gustavo de Sousa Martins, compositor, jornalista e poeta, nasceu a 24.03.1922, no Rio de Janeiro (RJ), onde veio a falecer a 22.01.1972, jovem ainda, aos 49 anos de idade.

 

                        Criado na Capital fluminense, morou nos subúrbios de Sampaio, Osvaldo Cruz, Caxambi e no sopé do Morro da Mangueira. Aos 19 anos, deixou os estudos para trabalhar como discotecário na Rádio Vera Cruz, onde, depois, passou a radialista e escrevia um programa de 30 minutos, em versos, denominado As Mais Belas Páginas.

 

                        No ano de 1950, começou a escrever jingles, alguns dos quais o fizeram ficar famoso e chegaram a causar polêmica, como o das Casas da Banha, que aproveitava a melodia de Jesus, Alegria dos Homens, de Johann Sebastian Bach. Nessa época, teve início sua carreira de compositor.

 

                        O primeiro sucesso veio em 1955, com o samba Café Soçaite (Doutor de anedota e de champanhota/Estou acontecendo no café soçaite...), na voz de Jorge Veiga. Sua discografia registra grandes títulos da MPB, como o samba E Daí (Proibiram que eu te amasse/Proibiram que eu te visse...) gravado em 1959 por Isaurinha Garcia; a marchinha Fanzoca do Rádio (Ela é fã da Emilinha/Não sai do César de Alencar...), gravada pelo palhaço Carequinha, em 1958; e a marcinha Brigitte Bardot (Brigitte Bardot, Bardot/Brigitte beijou, beijou...), gravada por Jorge Veiga, em 1961. Também de grande impacto na fonografia nacional foram os sambas de breque gravados pelo cantor Moreira da Silva, que lhe valeram a alcunha de Kid Moringueira.

 

                        Dentre seus jingles mais conhecidos, estão Vamos Jangar (Na hora de votar eu jangar, eu vou jangar/É Jango, é Jango, é o Jango Goulart...) com Jorge Veiga e outros artistas, que o Brasil inteiro cantou em 1960 e foi responsável pela eleição de João Goulart à Vice-Presidência da República, e Tatuzinho, propaganda de apreciada marca de cachaça (Ai tatu, tatuzinho/Abre a garrafa e me dá um pouquinho...), muito lembrado até hoje,

 

                        Todas as músicas acima citadas tornaram-se bem conhecidas pela melodia, pela letra, pelo ritmo, pelo intérprete, mas nunca se sabendo quem era seu autor, seu criador.

 

                        Em 1979, um jingle feito por Miguel Gustavo para cervejaria patrocinadora das transmissões dos jogos pela televisão da Copa do Mundo de Futebol de 1970 tirou-o do anonimato, fazendo seu nome conhecido por todos os brasileiros: Pra Frente, Brasil (Noventa milhões em ação/Pra Frente, Brasil, do meu coração...). A marchinha transformou-se, imediatamente, no Hino da Seleção Canarinho e, até hoje, não apareceu outra que a substituísse.

 

                        Durante muito anos, Miguel Gustavo foi casado com a jornalista e depois vereadora Sagramor de Escudero, com quem teve a filha Ana Maria. A foto a seguir é de 1954.

 

Miguel, Sagramor e Ana 

                        No próximo dia 7, sexta-feira, o Brasil assinala o 190º Aniversário da Independência. Não sei se haverá comemorações. Em 1971, no Sesquicentenário, as festas foram com toda a pompa e circunstância.

  

                        Em 1971, pouco antes de sua morte, Miguel Gustavo deixou-nos, para o Carnaval de 1972, a marchinha Marcha do Sesquicentenário da Independência, gravação de Miltinho. Transformada posteriormente em dobrado, foi tocada pelas Bandas de Música, militares ou civis, que desfilaram na festa de 7 de Setembro de 1972. E é sobre ela que agora passo a lhes falar.

 

                        Como pesquisador e colecionador da MPB, sendo o Carnaval e o Dobrado duas de minhas especialidades, jamais eu poderia deixar de tê-la em minhas estantes. Como, de fato, eu a possuía, na interpretação do Coral Joab. Com a proximidade dos 190 anos da Independência, lancei-me à caça, usando de todos os meios para conseguir e a gravação original, a do Miltinho.

 

Miltinho 

                        Consegui localizá-la num site de busca estrangeiro, não me recordo qual. Depois de cumprir todas as exigências burocráticas, recebi esta mensagem: “Bonjour raimundo76; Voici le montant total que nous avons débité sur votre carte: 15.06 EUR. Votre commande sur CDandLP.com a été expédiée par le vendeur recordsbymail le 09/03/2012.” A despesa ficou em torno de R$38,00.

 

                        No dia 24.04.2012, mais de um mês depois, chega-me as mãos, remetido pelo vendedor Craig Moerer, de Portland, Oregon, USA, o compacto que adiante lhes mostro:

  

                        É um compacto simples, uma faixa de cada dado. Ao gravar a Marcha do Sesquicentenário da Independência, Lado 2 do disco, Miltinho deixava de lado o estilo que o caracterizava: o samba balançado e sincopado. Mas só nessa faixa. De quebra, no Lado 1 – a principal para gravadora, supõe-se –, retomava seu estilo com um samba de Luiz Reis, Crioulo Branco, que nunca aconteceu nas paradas.

 

                        Foi, como se diz no jargão jornalístico, um esforço de reportagem, mas valeu! Valeu, porque agora tenho a oportunidade de compartilhar com toda a Comunidade Fubânica essa raridade musical e o talento de dois monstros sagrados da Música Popular Brasileira, o compositor Miguel Gustavo e o cantor Miltinho.

 

                        Miguel Gustavo não é um ilustre desconhecido aqui neste jornal. A 29 de março deste ano, Bruno Negromonte, nosso confrade e grande pesquisador da MPB, já nos brindara com duas de suas composições: Esse Norte é Minha Sorte, baião em parceria com Ruy Duarte, na voz de Dolores Duran, e Café Soçaite, cantado por Jorge Veiga. Trago-o à tona outra vez, não só para que ele seja relembrado, como também para festejar a grande data dos 190 anos da Independência do Brasil. 

                        Com vocês, a Marcha do Sesquicentenário da Independência, em gravação original:

 

                        E mais estes sucessos da autoria de Miguel Gustavo: 

                        Café Soçaite, samba-de-breque, com Jorge Veiga, lançado em 1955:

 

                        Fanzoca do Rádio, marchinha, com Carequinha, lançada em 1958:

 

                        Brigitte Bardot, marchinha, com Jorge Veiga, lançada em 1961:

 

                        Pra Frente, Brasil, marchinha, com a Turma da Copa, gravada em 1970:

 


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros