Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Raimundo Floriano - Perfis e Crônicas sábado, 16 de setembro de 2017

MINHA CAMISA ARTÍSTICA E BRILHOSA

MINHA CAMISA ARTÍSTICA E BRILHOSA

(Publicada no dia 18.01.2016)

Raimundo Floriano

 

 Eu e ela 

                        Todos os anos, há muito tempo, não dava outra: no mês de dezembro, eu saía adoidado, procurando nas lojas, butiques e feiras uma camisa brilhante para usar na passagem do ano, mas tudo em vão. No Réveillon de 2014/2015, tive de me contentar com esta, branca misturada com amarelo:

 Elba, Raimundo, Veroni e Mara 

                        Mas tomei vergonha. Jurei que seria a última vez e que, no primeiro dia útil de 2015, eu partiria para comprar o tecido e produzir, com meu alfaiate, a tão ansiada vestimenta. Assim, no dia 2 de janeiro, uma sexta-feira, fui à luta.

 

                        Embora o comércio de Brasília seja rico e variado, ainda é meio incipiente quando se trata de viadagem. Depois e pesquisar à exaustão na Rua dos Tecidos, cheguei ao único estabelecimento que me apresentou variadas opções para escolha. Este daí:

  

                        Olha, gente, sou macaco velho, quenga-do-rabo-esfolado quando o assunto se refere a compra de tecidos. Como meu é corpo é por demais irregularmente curvilíneo, calças, pijamas, bermudas e sungas para meu uso não se encontram em confecções prêt-à-porter, de carregação, no linguajar sertanejo. Exigem a mão de obra de costureira ou alfaiate na produção de trajes personalizados. Para calças e bermudas, por exemplo, um pano do tipo Oxford, ou Panamá, atualmente importado da China, não chega 20 reais o metro.

 

                        Nessa condição de expert no assunto, quando a vendedora expôs as peças no balcão e botei o olho na que me agradou, nem perguntei o preço, fui logo falando: – Tire dois metros!

 

                        A moça espantou-se: – Dois metros!?

 

                        Respondi: – Dois metros! Costumo guardar pequena sobra para o caso de futuro defeito ou necessidade de ajuste motivado por engorda!

 

                        Na hora de efetuar o pagamento, quando vi Nota Fiscal, o espanto foi meu:

  

                        Não sou de dar o braço a torcer, quando o vacilo é meu! Como eu não perguntara o preço antes e mandara cortar a peça, era sinal de que eu arrostaria com minha inconsequência. Apenas, solicitei uma explicação quanto ao inusitado valor da operação.

 

                        A vendedora me deu uma aula sobre tecidos de alto gabarito, corriqueiro na high society. Aquele era um paeté macramé, inteiramente estampado com lantejoulas, cujo metro custava R$710,00 que, multiplicados por dois, alcançaram o a cifra de 1.420,00. Os R$35,80 restantes se referiam ao acompanhamento do indispensável forro.

 

                        A bronca é a arma do otário! Satisfeito com as razões apresentadas, paguei sem bufar, agradeci e fui cuidar da segunda fase do projeto.

 

                        E aí é que foi parada pra desmantelo! Liguei para o Santos, maranhense que, há muitos anos, produz minhas roupas, estabelecido na Galeria Alvorada, à Quadra 511 Sul, mas o telefone estava mudo. Depois de muito tentar, fui lá pessoalmente, por várias vezes, encontrando o atelier fechado. Diante disso, resolvi procurar qualquer artista da tesoura para resolver o assunto.

 

                        Que nada! Nenhum profissional, homem ou mulher, nem mesmo o Moreira, maranhense de São João dos Patos, com alfaiataria no Polo de Modas, dispunha de máquina provida de agulha para costurar sobre as lantejoulas da peça. Diante do fato, resignei-me com a desdita, guardei o paetê em casa e desliguei-me do frustrado desejo. Não sou de chorar sobre o leite derramado!

 

                        Uns quatro meses depois, vou passando de carro pela W/3 Sul, quando vejo o Santos na calçada em frente à Galeria Alvorada. Estacionei onde pude e corri para saudá-lo. E qual não foi minha surpresa ao saber que, durante todo aquele tempo, seu telefone estivera em algum momento com defeito, mas que a alfaiataria jamais deixara de funcionar, tendo sido grande azar meu a ocorrência de tão lamentável desencontro.

 

                        Restabelecido o contato, o Santos, de imediato, se propôs a confeccionar a camisa, dentro de seu altíssimo padrão de qualidade, e eu nem estranhei o “santíssimo” preço cobrado pelo feitio: quatrocentos reais!

 

                        E o resultado ai está! Além da estreia no Réveillon 2015/2016, a maravilhosa camisa transformou-se em meu vestuário artístico, que passarei a ostentar em todas as apresentações doravante, notadamente a 5 de abril próximo, no Restaurante Carpe Diem, no lançamento nacional de meu livro Caindo na Gandaia, e em Balsas, na noite de 12 de junho, no Arraial do Festejo de Antônio, nosso Padroeiro, no lançamento umbilical.

 

                        O que mais me emocionou, nesse episódio, não foi a ansiada realização de meu almejado sonho sonhado, mas o sentimento de orgulho, de patriotismo bairrista até, de meus familiares, por terem um parente adornado por tão selecionado vestuário, digno de barões, duques, príncipes e quiçá reis, como se pode ver nas fotos a seguir:

 

 Com Veroni, minha mulher - Com Ana Alice, comadre e sobrinha

 Com Elba, minha filha – Com Fábio, meu genro

 

  Com Mônica, sobrinha – Com Paulinha, sobrinha

 

  Com Larissa e Laís, sobrinhas – Com Duda, sobrinha

 

  Com Lara, sobrinha e afilhada – Com Ima Aurora, sobrinha

 

                        Finalmente, o momento em que eu, como o macróbio em nossa festança familiar, na casa da sobrinha e comadre Ana Alice, dava início à tradicional ceia da virada:

 

 Fazendo o prato – Com a drumstick do peru

 


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