Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Big Brasa - João Ribeiro da Silva Neto (Beiró) domingo, 26 de abril de 2020

MOMENTOS (CRÔNICA DE CESAR BARRETO)

 

 

MOMENTOS

Cesar Barreto

 

Conheci o João Ribeiro (Beiró) no começo dos anos 60, quando sua família veio de São José dos Campos-SP para Fortaleza. Ainda menino iniciou seu caminho nos toques da sanfona, logo se mostrando o notável músico que seria em pouco tempo. De fato, as profundas transformações sociais, culturais e artísticas daquela década explosiva vão encontrá-lo, adolescente, morando no comecinho da velha Estrada do Fio (ainda nem tinha calçamento) da sua querida Messejana. E das teclas da sanfona para as cordas da guitarra foi um quase nada.

 

Pronto, surge o conjunto Big Brasa, em abril de 1967, no qual ele se revela um dos melhores guitarristas de sua época (senão o melhor), história essa que vi de perto, para minha sorte, induzida pela antiga amizade que unia nossos pais (Alberto Ribeiro e Carlos Barreto) desde o Maranhão onde nasceram.

 

Mas, como agora está comprovado, o João Ribeiro não se limitou a ser um ótimo guitarrista (e logo também se tornou um virtuoso dos teclados), pois desde cedo arriscou a fazer uma ou outra composição que timidamente não insistia em mostrar, o que é compreensível considerando que a aceitação de um grupo musical de baile dependia muito de um repertório pleno dos sucessos que o rádio e a TV produziam. Gira e gira a incansável roda do tempo e eis que, neste ano de 2020, Beiró decidiu pagar a dívida que tinha, com a Música e consigo mesmo, nos brindando com um álbum de dez canções autorais – quatro delas em parceria –, valendo destacar que ele aparece como intérprete em nove, ficando apenas uma (faixa 4) a cargo de sua filha Cristiane, que aliás se saiu muito bem.

 

O álbum MOMENTOS resultou numa bem ajustada coletânea de ritmos e expressões musicais variadas (o que não me surpreendeu, pois afinal, essa capacidade é própria do músico que passou pelo duro aprendizado de tocar para dançar), fox, baião, sambas e baladas de melodias e harmonias bem construídas e letras com a estética de um romantismo simples e puro, que agrada aos ouvidos e ao coração. 

 

E não só isso, os temas dessas canções têm, ouso afirmar, a presença marcante da escola da vida, em lições que de alguma forma dão testemunho do seu tempo e das inquietações da sua alma: Fico quase sempre sem querer/pensando no futuro (Vida, faixa 2); Imagem de felicidade/e também de esperança (Criança, faixa 4); Não há vida/não há música sem você (Meu Amor, faixa 5); São acordes frementes/que emergem do espírito (Energia, faixa 6); Hoje continuas a ser/o meu sonho consciente (Lembranças, faixa 7): Manter a chama da esperança/em seu sorriso de criança (Sentimento, faixa 8): Viver tão intenso sentimento/sem ter que pedir perdão (Amor & Amizade, faixa 9); Amar é como nadar contra o mar (Paixão, faixa 10).

 

E, para não dizer que não falei do trem (confesso que deixei propositadamente para o fim), o baião Trenzinho (faixa 3) me soou como uma doce e doída imagem espacial das conhecidas três dimensões do tempo (passado-presente-futuro) sumindo na curva da vida, levando amores e desembarcando saudades, carregando sonhos que se esvaem na fumaça dos dias (ah, onde é que vai terminar essa viagem?), escanchando o si bemol do apito nas linhas da clave do sol – piuiuiuiupi –  e  deixando cada vez mais longe da nossa estação o batido dos trilhos, na casa do sem jeito. Seria de minha parte uma falha imperdoável não ressaltar que todos os Momentos deste álbum são filhos da capacidade criativa do João Ribeiro (músicas, interpretação vocal, arranjos, execução dos instrumentos), pois aqui se estabeleceu – por decisão própria – uma relação de filiação plena onde ele é pai e mãe, de corpo, alma e espírito. Se havia uma dívida do João Ribeiro com a Música, ela agora está paga, com juros e correção. Dou Fé.

 

Jitirana/Aracoiaba, 18 de fevereiro de 2020.

Cesar Barreto

 


segunda, 27 de abril de 2020 as 07:27:24

João Ribeiro
disse:

Muito bom. Vou compartilhar com o Cesar Barreto, que você precisaria conhecer. Grande músico, amigo de nossa família, nossos pais foram amigos, ele é advogado e se aposentou como presidente do Tribunal de Contas, enfim, uma capacidade, multitarefa como você.


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