MUTATIS MUTANDIS
Qualquer pessoa de bem quer, é evidente, viver em um lugar onde reine a paz, onde as balas perdidas se achem nos paióis e ali desusadas não ceifem vidas. Claro que tal desejo é utópico, já que armas não podem ser eliminadas da vida de nenhum país, embora em alguns, como o Brasil, e mais notadamente no Rio de Janeiro, seja cada vez mais quimérica essa almejada Shangri-La.
De um povo hospitaleiro, nos fizemos violentos. Somos a antítese da paz. Fazemos a nossa guerra particular, matando dezenas de pessoas, todos os dias, invariavelmente. De norte a sul, mais em algumas regiões, menos em outras, o crime organizado se faz presente, matando quem ouse cometer algum pecado à luz do regulamento.
A violência transbordou para a sociedade, sim. Hoje, por exemplo, uma banal discussão de trânsito que resultava, no máximo, em alguns sopapos, agora se soluciona por quem sacar primeiro sua pistola 380 ou o seu imponente “três oitão”.
Somente uma ação contundente poderá modificar o rumo da violência.
De uma vez por todas, mentalize-se que aquelas marchas de pessoas compungidas, com lemas enlevantes nas camisetas imaculadamente brancas, só sensibilizam as pessoas pacíficas. Essas, no entanto, não precisam de passeatas para viver em paz. Os traficantes, por seu turno, devem gargalhar.
A sociedade reclama um paradeiro, mas ao mesmo tempo, resiste quando o general Augusto Heleno declara que vai endurecer o confronto com o banditismo, valendo-se, inclusive, de “snipers”, aqueles atiradores de elite autorizados a abater quem esteja portando um fuzil, arma de alta potência, de uso exclusivamente militar.
Considere-se que ninguém porta um fuzil AR15 ou semelhante para atirar em latas velhas. O simples porte de arma privativa das Forças Armadas já fala por si, dispensando palavras sobre o portador. Não é sem motivo que o rei dos bandidos, o famigerado Al Capone, ensinava que com um ramalhete de flores na mão se consegue muita coisa, mas com um ramalhete e um revólver se consegue muito mais.