Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Do Jumento ao Parlamento quarta, 28 de dezembro de 2016

NA CASERNA - NA POLÍCIA DO EXÉRCITO DE BRASÍLIA

NA CASERNA

NA POLÍCIA DO EXÉRCITO DE BRASÍLIA

Raimundo Floriano

 

Companhia de Polícia do Exército da 11ª Região Militar:

vista aérea do primeiro quartel de Brasília

 

Batalhão de Polícia do Exército de Brasília: vista aérea

 

Fui transferido para a Companhia de Polícia do Exército da 11ª Região Militar no dia 27 de dezembro de 1960. O quartel era provisório, de madeira, localizado às margens do lago Paranoá, entre o Brasília Palace Hotel e o Palácio da Alvorada. Foram tempos difíceis aqueles primeiros anos da Capital Federal. A votação da chamada Lei da Inelegibilidade dos Sargentos e a renúncia do presidente Jânio Quadros fizeram com que a tropa ficasse em rigorosa prontidão a maior parte do tempo.

 

Em setembro de 1961, a PE ocupou suas definitivas instalações no Setor Militar Urbano. Com poucos efetivos de oficiais e praças, a barra continuou pesadíssima, especialmente na debelação da Revolta dos Sargentos, a 12 de setembro de 1963, vindo os ânimos a se amenizarem depois da posse do presidente Castello Branco, coroando a Revolução de 31 de Março de 1964.

 

A 9 de abril de 1964, a Cia. Pol. Ex./11ª RM foi transformada no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília – BPEB, que dispunha de muitas vagas a serem preenchidas, o que não foi difícil, pois grande parte dos militares de outros Estados almejava servir nessa nova unidade, considerada de elite do Exército Brasileiro. Dentre os muitos recém-transferidos, foi com satisfação que vi, no Boletim Interno, o nome de um grande amigo, o 3º sargento Dorgival Ribeiro Damasceno.

 

Para falar no Dorgival, tenho que remontar a meus bons tempos no 12º RI.

 

Quando ali cheguei, fui designado para a Companhia de Petrechos Pesados do Primeiro Batalhão – CPP- 1, onde o Dorgival já era praça antiga. Em nosso primeiro contato, descobrimos que éramos gêmeos: nascêramos ambos no dia 3 de julho de 1936. Se tínhamos o mesmo signo, forçosamente igual seria nosso temperamento. Como eu passara o ano de 1956 na vida civil, o Dorgival fora promovido a sargento antes de mim. Era mais antigo, tinha precedência. Trocado em miúdos, era meu superior.

 

Em 1958, eu – ainda – era bem magro. Para torrar minha paciência, o Dorgival logo me pôs o apelido de sargento Minhoca. Não só devido à minha esbeltez. Dizia ele que, nos acampamentos, só os sargentos antigos tinham o direito de dormirem nas camas de campanha. Os sargentos recrutas, como era meu caso, dormiam no chão, igual às minhocas. Sempre que nos encontrávamos, no quartel ou na rua, me futucava com essa zombaria, que muito o divertia.

 

Certo dia, em visita ao Zoológico da Pampulha, deparei com um viveiro de jacarés, dos quais um, o jacaré de luneta, com suas costas retas como uma tábua, tórax e abdômen proeminentes, era a figura perfeita do sargento Dorgival.

 

Chegando ao quartel, depois de ouvir pela enésima vez o apelido, comentei consigo, no meio de outros colegas, a semelhança que notara entre o bicho e ele, ouvindo, dos circunstantes, risos de aprovação. Imediatamente, chamei-o de Tio Jaca, no que fui imitado por todos. Foi a arma que eu e o resto da sargentada usamos, dali para a frente, quando ele se metia a engraçado.

 

Com o tempo, ficamos amigos. No ano seguinte, o minhoca já era outro sargento novato. Como sempre gostei de estudar a Língua Portuguesa, era a mim que ele procurava para tirar suas dúvidas, preparando-se para fazer o Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos – CAS.

 

Voltemos ao BPEB. Em nome da velha amizade, prometi a mim mesmo que jamais divulgaria sua alcunha, até porque, se o fizesse, estaria arriscando a ver turvada uma harmonia construída a muque. Cautela que se revelou inócua.

 

Certa manhã, um grupo de sargentos conversava animadamente, e eis que ele surgiu no pátio. Detalhe: eu me encontrava bem longe, trabalhando na Tesouraria. Ao vê-lo, o sargento Bandeira, o Sonhador – hoje funcionário aposentado da Câmara dos Deputados –, gritou:

 

– Olhem lá, aquele sargento é um jacaré, sem tirar nem pôr!

 

As gargalhadas dos outros companheiros atestaram que acabava de chegar ao Planalto Central o simpático Tio Jaca!

 

O Retorno

 

Em outubro de 1997, mais de 30 anos após meu licenciamento do Exército, retornei a Três Corações, para a comemoração dos 40 anos da Turma EsSA/1957. Compareceram 32 ex-alunos, um instrutor e um monitor, a maioria acompanhada de suas famílias. A Escola forneceu hospedagem a todos. Foram 3 dias de festividades, com apoteótico desfile junto à tropa.

 

A seguir, fotos de todas as unidades aqui mencionadas e do quadro alusivo ao reencontro.

  

Turma EsSA/1957: 40 anos 

                        Ouçamos a Canção do BPEB - Batalhão de Polícia do Exército de Brasília, de Paulo Roberto Yog de Miranda Uchôa, com a Banda de Música daquela Unidade:

 

 


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