Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Leonardo Dantas - Esquina quinta, 20 de dezembro de 2018

O ALCÁCER DA BOA VISTA

 

 
O ALCÁCER DA BOA VISTA

O topônimo Boa Vista surge entre nós em 1643, quando da construção pelo conde João Maurício de Nassau de sua casa de recreio, chamada inicialmente de Casa da Bela Vista, erguida em terreno por ele adquirido à Companhia das Índias Ocidentais, com sua frente voltada para o poente, localizado na cabeceira da ponte de madeira sobre o Rio Capibaribe que ligava a cidade Maurícia ao continente.

Casa da Boa Vista (Barlaeus)

O alcácer da Boa Vista (fortaleza, castelo, palácio fortificado, de origem moura, residência de governador, alcaide ou mesmo de rei) como o denominava Gaspar Barlaeus, era um “local aprazível, alegrado também por jardins e piscinas”.

Naquele remanso, descansava Nassau, rodeado pela vista das suas construções e longe da pátria e das terras de tantos condes e príncipes seus parentes, gozando da felicidade que achara no ultramar. Contemplava astros nunca vistos pela sua Alemanha; admirava a constância de um clima dulcíssimo e mostrava aversão à intempérie da zona temperada onde vivera. (…) Enfim meditando, encerrava dentro do âmbito da Boa Vista o múltiplo benefício do céu, da terra e do ar, a República, o inimigo, os índios, os holandeses, as conveniências e proveitos das Províncias Unidas.

Como bem demonstra a gravura de Frans Post no livro daquele latinista (Amsterdã, 1647), o novo edifício, com seus quatro torreões e um elevado pavilhão central, com três janelas em cada uma das frentes, apresentando na face oeste uma visível legenda legenda “Anno 1643”, possuía magnífica visão do continente, funcionando como forte militar, graças a sua posição estratégica na cabeceira da ponte sobre o Capibaribe.

 Boa Vista, 1643 (Frans Post)

Com a expulsão dos holandeses, em 1654, foi a Casa da Boa Vista doada à ordem carmelita para que nela instalasse o hospício do Recife. Em carta dirigida ao príncipe regente, em 1674, comunicam os “religiosos moradores no convento do Arrecife de Pernambuco” que “passa de sete anos que estão moradores naquele lugar” e terem dado início à construção do seu convento e instalação de uma pequena comunidade “em terras do Arrecife”, tendo entre seus primeiros habitantes o frei Francisco Vidal de Negreiros, filho do mestre-de-campo André Vidal de Negreiros, então no governo da capitania de Pernambuco.

Para se fixarem em definitivo na povoação do Arrecife, tiveram esses carmelitas de enfrentar uma conturbada história de lutas com a Câmara de Olinda e com os seus próprios irmãos de ordem do Convento de Santo Antônio do Carmo; estes últimos, seguidores da Reforma Turônica, enquanto os do Recife permaneciam na vida religiosa contemplativa, sendo por isso chamados de “observantes”. Tais desavenças em muito contribuíram para o retardamento das obras de construção do Convento do Recife, continuamente suspensas tanto pelo governo da capitania quanto pela própria coroa portuguesa. O cerne das desavenças, porém, era bem outro e prendia-se aos conflitos entre a nobreza rural, que dominava a Câmara de Olinda, com a burguesia do Recife, os quais em 1710 vieram dar causa ao que depois se convencionou chamar de Guerra dos Mascates (1710).

Em 1679, como se queixavam da situação de insalubridade da Casa da Boa Vista, vieram receber os carmelitas do Recife, em 5 de maio daquele ano, uma área com 100 braças de terra de salgado, isto é, de terras alagadas pela maré alta, em torno do primitivo hospício, para nelas construir algumas oficinas e o seu quintal. Nas terras anteriormente doadas, já tinham os frades construído o seu primeiro convento, aproveitando grande parte da Casa da Boa Vista, com uma capela dedicada a Nossa Senhora do Desterro e uma senzala.

Padeciam os frades de grande desconforto na primitiva Casa da Boa Vista, quando o capitão Diogo Cavalcanti Vasconcelos, senhor do Engenho São Francisco da Várzea, casado com D. Catarina Vidal de Negreiros, filha do governador André Vidal de Negreiros, veio em auxílio das obras do seu cunhado, frei Francisco Vidal de Negreiros. Inicialmente propunha-se o benfeitor a assumir todo o ônus de construção da capela-mor de uma nova igreja, a ser erguida nas proximidades da primitiva. Para isso comprometeu-se em escritura pública, de 18 de agosto de 1685, a construir às suas custas a capela-mor da nova igreja tendo por orago Nossa Senhora do Monte Carmelo, em troca do direito de ter sua sepultura naquele local, juntamente com sua mulher e seus herdeiros, bem como alguns sufrágios por sua alma. Para os serviços, foi contratado o capitão Antônio Fernandes de Mattos, construtor das mais importantes edificações do Recife no final do século XVII.

O túmulo do doador e de sua mulher, localizado na capela-mor ao lado do Evangelho, era assinalado por uma lápide, datada de 28 de agosto de 1703, que em 1898 veio a ser removida para o Instituto Arqueológico e Geográfico Pernambucano.

Com o desaparecimento do primitivo convento, surgiram no seu local as ruas do Cano ou da Paz, Palma e Concórdia, passando esta área a ser denominada de Carmo Velho.

Informa José Antônio Gonsalves de Mello que, em 1696, onze ou doze anos do início das obras, a igreja estava com algum adiantamento, pois aos 24 de abril desse ano estavam concluídos os serviços da capela-mor e de parte da Capela do Santíssimo Sacramento, esta última, objeto de instrumento de doação em favor dos irmãos da recém-criada Ordem Terceira do Carmo:

A capela que está começada com todos os alicerces e parede da parte do Evangelho, vindo da capela-mor para o corpo da igreja com todas as mais terras em que está, sobre a horta do alferes Pascoal Coelho de Freitas para nela fazerem o consistório, sacristia, capela e altares e todas a mais terra que for necessária à dita irmandade e exercícios dela e sepulturas e no enquanto, por estar despovoado o lugar doado….

À frente dos trabalhos continuava Antônio Fernandes de Matos, que veio a falecer em 1701. As obras, porém, arrastaram-se até 1767, data inscrita em um medalhão, no seu frontispício, abaixo do nicho da padroeira. O templo possui três capelas e seis altares, cada um com arquitetura particular e distinta, com ornamentação de talha, e todos de branco e ouro.


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