Achou estranho o convite para a entrevista, mais ainda cargo e salário em perspectiva. Mas não estava em condições de recusar desafios. Se mais não fosse, já passara da hora de alguém reconhecer aquele talento adormecido.
Fez a barba, tomou um banho bem tomado, espanou o paletó puído, calçou o par de sapatos das grandes e raríssimas ocasiões, tomou um trago e se foi – rumo ao sucesso improvável. E com aquele ar “altivo” dos previamente derrotados.
– Você sabe por que está aqui, não sabe?
– Claro que sei, respondeu. De peito estufado, coração na mão.
– Indicação dele.
– Do chefe, eu sei.
– O que sabe fazer?
– Tudo o que for preciso.
– Está dispensado.
– Mas, e o chefe?
– Ele não apita mais nada. Foi demitido ontem. Já foi tarde. E aqui a coisa só funciona na base do “quem indica”. Trate de arrumar outro padrinho.