Pierre Cambronne, último dos generais de Napoleão, foi tão importante que tem o nome inscrito, com destaque, no Arco do Triunfo. Era tão ligado ao imperador, que o acompanhou no exílio na ilha de Elba e com ele retornou ao continente para, em março de 1815, reiniciar a quadra final da glória bonapartista.
Ferido na decisiva batalha de Waterloo, que sepultaria a glória da lenda napoleônica, com o exército francês despedaçado e seriamente ferido, Cambronne teria sido instado a render-se ao general inglês Charleslville, a quem teria respondido que a Guarda francesa morreria, mas não se renderia. Ante a insistência do inglês, então, o e, em teria aconselhado, altaneiro, a ir à merda, “à la merde!”, no original.
Recentemente um brasileiro anônimo fez mais do que o general francês. Mostrou que a história pode se repetir não necessariamente como farsa ou como tragédia. Não se limitou a verbalizar la merde, mandou-a para o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, em um protesto sobretudo pacífico, embora repugnante. Em vez de enviar uma carta-bomba, como fazem em muitas partes do mundo, optou por remeter uma carta-merde… Ao que se comenta, outros deputados também teriam recebido o excrementício regalo, talvez inaugurando uma nova forma de protesto, mas nada disseram. Não revelaram a cor da tinta – se é que se pode dizer assim – mas a mensagem foi clara.
De pronto, o presidente determinou que a polícia legislativa encontre o verdadeiro culpado, e após os primeiros passos já foram identificados um remetente falso e o conteúdo do envelope. Aconselha-se, porém, que os investigadores se preparem para enfrentar muito trabalho, já que, diante dos atos desonestos, dos escândalos que se perpetuam e se ampliam no tempo, envolvendo, invariavelmente, políticos, sobretudo os legisladores, o culpado pode ser qualquer um dos quase duzentos milhões de brasileiros que trabalham e pagam os escorchantes impostos a que são submetidos.
Presidente, a medida cabível neste caso é comprar muito papel higiênico para assear o Congresso Nacional. Mãos a la merde, pois.