Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Violante Pimentel - Cenas do Caminho sábado, 02 de novembro de 2019

O INSTRUMENTO

 

 

O INSTRUMENTO

Dona Francisca era uma mãe zelosa, à moda antiga, e não permitia que Bibina, sua filha de 17 anos, ficasse a sós com o noivo, na sala de visitas da sua casa, todas as noites.

A conservadora senhora, viúva, ficava de plantão, sentada numa poltrona, fingindo fazer tricô, enquanto sua filha e o noivo conversavam, fazendo planos para o futuro, até 21:30 h, nenhum minuto a mais.

Como, à noite, estava muito cansada dos afazeres domésticos, Dona Francisca não percebia os cochilos que costumava dar na poltrona, deixando cair no chão as agulhas de tricô e o novelo de lã.

 

Certa noite, a dona da casa cometeu o deslize de adormecer, profundamente, na poltrona. Despertou assustada, e flagrou o casal aos beijos e abraços, dando para notar que o batom da boca da sua filha tinha passado para o rosto do rapaz.

Isso foi o estopim da bomba, e a mulher ficou indignada. Tentou disfarçar, mas não conseguiu. No dia seguinte, sentindo-se desrespeitada, Dona Francisca deu de presente ao futuro genro uma Escaleta, instrumento musical que estava na moda. Exigiu que, a partir daquela noite, o rapaz tentasse aprender a tocar de ouvido, pois ela estava muito cansada e iria se deitar. Ficaria ouvindo do quarto. Só não queria que a sala ficasse em silêncio, nem, ao menos, um minuto.

Como acordava muito cedo para cuidar dos afazeres domésticos, essa foi a solução que a mulher encontrou para deixar de ser vigilante da filha e do futuro genro, e, ao mesmo tempo, sem deixar de zelar pela virgindade da jovem. Era muito conservadora e queria que a filha casasse virgem.

Dona Francisca acreditava que, com a Escaleta, o rapaz não tentaria se aproveitar do momento mágico, vivido todas as noites com sua filha, até 21:30 h. Não iria procurar certas intimidades, coisas que, na sua opinião, só poderiam acontecer depois do casamento, no Padre e no Juiz.

A mulher só não imaginava que era a filha que ficava direto tentando tocar a Escaleta. O rapaz, com a boca e mãos livres, podia avançar o sinal o quanto quisesse. Da sala, ouvia-se Dona Francisca roncando. A filha ia olhar e via que a mãe estava dormindo profundamente.

O casal, muito apaixonado e com os hormônios fervendo, abusando da liberdade proporcionada, ingenuamente, por Dona Francisca, não se controlou por muito tempo. Logo, o casamento foi antecipado. Bibina casou grávida, sob os protestos e insultos da mãe.


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