Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Leonardo Dantas - Esquina quarta, 13 de dezembro de 2017

O PRECIOSO, NOSSO PRIMEIRO JORNAL

 

Em Pernambuco, a primeira tentativa de criação de um jornal informativo de circulação popular veio surgir com a Revolução Republicana de 1817, quando o advogado José Luís de Mendonça, utilizando-se da experiência do tipógrafo inglês James Pinches e dos tipos importados no ano anterior por Ricardo Fernandes Catanho, auxiliado por “dois frades e um marinheiro francês”, veio a editar em 28 de março daquele ano:

O Preciso dos sucessos que tiveram lugar em Pernambuco etc.” Impresso na “Oficina da República de Pernambuco, 2ª vez Restaurado”, em clara alusão à Restauração Pernambucana de 27 de janeiro de 1654.

As questões sobre liberdade de pensamento, de religião e de expressão, bem como a inamovibilidade da magistratura, a plena capacidade dos estrangeiros aqui residentes e a liberdade progressiva do elemento escravo, eram preocupações dos “patriotas” de 1817, que os fizeram constar no projeto de constituição (Lei Orgânica) datado de 29 de março daquele ano.

Os sonhos de uma República democrática vieram a ser debelados pelas tropas leis ao Príncipe Dom João, em 19 de maio de 1817, quando a revolução veio a ser dizimada pelas tropas do general português Luís do Rego Barreto. A semente libertária, porém, veio brotar quando da Convenção do Beberibe (1821) e Confederação do Equador (1824), mantendo-se viva em episódios outros do passado desta “Nova Roma de bravos guerreiros”.

À publicação d’ O Preciso, de José Luís de Mendonça, se seguiram os jornais: Aurora Pernambucana (1821), Segarrega (1821), Relator Verdadeiro (1821), Gazeta Extraordinária (1822), Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco (1823), O Caheté (1823) e O Thyphis Pernambucano (1823), este último redigido pelo frei Joaquim do Amor Divino Caneca que, em janeiro de 1825, veio pagar com a vida pela divulgação de um ideário republicano defendido em seu jornal.

José Luiz de Mendonça foi uma espécie de jurista oficial do governo revolucionário. O viajante francês L.F.de Tollenare o descreve como um homem rico e inteligente, com uma reputação de ser alguém honesto e com prestígio nas classes abastadas. Era um crítico da administração portuguesa, mas também um moderado.

Acrescenta o mesmo Tollenare: “O sr. José Luís de Mendonça teve a ingenuidade de ficar na cidade e de se apresentar ao almirante, que o mandou prender”.

Ao depor no Processo n.º 7.058, Inquisição de Lisboa, em que figura como denunciado o padre Bernardo Luiz Ferreira Portugal (1755-post1832), diz José Luiz de Mendonça ser “advogado dos Auditórios Eclesiástico e Secular, tenente do Regimento de Cavalaria de Olinda, casado, natural de Porto Calvo (Alagoas), morador na Vila de Santo Antônio do Recife, 31 anos de idade”. No “Livro (1º) dos Termos das Entradas de Irmãos da Irmandade do Santíssimo Sacramento do Bairro de Santo Antônio 1791-1833”, o seu nome aparece nas fls. 36: “13 de abril de 1799, José Luiz de Mendonça e sua mulher D. Vitoriana Pereira da Silva”.

Condenado por sua participação na República de Pernambuco, veio a ser arcabuzado, em 12 de junho de 1817, junto com os patriotas Domingos José Martins e o padre Miguel Joaquim de Almeida e Castro, no Campo da Pólvora da cidade do Salvador (Bahia).

A esses movimentos não ficara alheio um recifense do bairro de Santo Antônio, nascido em 10 de maio de 1798, que, após sua formação de liberal no Seminário de Olinda, ingressou no mundo das artes gráficas fundando o que veio a ser o primeiro grande jornal diário da província: Antonino José de Miranda Falcão.

Simpatizante dos princípios democráticos contidos no ideário Confederação do Equador (1824), processado e acusado de traição pelo Tribunal de Alçada, por seu envolvimento com frei Caneca e com Cipriano José Barata (1762-1838), Antonino José de Miranda Falcão veio a fundar, em 7 de novembro de 1825, o Diario de Pernambuco, hoje o mais antigo noticioso em circulação não só da América Latina como nos países da comunidade de língua portuguesa.

Quando da deflagração da República de Pernambuco, em 6 de março de 1817, os sentimentos nativistas forjados por ocasião da Restauração Pernambucana de 1654 continuavam bem presentes nos pronunciamentos dos patriotas de então. Assim é que O Preciso etc., o primeiro jornal a circular nesta província, redigido por José Luiz de Mendonça, narrando os fatos acontecidos quando da eclosão do movimento, tem como impressor a Off. da República de Pernambuco, 2ª vez restaurado, numa alusão clara à Restauração Pernambucana de 27 de janeiro de 1654.

No meio da população ainda permanecia o espírito nativista formado pela Restauração Pernambucana, em 1654, e posto em prática na deposição do Xumbergas (Jerônimo de Mendonça Furtado) em 1666, na posteriormente chamada Guerra dos Mascates, movimento republicano de caráter separatista encabeçado por Bernardo Vieira de Melo, em 1710.


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