Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carlito Lima - Histórias do Velho Capita sábado, 26 de setembro de 2020

O RAPOSA FELPUDA (CONTO ERÓTICO DE CARLITO LIMA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

O RAPOSA FELPUDA

Leocádio está preocupado com a situação nacional. Se a pandemia não acabar antes de do dia 15 de novembro ele vai perder sua maior diversão, a campanha eleitoral. Durante a campanha ele passa no mínimo dois meses viajando com seu chefe, um político de alta linhagem, vamos chamá-lo de “Raposa Felpuda”. E o melhor, fica livre da esposa, mandona, braba que o leva no cabresto nesses 27 anos de casados. Durante a campanha eleitoral ele se entrega de corpo e alma, se gaba que seu patrão é pé quente, não perde eleição.

Leocádio trabalha muito e farreia como pode na campanha, driblando a vigilância de sua esposa mandona, com a desculpa de trabalho para o chefe.

O que não deixa de ser verdade, pois o patrão é incansável nos acordos políticos, nas trocas de favores, incluindo noitadas com raparigas. Leocádio é o homem de contato com as mulheres. Administra as farras da equipe, sempre sobra alguma quenga para ele. Nosso amigo tem um cargo comissionado, só comparece à repartição para pegar o contracheque e racha o ordenado com outro assessor. O “Raposa” tem o dobro de assessores permitidos, usa o artifício da rachadinha: um recebe o pagamento e divide com outro. O trabalho de Leocádio é estar perto do chefe, ele é  pau para toda obra, gosta do trabalho, ama organizar as farras nas viagens.

Leocádio conhece todos os políticos, seja deputado, prefeito, ou senador, falam com ele na maior intimidade, assessor muito querido, respeitado, arquivo vivo, sabe histórias da nossa política de corar de vergonha esses caras de Brasília. É discreto, não ouve, não fala, não vê.

Durante a última campanha, depois de exaustiva caminhada em três municípios, a caravana do “Raposa” de seis carros desembarcou numa churrascaria. Juntaram algumas mesas enquanto serviam o churrasco. Ainda estavam servindo quando apareceu outra comitiva, de um famoso deputado, metido a cavalo do cão. Tomaram assento, juntaram-se. Na hora da cerveja o “Raposa Felpuda” comentou.

– Estou há mais de uma semana em campanha, é estafante e não peguei uma mulher nesses dias. Hoje estou a fim de uma rapariga.

Olhou para Leocádio e pediu sorrindo.

– Meu assessor predileto, você que conhece do assunto, arranje umas garotas bonitas, telefone e traga de Maceió um caminhão de quengas, para uma farrinha hoje à noite.

– Oxente! Vou pessoalmente cuidar desse assunto. Levantou-se, entrou no carro rumo à Maceió.

A moçada ficou às gargalhadas com as histórias do “Raposa”, são sempre engraçadas as histórias de políticos.

Leocádio partiu já ligando o celular e marcando. Em Maceió alugou dois táxi para acompanhá-lo, não parava no celular, trabalho eficiente catando o material solicitado, não podia falhar, afinal sua reputação estava em jogo.

A comitiva do “Raposa” estava numa caminhada à noite por uma cidade, quando chegou Leocádio e mais dois táxis cheios de raparigas. Oito mulheres desembarcaram sorrindo, encantando com suas belezas. Quengas bonitas de primeira qualidade.

– Pronto chefe, missão cumprida. Não deu para trazer um caminhão, mas trouxe oito raparigas da melhor qualidade. Meu celular trabalhou, consegui arrecadar essas belas mulheres.

Rumaram a uma bela casa na fazenda de um colega deputado na zona da mata. Foi o maior bacanal já realizado naquelas bandas. A mansão com um jardim gramado, árvores e uma piscina ao centro. Da varanda se avistava a piscina, era noite de lua, ambiente propício para brincar feito menino. As raparigas se escondiam no jardim, depois de gritar, AGÚ, os homens iam à caça, procurando, vasculhando os lugares, quando alguém achava uma escondida, tinha de tocá-la, condição para ganhar o prêmio, podia usar da quenga à vontade. Depois de brincar de esconde-esconde, mergulharam na piscina. A festa foi até o dia amanhecer. O sol raiou esplêndido na fazenda, a manhã iluminou os guerreiros do voto com suas presas deitados na grama do jardim.

Por esse e outros trabalhos, Leocádio continuará no cargo por muito tempo, sua eficiência e eficácia no assunto são inigualáveis, um arquivo vivo. Todo dia ele lê o jornal torcendo que a pandemia acabe pra que a campanha seja no corpo a corpo nas visitas às cidades e não apenas nas redes sociais como parece que será. De qualquer maneira o “Raposa” não perde eleição, sabe botar voto na urna.


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