Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial segunda, 19 de agosto de 2019

OS BRASILEIROS: ASSIS CHATEAUBRIAND

 

 

OS BRASILERIOS: Assis Chateaubriand

Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo nasceu em Umbuzeiro, PB, em 4/10/1892. Jornalista, advogado, empresário e político. O nome Chateaubriand é prenome e não sobrenome familiar. Seu avô paterno, apreciador do escritor François Chateaubriand, registrou os filhos com este prenome Teve uma infância difícil, com problemas psicológicos, devido a uma gagueira e uma grande timidez. A família mudou-se para Belém do Pará e deixou-o aos cuidados do avô materno. Na convivência com os avós, melhorou bastante e voltou a viver com seus pais, em 1901, quando se estabeleceram no Recife. Foi alfabetizado em casa, aos 10 anos, pelo tio, utilizando antigos exemplares do “Diário de Pernambuco”. O destino de jornalista e magnata da imprensa estava sendo traçado.

Em 1903, foi estudar em Campina Grande, PB, indo morar com o tio e padrinho Chateaubriand Bandeira de Melo. Em 1904, retornou ao Recife e prestou exame de admissão na Escola Naval. O curso secundário foi realizado no tradicional Ginásio Pernambucano. Por esta época passou a estudar alemão com os frades do convento de São Francisco e tornou-se um leitor compulsivo. Com o destino de jornalista traçado, seu primeiro emprego foi na “Gazeta do Norte”, recortando anúncios classificados. Em 1908, ingressou na Faculdade de Direito do Recife e, durante o curso, foi trabalhar como aprendiz de repórter no jornal “A Pátria”. Trabalhou também no “Jornal do Recife”, no “Diário de Pernambuco” e no “Jornal Pequeno”. Aos 21 anos, ao formar-se em Direito, já era editor e redator-chefe do “Diário de Pernambuco”, cujo proprietário era o conselheiro Rosa e Silva, influente político da época. Em 1915 foi para o Rio de Janeiro e fez amizades com pessoas influentes. Colaborou nos jornais “A Época”, “Jornal do Commercio”, “Correio da Manhã” e na edição vespertina d’ “O Estado de São Paulo”. Seu sonho era “adquirir um jornal, como primeiro elo de uma cadeia”. Para conseguir o dinheiro, instalou uma banca de advocacia e com seu bom relacionamento com pessoas importantes, conseguiu vários clientes e associados.

Chegou a trabalhar no Ministério das Relações Exteriores, como consultor para leis de guerra, no governo Nilo Peçanha, mas deixou o cargo para ser redator-chefe do “Jornal do Brasil”.A carreira de jornalista foi se consolidando até 1919, quando foi convidado pelo “Correio da Manhã” para ser correspondente internacional na Europa. De volta ao Brasil, adquiriu o “O Jornal” em setembro de 1924, dando início à cadeia nacional de jornal e rádio dos “Diários Associados”, que iria revolucionar o jornalismo brasileiro. Casou-se com Maria Henriqueta Barroso do Amaral, filha do juiz Zózimo Barroso do Amaral e teve três filhos: Fernando, Gilberto e Teresa. Em 1934 desquitou-se e uniu-se a jovem Corita, com quem teve uma filha. Logo depois, a jovem decidiu deixá-lo e levou a filha. Ele ficou enfurecido e sequestrou a própria filha. O caso foi parar na polícia e deixou-o acuado. Foi quando proferiu uma de suas frases célebres: “Se a lei é contra mim, vamos ter que mudar a lei”. Assim, conseguiu de Getúlio Vargas a promulgação de um decreto que lhe deu direito à guarda da filha.

Em seguida, adquiriu o “Diário de Pernambuco”, ampliando o império jornalístico, Chatô, como alguns o chamavam, foi se tornando poderoso e temido pelos poderosos. A partir deste poderio, o “Cidadão Kane tropical”, teve enorme influência na política brasileira, sobretudo por ter apoiado a Revolução de 30, que levou Getúlio Vargas ao poder. Desenvolveu com Getúlio uma proximidade contraditória, de apoios e reveses, e agiu empresarialmente com uma ética própria, ameaçando ou gratificando inimigos e aliados, inclusive lançando campanhas contra ou a favor deles em seus jornais. Farto de ver seu nome na lista de insultos, o industrial Francisco Matarazzo ameaçou “resolver a questão à moda napolitana: pé no peito e navalha na garganta”. Chatô devolveu: “Responderei à moda paraibana, usando a peixeira para cortar mais embaixo”. Sua ligação com Vargas durou pouco; na Revolução Constitucionalista de 1932, tomou partido por São Paulo e teve que ser exilado por algum tempo. Reabilitado, promoveu a Campanha Nacional da Aviação, com o lema “Deem asas ao Brasil”, na qual foi criada a maioria dos atuais aeroclubes pelo interior do País.l

Além dos “Diários Associados” chegou a possuir 10 fazendas agropecuárias e laboratórios farmacêuticos. Seus empreendimentos abrangiam 34 jornais, 36 emissoras de rádio, 18 emissoras de TV, uma agência de notícias, uma revista semanal (O Cruzeiro), uma mensal (A Cigarra), várias revistas infantis e a editora O Cruzeiro. Comandava o império das comunicações com mão de ferro. Conta-se que seu funcionário, o escritor Joel Silveira, escreveu um editorial que ele não gostou e chamou-o ao seu gabinete. “Como é que o sr. escreve um negócio desse?” indagou. “Bem, é essa a minha opinião. O sr. não gostou?”. “Não, sr. Joel. Não gostei e vou lhe dizer uma coisa: se quiser ter opinião, o senhor adquira um jornal. Quem tem opinião aqui sou eu”. Ficou conhecido, também, como o cocriador e fundador, em 1947, do Museu de Arte de São Paulo (MASP), junto com Pietro Maria Bardi. Negociou belos quadros no mundo todo e depois pedia aos grandes empresários para pagarem. Dizia que eles estavam doando ao futuro museu. Se não quisessem pagar, poderiam sofrer uma campanha difamatória através de seus jornais e revistas. Essa é uma história que se conta a seu respeito. Outra mais real é que ele pedia aos empresários para pagarem os quadros e fazia contratos de publicidade no valor estipulado do quadro e as empresas passavam a ter anúncios nos jornais, rádios e TV com base naquele valor “doado”. Foram tantos quadros e negócios feitos nesta base que isto se constituiu num dos fatores que levaram seu conglomerado à falência. Os valores eram tão altos que a coleção de quadros foi colocada, na gestão do presidente Juscelino Kubitschek, sob a custódia de uma fundação, em troca de auxílio governamental ao pagamento de parte da astronômica dívida do Condomínio Diários Associados.

Seu maior feito na área das comunicações, foi trazer a televisão para o Brasil ao criar a TV Tupi em 1950. Na época o aparelho de TV era quase inexistente no Brasil e a criação da emissora representou uma revolução nas comunicações. No campo pessoal, serviu para alçar novos patamares, lançando-se na política. Em 1952, foi eleito senador pela Paraíba e, em 1955, pelo Maranhão, em duas eleições escandalosamente fraudulentas. Seu posicionamento político era controverso como tudo em sua vida. Embora fosse um representante típico da burguesia nacional emergente da época, tinha uma postura pró-capital estrangeiro e pró-imperialismo, primeiro o britânico, depois o norte-americano. Admirava tanto a Inglaterra que renunciou ao mandato de senador para se tornar embaixador naquele país. Era temido pelas campanhas jornalísticas que promovia, como a defesa do capital estrangeiro e contra a criação da Petrobrás. Na área literária não escreveu nada. Porém, publicou cerca de 12 mil artigos assinados em seus jornais. Não havia um dia sequer que não saisse um texto seu na imprensa. Na literatura e na pintura abriu seus jornais para nomes ainda desconhecidos, que depois se tornaram famosos: Graça Aranha, Millôr Fernandes, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Cândido Portinari entre outros. Tal influência neste métier levou-o à Academia Brasileira de Letras, em dezembro de 1954.

Suas duas últimas criações foram o jornal “Correio Braziliense” e a TV Brasília, fundadas em 21/4/1960, no mesmo dia da fundação de Brasília. Meses depois, sofreu um derrame cerebral ficando paralítico. Mesmo assim, viajou muito dentro e fora do País, mantendo-se informado de tudo e dirigindo suas empresas e jornais. Comunicava-se apenas por balbucios e uma máquina de escrever adaptada. Suas últimas ações foram dirigidas a criação de um museu de arte em sua terra. Em agosto de 1967 entregou ao reitor da Fundação Universidade Regional do Nordeste (hoje Universidade Estadual da Paraíba- UEPB), o primeiro acervo do Museu Regional de Campina Grande, com 120 peças. Em seguida, o museu passou a ser chamado de “Museu de Arte Assis Chateaubriand”. Faleceu em 6/4/1968 e foi velado ao lado de duas pinturas dos grandes mestres: um cardeal de Ticiano e um nu de Renoir, simbolizando, segundo Pietro Maria Bardi, as três coisas que mais amou na vida: O poder, a arte e a mulher pelada. Junto com ele morria também seu império, que se esfacelava diante do surgimento do reinado de Roberto Marinho, com a rede Globo. Seu cortejo fúnebre reuniu mais de 60 mil pessoas pelas ruas de São Paulo, onde foi sepultado no Cemitério do Araçá.

Deixou os Diários Associados para um grupo de 22 funcionários, atualmente liderados por Álvaro Teixeira da Costa. O grupo Diários Associados é a terceira maior empresa de comunicações do país e mantém a Fundação Assis Chateaubrind, desde 1989, para atuar sem fins lucrativos na área de responsabilidade social. A memória de Chatô ficou registrada na biografia escrita por Fernando Moraes – Chatô, o Rei do Brasil – publicada em 1994, na qual são narrados os modos pouco ortodoxos que ele utilizou para construir seu império jornalístico. Foi retratado, também, no cinema. Marcos Manhães Marins escreveu, e dirigiu o filme Chateaubriand: Cabeça de Paraíba, em 2000, tendo sido selecionado para quinze festivais e mostras no Brasil e no exterior. Antes disso, o ator Guilherme Fontes decidiu adaptar a biografia escrita por Fernando Morais para o filme homônimo. O filme levou 20 anos para ser realizado, devido a interrupções decorrentes com problemas com a falta de verbas para sua conclusão, mas lançado em 2015.

 


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros