Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial segunda, 28 de dezembro de 2020

OS BRASILEIROS: BEZERRA DE MENEZES (CRÔNICA DE JOSÉ DOMINGOS BRITO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

OS BRASILEIROS: Bezerra de Menezes

Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti nasceu em Riacho do Sangue, atual Solonópole, CE, em 29/8/1831. Médico, escritor, jornalista, militar, político, filantropo e expoente da Doutrina Espírita, conhecido como “o médico dos pobres” e “Kardec brasileiro”. Divide com Chico Xavier a condição de espírita mais conhecido e venerado do Brasil.

Descendente de uma antiga família cigana, posteriormente ligada à politica e ao exército, filho do tenente-coronel da Guarda Nacional Antônio Bezerra de Menezes e Fabiana de Jesus Maria Bezerra. Concluiu a educação elementar em 10 meses; aos 11 anos aprendeu latim; aos 13 substituía o professor no ensino dessa língua; aos 15 mudou-se para Fortaleza e concluiu o curso secundário no Liceu do Ceará. Aos 20 anos, com o falecimento do pai, mudou-se para o Rio de Janeiro e ingressou na Faculdade de Medicina. Para prover os estudos dava aulas particulares de filosofia e matemática. Aos 25 graduou-se médico com a tese “Diagnóstico do Cancro” e foi trabalhar como assistente de seu professor no Corpo de Saúde do Exército Brasileiro.

Aos 26 anos ingressou na Academia Imperial de Medicina e logo candidatou-se ao cargo de professor-assistente de cirurgia na Faculdade de Medicina. No mesmo ano foi empossado como Cirurgião-Tenente do Corpo de Saúde do Exército. Aos 27 anos, bem estabelecido, casou-se com Maria Cândida de Lacerda e tiveram 2 filhos. Aos 32 deu-se uma tragédia: sua esposa veio a falecer de mal súbito, deixando-lhe um filho de 3 anos e outro de 1. Por essa época exercia, além da medicina, o cargo de redator dos “Anais Brasilienses de Medicina” da Academia Imperial de Medicina. A irmã –Cândida Augusta de Lacerda- de sua falecida esposa ajudou a criar os filhos. Esta convivência resultou em casamento com a cunhada em 1865, com quem teve mais 7 filhos. No exercício profissional era um médico caridoso atendendo necessitados que não podiam pagar. Assim, passou a ficar conhecido como o “medico dos pobres”. Chegou a dar seu anel de formatura à uma pobre mulher para que comprasse remédios para o filho.

Com este perfil voltado às pessoas carentes adquiriu popularidade e foi indicado por amigos à Câmara Municipal. Com alguma insistência aceitou a indicação e foi eleito em 1861. Tem início a carreira politica, que se estende até 1885 acumulando mandatos de vereador e deputado provincial, exercendo a presidência da Câmara em algumas ocasiões. Como político teve iniciativas pioneiras, como regulamentação do trabalho doméstico, denuncia dos perigos da poluição e propostas de combate, um problema que já naquela época afetava a população do Rio. Batalhou pela extinção dos artigos nºs 157 e 158 do Código Pena de 1890, que proibiam “praticar o Espiritismo” e promover curas de moléstias curáveis ou incuráveis, que afetavam diretamente as atividades dos centros espíritas.

Um aspecto pouco conhecido é sua vida como empresário. Foi sócio fundador da Companhia Estrada de Ferro Macaé-Campos (1870) e empenhou-se na construção da Estrada de Ferro Santo Antonio de Pádua (1872). Foi um dos diretores da Companhia Arquitetônica de Vila Isabel (1873) e presidente da Companhia Ferro-Carril de São Cristovão (1875), levando os trilhos até os bairros do Caju e da Tijuca. Vale destacar, também, sua atividade política, sem mandato, como intelectual. Participou da campanha abolicionista com a publicação do livreto A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação (1869), distribuído gratuitamente à população. Dizia-se um “liberal” e propunha imitar os ingleses com a abolição da escravidão. Na grande seca do Nordeste em 1877, publicou o ensaio Breves considerações sobre as secas do Norte. Como médico, lançou novo enfoque sobre as doenças mentais com o ensaio A loucura sob novo prisma: estudo psíquico-fisiológico. Como jornalista, foi redator dos jornais “A Reforma” e “Sentinela da Liberdade”. Como romancista publicou alguns livros de caráter espírita e traduziu as Obras Póstumas de Allan Kardec, em 1892.

Seu primeiro contato com o Espiritismo se deu por acaso. Em 1875 ganhou de presente um exemplar d’O Livro dos Espíritos de seu tradutor e amigo Dr. Joaquim Carlos Travassos. Na volta para casa na Tijuca, distante uma hora de viagem de bonde, foi se entretendo na leitura e deu-se conta que “já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava n’O Livro dos Espíritos. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença”. A partir daí seu envolvimento com a doutrina foi crescendo. Teve contato as “curas” espirituais pelo médium João Gonçalves do Nascimento, em 1882; passou a contribuir com artigos na revista “O Reformador”, em 1883 e pouco depois decidiu se “converter”, em grande estilo. Aos 55 anos, em 16/8/1886, deu uma palestra no salão da “Guarda Velha”, explicitando sua adesão ao Espiritismo para mais de mil pessoas.

No ano seguinte, a pedido do Centro da União Espírita do Brasil, iniciou a publicação de artigos na seção “Spiritismo – Estudos Philosóficos”, publicados aos domingos, em “O Paiz”, assinados sob o pseudônimo Max, no período 1887-1893. Por essa época, os adeptos da Doutrina Espirita estavam divididos entre os filósofos/cientistas e religiosos. Bezerra de Menezes encontrava-se entre estes últimos, mas transitava bem entre as duas correntes. Assim, foi convocado para superar a divisão e promover a união através da FEB-Federação Espírita Brasileira, em 1889. Iniciou o estudo sistemático de O Livro dos Espíritos em reuniões públicas semanais; passou a redigir o “Reformador”; doutrinar espíritos obsessores; realizou o Congresso Espírita Nacional, reunindo 34 delegações e assumiu a presidência do Centro da União Espírita do Brasil, em 1890. Nos anos seguintes, atuou como vice-presidente da FEB e enfrentou algumas divergências internas e ataques externos ao movimento. Tais divergências fizeram-no afastar-se da diretoria, por um período, sem deixar de frequentar as reuniões e sua coluna no jornal “O Paiz”.

As divergências no movimento espírita chegaram até a direção da FEB, em 1895, e ele foi convidado a reassumir a presidência para apaziguar os ânimos. Iniciou o estudo semanal d’O Evangelho segundo o Espiritismo em reuniões públicas semanais; criou a primeira livraria espírita no País e o departamento de “Assistência aos Necessitados”. Empenhou-se na institucionalização da FEB até 11/4/1900, quando sofreu um acidente vascular cerebral e veio a falecer. A primeira página do jornal “O Paíz”, dirigido por Quintino Bocaiuva, dedicou um longo necrológio ao “eminente brasileiro”. No plano espiritual continua trabalhando em obras e mensagens psicografadas através de diversos médiuns: Chico Xavier, Divaldo Franco. Francisco Assis Perioto, Yvone Pereira, Waldo Viera entre outros, contabilizando mais de 20 livros. É considerado o patrono de centenas de centros espíritas em todo o mundo.

São muitas as biografias retratando sua vida: Legado de Bezerra de Menezes (2008), de Aziz Cury; Bezerra de Menezes: o médico dos pobres (3a. ed. 1979) e o estudo realizado por Canuto Abreu, publicado pela FEESP-Federação Espírita de São Paulo: Bezerra de Menezes: subsídios para a História do Espiritismo no Brasil até o ano de 1895. Tais biografias foram úteis na transposição de sua vida para o cinema, no filme “Bezerra de Menezes: o diário de um espírito”, em 2008, dirigido por Glauber Santos Paiva Filho com Carlos Vereza no papel.

Mensagem de Bezerra de Menezes em 23/5/2020:

 


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