Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial quinta, 17 de fevereiro de 2022

OS BRASILEIROS: DI CAVALCANTI

OS BRASILEIROS: Di Cavalcanti

José Domingos Brito

 

 

 

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque Melo nasceu em 6/9/1897, no Rio de Janeiro. Pintor, ilustrador, desenhista, cenógrafo, jornalista, muralista, caricaturista e um dos expoentes da pintura brasileira. Participou da Semana de Arte Moderna, em 1922, e imprimiu um caráter nacional em suas obras ao abordar temas típicos da cultura brasileira, como carnaval, mulatas e figuras populares em cores exuberantes e formas sinuosas.   

 

Filho de Frederico Augusto Cavalcanti de Albuquerque, membro de uma tradicional família pernambucana, e Rosalia de Sena. Pelo lado materno, era sobrinho da esposa de José do Patrocínio, abolicionista do século XIX. Iniciou a carreira como caricaturista, na revista Fon-Fon, em 1914, e mudou-se para São Paulo em 1917, onde ingressou na Faculdade de Direito. Na ocasião, trabalhou como ilustrador de conteúdo e capas para a revista O Pirralho, fez a ilustração do livro Carnaval (1919), de Manuel Bandeira e se entrosou com os artistas e escritores paulistas. A exposição da pintora Anita Malfatti, em 1917, e os contatos com Rubens Borba de Moraes e Sergio Milliet, apresentando-lhe as pinturas de Pablo Picasso, deram-lhe ânimo para retomar o estudo de pintura com o professor alemão Georg Elpons, no Rio de Janeiro. Pouco depois a capital paulista entra num período de efervescência cultural capitaneado por Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida, Sergio Milliet etc. dos quais se tornou amigo.

 

Para ajudá-lo financeiramente, os amigos planejaram uma exposição de suas caricaturas, mas ele sugeriu que no lugar de uma “exposiçãozinha” poderiam fazer um evento maior incluindo outras artes, como música e literatura. Assim, deu-se início a organização da Semana de Arte Moderna, para a qual criou o catálogo e cartaz e expôs algumas de suas obras. No ano seguinte, quando Milliet voltou para a Europa, ele foi junto e arrumou emprego na revista Monde, em Paris. Aí permaneceu até 1925 e frequentou a Académie Ranson. Na condição de jornalista, “sem contar a ninguém que era pintor, entrei em contato com Picasso, Braque, Matisse, Fernand Léger, Jean Cocteau e toda a vanguarda francesa, sempre levado pela mão de Sergio Milliet”. Destes artistas recebeu influências que foram trabalhadas ao seu modo, numa linguagem pessoal.

 

Tais influências marcam um redirecionamento em sua obra. Passa a adotar uma temática nacionalista ligada a questão social. A tela Samba (1925), considerada sua obra-prima reflete esta tendência. Representa a figura da mulher negra seminua e o samba, ícones da cultura popular brasileira. A influência de Picasso fica evidente no porte volumoso e tratamento dado às mãos e aos pés das figuras. Segundo o crítico Jones Bergamin, este quadro tem um reconhecimento similar ao de Abaporu (1928), de Tarsila do Amaral e constitui-se numa “das bandeiras da arte brasileira”. Quando retornou ao Brasil, filiou-se ao Partido Comunista em 1928. Retoma com mais afinco sua obra e aprimora seu estilo, influenciado agora pelo expressionismo alemão, com formas simplificadas e curvilíneas em cores quentes, em especial vários tons de vermelho.    

Em 1932 fundou em São Paulo, junto com os pintores Flavio de Carvalho e Antonio Gomide, o CAM-Clube dos Artistas Modernos. No mesmo ano foi preso durante a Revolução Constitucionalista e no ano seguinte publicou o álbum A Realidade Brasileira, uma série de 12 desenhos satirizando os militares. Em seguida casou-se com a pintora Noêmia Mourão. Na década de 1940 atinge a maturidade artística e o reconhecimento público no cenário nacional. Adepto da arte figurativa, deu uma conferência no MAM-Museu de Arte Moderna , em 1948, publicada na revista Fundamentos, sob o título Realismo e abstracionismo, defendendo uma arte brasileira e contra o abstracionismo. Por esta época incursiona na arte muralista, sob a influência do mexicano Diego Rivera e produz alguns murais em edifícios de São Paulo. Em 1960 realizou o painel “Candango” na Câmara dos Deputados, em Brasília.  

Ao mesmo tempo em que mantinha a carreira artística, participava dos movimentos político-sociais. Foi preso, de novo, em 1936 e libertado por amigos, mudou-se para Paris, onde permaneceu até 1940. Lá recebeu medalha de ouro com a decoração do Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira, na Exposição de Arte Técnica. Pouco antes da II Guerra Mundial, retornou ao Brasil, fixando-se em São Paulo. Em seguida passou a expor em Lisboa, México, Buenos Aires e Montevideo e obteve reconhecimento internacional. Participou da I Bienal Internacional de Arte de São Paulo, em 1951 e recebeu a láurea de melhor pintor na II Bienal, prêmio dividido com Alfredo Volpi. Por essa época fez uma generosa doação de mais de 500 desenhos ao MASP-Museu de Arte de São Paulo.

Em 1954, o MAM-Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro fez uma retrospectiva de suas obras e 2 anos depois participou da Bienal de Veneza. No mesmo ano recebeu o I Prêmio da Mostra Internacional de Arte Sacra de Trieste. Em 1960 criou imagens para a tapeçaria do Palácio da Alvorada e pintou as estações da via sacra, na Catedral de Brasília. No México, ganhou uma sala especial na Bienal Interamericana e foi contemplado com a Medalha de Ouro. Teve sala especial, também, na VII Bienal de São Paulo em 1962. Foi indicado pelo presidente João Goulart para ser adido cultural na França, embarcou para Paris, mas não pode assumir o cargo devido ao Golpe Militar de 1964. Passou a viver em Paris com Ivete Bahia Rocha e lançou uma espécie de autobiografia: Reminiscências líricas de um perfeito carioca.

A década de 1970 foi marcada com diversas exposições retrospectivas, premiações e comendas: Prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte; título de doutor honoris causa, da UFBA e teve sua obra Cinco moças de Guaratinguetá, reproduzida em selo postal. Em 1975 recebeu a comenda da Ordem do Infante Dom Henrique de Portugal. Faleceu em 26/10/1976 e seu funeral foi filmado por Glauber Rocha, constituindo-se no documentário Di-Glauber (1977) em homenagem ao pintor. Principais obras: Pierrete e Pierrot (1924) Samba (1925), Mangue (1929), 5 moças de Guaratinguetá (1930), Músicos (1963) etc.

 

Em seu centenário, em 1997 foram realizadas exposições comemorativas e retrospectivas: As mulheres de Di, pelo Centro Cultural do Banco do Brasil; Di, meu Brasil brasileiro, pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Di Cavalcanti, 100 anos, pelo Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado. Três livros, entre tantos outros, dão conta de sua vida, legado e sua contribuição à pintura brasileira:  Contando a arte de Di Cavalcanti, de Angela Braga-Torres (Global Editora, 2021); Di Cavalcanti: conquistador de lirismos, de Denise Mattar e Elisabeth Di Cavalcanti (Ed. Capivara, 2016) e A querela do Brasil: a questão da identidade da arte brasileira: a obra de Tarsila, Di Cavalcanti e Portinari: 1922-1945, de Carlos Zilio (Ed. Relume Dumará, 1997).

 

Di Cavalcanti (1897 - 1976) - YouTube


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