Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial segunda, 28 de setembro de 2020

OS BRASILEIROS: FREI GALVÃO

 

MEMORIAL DOS BRASILEIROS: Frei Galvão

Antônio de Sant’Ana Galvão nasceu em Guaratinguetá, SP, em 10/5/1739. Frade e primeiro santo brasileiro, conhecido pelo seu poder de cura, é o padroeiro dos engenheiros, arquitetos e construtores. Sua canonização, em 11/5/2007, foi postulada pela Irmã Célia Cadorin, da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, com apoio do Cardeal-Arcebispo de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns. Além de religioso, foi pioneiro como acadêmico ao integrar a “Academia dos Felizes”, a primeira academia de letras do Brasil, em São Paulo, em 1770.

Criado numa família da aristocracia colonial portuguesa, seu pai – Antonio Galvão de França- era Capitão-Mor e comerciante. A mãe – Isabel Leite de Barros – era filha de fazendeiros, descendente do bandeirante Fernão Dais Paes. Passou a infância em Guaratinguetá e, aos 13 anos, foi estudar no Colégio de Belém (jesuíta) em Cachoeira (BA), onde já estudava seu irmão. Aí ficou até 1756 e queria ser padre jesuíta, mas a perseguição do Marquês de Pombal contra esta Ordem, acabou levando-o ao Convento Franciscano de Taubaté. Abdicou de um futuro promissor, tendo em vista a influência política e econômica da família, e entrou no Convento de São Boaventura de Macacu, em Itaboraí, RJ.

Aluno brilhante durante o noviciado, fez sua profissão de fé em 16/4/1761 e defendeu o título de “Imaculada” da Virgem Maria, na época um tema polêmico. Ordenou-se sacerdote no ano seguinte e mudou-se para São Paulo, onde continuou os estudos de teologia e filosofia no Convento de São Francisco. Na viagem, fez uma parada em Guaratinguetá e celebrou sua primeira missa na Matriz de Santo Antônio, onde foi batizado. Em 1768 foi nomeado professor e porteiro do Convento, importante cargo. Era também respeitado pela Câmara Municipal e admirado pelo governador da Capitania Dom Luis Antônio de Sousa Botelho e Mourão.

Em 1770, o governador querendo copiar as academias literárias que iniciavam na Europa, fundou a “Academia dos Felizes”, nossa primeira instituição dedicada às letras. Frei Galvão foi um dos primeiros convidados a integrá-la, onde declamou, em latim, 16 peças, 2 hinos, 1 ode e 12 epigramas de sua autoria louvando Santa Ana e o governador da Capitania de São Paulo. Tal participação foi registrada no artigo de Enio Aloisio Fonda – Academia dos Felizes (1770) e a poesia latina de Frei Antônio de Sant’Ana Galvão, religioso franciscano -, publicado na Revista de Estudos Brasileiros, nº 13, 1972. Como se vê, Frei Galvão também tinha seus dotes literários.

Por essa época, atuou como confessor no “Recolhimento de Santa Teresa”, onde conheceu a freira Irmã Helena Maria do Espirito Santo, que afirmava ter visões onde Jesus lhe pedia para fundar um novo “Recolhimento” Frei Galvão estudou as mensagens, consultou outros religiosos e concluíram como validas tais visões. A partir daí, contando com seus amigos no governo da província, projetou e deu inicio a construção do novo Recolhimento, chamado “Nossa Senhora da Luz”, fundado em 2/2/1774. Era um lar para meninas que queriam levar uma vida sem fazer votos. No ano seguinte tornou-se diretor e líder espiritual das irmãs. Pouco depois o governo da Província foi substituído, provocando o fechamento do convento. Mas as freiras se recusaram a abandonar o local e, devido à pressão popular e da igreja, o convento foi reaberto. Com a reabertura recebeu crescente número de novas irmãs, obrigando o Frei a fazer uma ampliação, incluindo a construção de uma igreja, inaugurada em 1802. Tal conjunto resultou no “Mosteiro da Luz”, que hoje abriga o Museu de Arte Sacra, uma das maiores coleções do País.

Tempos depois o filho do Capitão-mor da Província foi ofendido por um soldado, que foi condenado a morte. O Frei saiu em sua defesa e por isso foi expulso da cidade. Mais uma vez, a pressão popular revogou a ordem e trouxe o Frei de volta ao Mosteiro. Em 1781, foi nomeado mestre dos noviços em Macacu (RJ). Mas, o bispo de São Paulo, Manuel da Ressurreição, escreveu ao superior provincial: “nenhum dos habitantes desta cidade será capaz de suportar a ausência deste religioso por um único momento”. Assim, ele foi mandado de volta para São Paulo. Em seguida foi nomeado guardião do Convento de São Francisco (1798), sendo reeleito em 1801. Em princípios do século XIX esteve em Sorocaba numa reunião com os religiosos da cidade e foi constatado o progresso da cidade com seus tropeiros. Na ocasião foi lhe solicitado a erguer ali mais um convento e em 1811 fundou o Convento de Santa Clara, onde passou quase um ano.

De volta ao Convento de São Francisco, já idoso, pediu permissão ao bispo Mateus de Abreu Pereira e ao seu tutor para ficar no Mosteiro que ajudou a criar. Veio a falecer em 23/12/1822 e foi sepultado na igreja do Mosteiro, onde seu túmulo até hoje é visitado pelos fiéis favorecidos pela sua intercessão. Na época, a fama de santo já havia se espalhado por todo o País. As pessoas que foram ao seu velório, na ânsia de obter uma relíquia, foram cortando pedaços de seu hábito, que ficou reduzido até a altura dos joelhos. A primeira lápide do túmulo teve o mesmo destino, sendo aos poucos levada pelos devotos. As pedras da lápide eram colocadas em copos d’água para tratar os enfermos.

Alguns fenômenos místicos lhe são atribuídos, como telepatia, premonição, levitação e bilocação. Consta que ele se fazia presente em dois lugares diferentes ao mesmo tempo para cuidar de enfermos que pediam sua ajuda. Certa vez escreveu num pedaço de papel uma frase em latim do Ofício de Nossa Senhora (“Após o parto, permaneceste virgem: Ó Mãe de Deus, intercedei por nós”). Enrolou o papel no formato de uma pílula e deu-o a uma jovem com fortes dores renais. Logo após tomar a “pílula”, a jovem expeliu certa quantidade de cálculo renal e a dor cessou Imediatamente. Noutra ocasião deu outra “pílula” de papel à uma mulher que passava por um parto difícil e a criança nasceu sem maiores complicações. As “pílulas do Frei Galvão” ficaram famosas e ele ensinou as irmãs do Mosteiro a fabricá-las para distribuição gratuita, o que é feito até hoje no Mosteiro. Mas o local de peregrinação do fieis fica em Guaratinguetá, no Santuário Frei Galvão, inaugurado em 12/10/1983.

 


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