Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial segunda, 27 de julho de 2020

OS BRASILEIROS: GASPAR VIANNA

 

OS BRASILEIROS: Gaspar Vianna

Gaspar de Oliveira Vianna nasceu em Belém, PA, em 11/5/1885. Médico sanitarista e cientista descobridor da cura da leishmaniose. Foi um dos primeiros jovens pesquisadores, arregimentado por Oswaldo Cruz na criação do Instituto Soroterápico, que resultou na FioCruz. Devido as circunstâncias em que veio a falecer, é considerado mártir da ciência.

Filho de Manoel Gomes Vianna e Rita Nobre Vianna, ficou órfão de pai ainda criança. Teve sólida formação educacional e aos 15 anos já havia concluído os cursos primário e secundário no colégio São José e no Lyceu Paraense. Mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1903, a fim de estudar medicina e encontrou a cidade envolta em duas “revoluções” que se alimentavam reciprocamente: uma urbanística e outra sanitária. Uma sob o comando do prefeito Pereira Passos e outra comandada pelo médico Oswaldo Cruz, ambos designados pelo presidente Rodrigues Alves

Concluiu o curso, em 1909, com a apresentação da tese “Estrutura da célula de Schwann nos vertebrados”, estudo pioneiro na área de pesquisas histolológicas sobre “neurofibrilas”. Durante o curso chamou a atenção do professor de histologia Eduardo Chapot Prévost, tornando-se seu assistente informal, ajudando os colegas em dificuldades na matéria. Lá encontrou seu conterrâneo Bruno Álvares da Silva Lobo, com quem publicou o livro “Estrutura da célula nervosa”. No 4º ano do curso abriu, junto com o irmão, um laboratório de análises próximo â Santa Casa, cuja enfermaria passou a frequentar e realizar necropsias em seu laboratório. Em 1906, quando Rocha Lima deixou o Instituto Soroterápico e voltou à Alemanha para aprofundar seus estudos, ele foi convidado por Oswaldo Cruz para remediar esta ausência, trabalhando na Seção de Histopatologia.

No ano seguinte ingressou, por concurso, no Hospital Nacional de Alienados, dirigido por Juliano Moreira. Logo após a formatura, foi promovido a chefe da Seção de Anatomia Patológica do Instituto Oswaldo Cruz e prosseguiu na carreira acadêmica. Conquistou o título de Livre Docência em Anatomia Patológica, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1913, e passou a reger a cadeira de Histologia Normal da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária do Ministério da Agricultura.

Em 1909, foi convidado por Carlos Chagas para fazer a caracterização histopatológica do recém-descoberto Trypanosoma cruzi. Tal estudo da anatomia patológica da doença de Chagas era essencial para a confirmação do quadro clínico da doença e sua aceitação como nova entidade nosológica. A importância desse estudo ficou na penumbra devido ao sucesso da descoberta da Doença de Chagas. Mas, felizmente, foi publicado em 1911 e até hoje permanece como exemplo de descrição minuciosa ainda atual no estudo do sistema nervoso central na fase aguda da doença.

Pesquisou, também, os Trypanosoma gambiense, T. equinum, T. equiperdum e T. congolense. Com base nestas pesquisas, descreveu uma nova espécie de Leishmania, denominando-a braziliensis, em 1911, responsável pela úlcera de Bauru ou leishmaniose tegumentar americana. Em 1912, propôs um tratamento específico pela injeção venosa do tártaro emético ou antimonial, que era eficaz para conter a enfermidade, abrindo caminho para o uso da substância também no granuloma venéreo e na esquistossomose. Com isto se deu o início da quimioterapia anti-infecciosa. O trabalho foi publicado em alemão e teve repercussão mundial. Em sua tese de livre docência – Moléstia de Posadas-Wernicke. Lesões apendiculares -, descreveu a “blastomicose brasileira” ou paracoccidioidomicose (doença de Lutz, Splendore & Almeida) e não a coccidioidomicose (doença de Posadas & Wernocke), numa época em que o próprio Adolfo Lutz (1908), incorrera neste engano, ao descrever a doença. Pela primeira vez, ele traçou todo o quadro clínico e anatomopatológico da doença de Lutz.

Como se vê, era um jovem e promissor cientista. Em apenas 6 anos (1908-1914) publicou 23 trabalhos científicos de envergadura nas áreas: histologia, protozoologia, zoopatologia, microbiologia e anatomia patológica, micologia e quimioterapia. Em abril de 1914, enquanto fazia necropsia do cadáver de uma vítima de tuberculose, fez uma incisão no tórax em ponto onde, ele não sabia, havia grande quantidade de líquidos contaminados sob grande pressão torácica. Aberta a incisão, um jato contaminado atingiu sua boca, causando grave infecção tuberculosa que evoluiu para granulia e meningite, vindo a falecer 2 meses depois em 14/6/1914, aos 29 anos.

Em Belém, um decreto estadual celebrou o seu nascimento, 5 de maio, como “Dia de Gaspar Vianna” e, em 2001, nas comemorações do 25º aniversário da TV Liberal, de Belém, ele foi eleito “Paraense do Século XX”, pela descoberta da cura da Leishmaniose, que ajudou a salvar milhões de pessoas em todo o mundo. Em âmbito nacional, a “Revista do Hospital das Clínicas de São Paulo” inscreveu-o em uma lista dos dez maiores nomes da medicina brasileira no século XX, após enquete entre entidades médicas, científicas e educacionais. Em maio de 2016, a Assembleia Legislativa do Pará em parceria com a Fundação Hospital de Clinicas Gaspar Vianna, lançou um selo postal em comemoração ao seu aniversário. Na ocasião foi lançada, também, uma revista em quadrinhos contando sua curta e profícua trajetória – “Gaspar Vianna: legado de um herói” – para distribuição aos alunos de ensino médio. Um breve ensaio biográfico – “Opera Omnia de Gaspar Vianna – foi escrito por Edgar de Cerqueira Falcão e publicado, em 1962, pela Empresa Gráfica Revista dos Tribunais.

 


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