Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial segunda, 21 de outubro de 2019

OS BRASILEIROS: JOSUÉ DE CASTRO

 

 

OS BRASILEIROS: Josué de Castro

Josué Apolônio de Castro nasceu no Recife em 05/09/1908. Médico, nutrólogo, geógrafo, sociólogo, professor, político, escritor e autoridade mundial no combate à fome. Seus primeiros estudos se deram em casa com sua mãe professora e continuados no Instituto Carneiro Leão e Ginásio Pernambucano. Durante a infância, morava próximo dos mangues, uma região de mocambos habitada por retirantes e infestada de caranguejos. Foi seu primeiro contato com o problema da fome vista de perto.

Ainda jovem, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi estudar na Faculdade Nacional de Medicina. Não obstante o interesse pela psiquiatria, foi levado a se especializar em Nutrição. Aos 21 anos retornou ao Recife e montou sua clínica. Pouco depois foi contratado numa fábrica para examinar trabalhadores com problemas de saúde indefinidos e acusados de indolência. Numa conversa com os patrões expôs o diagnóstico: “Sei o que meus clientes têm. Mas não posso curá-los porque sou médico e não diretor daqui. A doença dessa gente é fome”. Foi demitido do emprego e passou a encarar a dimensão social da doença, que era ocultada por preconceitos sociais e climáticos.

Sua preocupação social foi aguçada com a Revolução de 30, colocando a política brasileira em estado de ebulição. Por esta época, passou a realizar pesquisas sociais sobre os problemas da alimentação em bairros operários do Recife. Tais estudos levaram-no a ver a fome como uma catástrofe social e não uma consequência das condições físicas, climáticas e étnicas, como alguns estudos afirmavam. Sua conclusão foi que o desnível social resultava de uma estrutura econômica e social imposta no período colonial e mantida nos períodos imperial e republicano. Em 1932 tornou-se professor livre-docente da Faculdade de Medicina de Recife, com a tese “O problema fisiológico na alimentação”. No mesmo ano orientou a realização de uma pesquisa pioneira no Brasil, relacionando a produtividade com a alimentação do trabalhador.

A pesquisa resultou na publicação de seu primeiro livro, em 1935: “Condições de vida das classes operárias do Recife” e serviu como base posterior para a formulação do salário-mínimo. No mesmo ano casou-se com sua ex-aluna Glace Rego Pinto e foi morar no Rio de Janeiro. Após breve período de dificuldades financeiras, passou a lecionar Antropologia na Universidade do Distrito Federal, organizada por Anísio Teixeira. Paralelo a atividade docente, passou a escrever com regularidade e publicou o livro “Alimentação e raça”, em 1936. Embora não fosse filiado à ALN-Aliança Libertadora Nacional, publicou vários artigos em jornais ligados ao partido. Em 1937, publicou o livro “A alimentação brasileira à luz da geografia humana”, causando grande expectativa no meio acadêmico e político-social. Ao todo chegou a publicar 30 livros, incluindo literatura –Festa das letras -, publicado junto com Cecília Meireles, em 1939.

Nesta época foi criada a Universidade do Brasil, onde passou a ocupar a Cátedra de Geografia Humana, defendendo a tese sobre “Fatores de localização da cidade do Recife”. Em 1938 foi convidado pelo governo italiano para realizar conferências nas universidades de Roma e Nápoles sobre a temática “Os problemas de aclimatação humana nos trópicos”. A partir daí, passou a ficar famoso como nutrólogo, sociólogo, geógrafo etc. De 1940 em diante participou de todos os projetos governamentais ligados à alimentação; coordenou a implantação dos primeiros restaurantes populares; dirigiu as pesquisas do Instituto de Tecnologia Alimentar e criou a revista Arquivos Brasileiros de Nutrologia. No mesmo ano, passou a trabalhar no Serviço de Alimentação e de Previdência Social (SAPS), e fundou a Sociedade Brasileira de Alimentação. Em 1944 foi criado o Instituto Técnico de Alimentação, cuja direção ficou a seu cargo. Foi convidado oficial de vários países para estudar os problemas de alimentação e nutrição: Argentina (1942), Estados Unidos (1943), República Dominicana e México (1945) e França (1947).

Em 1946 publicou “Geografia da fome”, causando impacto no meio politico. Enfatizou as origens socioeconômicas da tragédia e denunciou as explicações deterministas desse quadro. No mesmo ano, fundou e dirigiu o Instituto de Nutrição da Universidade do Brasil. Cinco anos após lançou “Geopolítica da fome”, causando impacto ainda maior, passando a analisar o problema em escala mundial. Os dois livros foram publicados em vários países e contribuiu para que, em 1951, assumisse a presidência do Conselho Executivo da FAO-Food and Agricultural Organization (1952-56) e membro da Comissão Nacional de Política Agrária, criada por Vargas em 1951. Dois anos depois, foi nomeado vice-presidente da Comissão Nacional de Bem-estar Social. Naquele ano, ele fora ainda candidato de Vargas, que voltara ao poder pelo voto, a Ministro da Agricultura. Porém, foi impedido pelo PSD-Partido Social Democrático. Uma de suas facetas pouco conhecida é o gosto pelo cinema. Na época em que dirigia a FAO, em Roma, seus escritos interessaram os cineastas Roberto Rosselini e Cesare Zavattini a fazer filmes baseados na geografia e geopolítica da fome. Tal interesse resultou no filme “O Drama das secas”, dirigido por Rodolfo Nanni, em 1958.

Convidado a entrar na Política, ingressou no PTB-Partido Trabalhista Brasileiro e foi o Deputado Federal (1954-58 e 1958-62) mais votado em todo o Nordeste. Em seguida, foi embaixador do Brasil na Conferência Internacional de Desenvolvimento, da ONU, em Genebra e na reunião da FAO, em Roma. Como Deputado, apresentou os projetos de regulamentação da profissão de nutricionista e de reforma agrária. Com o Golpe de 1964, foi destituído do cargo de embaixador do Brasil junto a ONU. Sem condições de voltar à pátria, estabeleceu-se em Paris e foi acolhido pelo governo francês, designado professor do Centro Universitário de Vincennes, lecionando também na Universidade de Paris. Ministrou aulas de pós-graduação no Instituto de Altos Estudos para a América Latina; chefiou o Centro Internacional de Desenvolvimento, atuando sobretudo na África; presidiu o Comitê para a Constituição dos Povos e foi vice-presidente da Associação Parlamentar Mundial. Nesta fase, além da influência sobre os estudantes de todo o mundo que convergiam para estudar em Paris, canalizou esforços para a solução dos problemas da Paz. Aí viveu os 10 últimos anos, onde faleceu em 24/09/1974 e foi sepultado no Rio de Janeiro.

Entre os prêmios e condecorações que recebeu, constam: Prêmio Pandiá Calógeras (1937), Professor Honoris Causa da Universidade de San Domingos e de San Marcos (1950), Prêmio Franklin D. Roosevelt, da Academia de Ciências Políticas dos EUA (1952), Prêmio Internacional da Paz (1954), Oficial de Honra, do governo francês (1955), Grã-Cruz in memoriam, da Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura (2006). Foi ainda indicado ao Prêmio Nobel da Paz nos anos de 1953, 1963, 1964 e 1965. Sua memória e legado são mantidos no “Centro de Estudos e Pesquisas Josué de Castro”, fundado em 1979, no Recife. Em 1987 sua família incorporou todo seu acervo documental e biblioteca ao Centro, colocados à disposição do público e pesquisadores. Trata-se de um expressivo acervo de informações referentes aos problemas da fome e do subdesenvolvimento. Para acessar, bata clicar aqui.

Josué de Castro: cidadão do mundo

 


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