Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial segunda, 21 de setembro de 2020

OS BRASILEIROS: MATTA E SILVA

 

 

OS BRASILEIROS: Matta e Silva

Woodrow Wilson da Matta e Silva nasceu em 18/7/’1916, em Garanhuns, PE. Médium umbandista e fundador da primeira “Escola Iniciática de Umbanda Esotérica” do Brasil. Considerado codificador da religião, escreveu alguns tratados mediúnicos com o objetivo de esclarecer e unificar a doutrina religiosa. O adjetivo “esotérica” busca se diferenciar das ramificações existentes na umbanda, sem confrontá-las, realizando um estudo de seus componentes e estrutura.

Seu pai, admirador do presidente dos EUA na época, deu-lhe o nome que ninguém sabia pronunciar. Aos 5 anos a família mudou-se para o Rio de Janeiro e aos 9 a mediunidade começa a se manifestar através de visões de entidades. Nada compreendia do que via e/ou sentia, pois até ali nunca teve formação religiosa; os pais não seguiam religião alguma. Ao 15 anos, morando no centro do Rio e trabalhando como auxiliar de serviço num jornal carioca, teve as primeiras manifestações do Preto-velho “Pai Cândido”. Pouco depois, as incorporações foram regularizadas e passou a atender as pessoas com conselhos e orientações. Pouco depois, já familiarizado com as “visitas” semanais de “Pai Cândido”, os fenômenos e visões desapareceram.

Em 1933, aos 17 anos, foi orientado a encontrar um local para desenvolvimento de sua mediunidade. Passou a visitar diversas “Tendas Espíritas” já existentes na época. Porém, seu mentor espiritual dizia-lhe que deveria ter sua própria casa de auxílio espírita. Em seu 7º livro – Umbanda e o poder da mediunidade – relata que “sempre tive uma tendência irrefreável, desde muito jovem, 16, 17 anos de idade, que me impulsionava a ver as chamadas ‘macumbas cariocas’. Claro está que não estava ainda conscientizado do “por que” de semelhantes impulsos”. Em 1937 mudou-se para o bairro Pavuna, montou um pequeno “Terreiro” e tornou-se “Pai-de-Santo”, com o nome de “Mestre Yapacani”. A partir de 1954, a entidade “Pai Guiné” passou direcionar sua vida mediúnica. Recebeu deste Preto-velho a mensagem “7 Lágrimas de Pai Preto”, que viria a se tornar um dos marcos da renovação da Doutrina Umbandista. Trata-se de uma oração mostrando a realidade do dia-a-dia de um Terreiro e as diferentes pessoas que o procuram em busca de auxílio espiritual. Pouco depois passou a escrever para o “Jornal de Umbanda”, artigos como “A lei dentro da umbanda”, “A magia da umbanda”, “A ponta do véu”, Aos aparelhos umbandistas: Alerta!”, Invocação de umbanda” etc.

Tais artigos preparavam, sem que ele tivesse uma clara consciência do que estava por vir: a obra que viria transformar todo o entendimento que se tinha até então sobre a umbanda. Por essa época teve visões mediúnicas, onde via um “Velho Payé” folheando um grande livro, junto a um colegiado de mentores espirituais, indicando que o momento de escrever obras doutrinárias se aproximava. Assim, em 1956 foi publicada a obra Umbanda de todos nós (A lei revelada), numa edição bancada por ele mesmo. O livro sacudiu o meio umbandista e teve a 1ª edição de 3.500 exemplares esgotada em pouco tempo. A 2ª edição saiu por uma editora conceituada, a Livraria Freitas Bastos. Até aí Seu Matta ainda não sabia que estava iniciando sua missão como escritor codificador da Umbanda.

No ano seguinte publicou Umbanda: sua eterna doutrina, trazendo complexos mapas explicativos e conceitos esotéricos nunca divulgados. A obra é uma continuidade, um aprofundamento da anterior. “Seu Matta” era um pai-de-santo incomum naquele ambiente: tinha convicções firmes, opiniões contundentes e era um crítico severo de alguns rituais praticados na Umbanda. Combatia os rituais de matança de animais, uso de bebidas alcoólicas em excesso nos terreiros e as vaidades fetichistas. Em 1958 “recebeu” um preto-velho, chamado “Pai Guiné de Angola”, que veio para auxiliar seu guia espiritual “Pai Cândido”. Na ocasião foi riscado o ponto com as “Ordens e Direitos de Trabalho”

O 3º livro – Lições de Umbanda (e Quimbanda) na palavra de um preto-velho – veio em 1961 e foi mais bem sucedido junto ao público que os anteriores. Apresenta o diálogo entre um discípulo chamado Cícero com o Preto-Velho. O estilo do livro na forma de diálogo certamente ficou mais compreensível para o público e ocasionou a necessidade de mais esclarecimentos. Desse modo, Seu Matta continuou sua missão com o 4º livro, publicado em 1963: Mistérios e Práticas da Lei de Umbanda, aprofundando os conceitos referentes a magia, mediunidade e oferendas numa linguagem mais acessível. No ano seguinte veio a 5ª obra: Segredos da Magia de Umbanda e Quimbanda (1964), onde apresenta uma abordagem prática de alguns rituais da magia de umbanda. No mesmo ano lançou a 6ª obra: Umbanda e o poder da mediunidade, explicando a necessidade de restauração da umbanda no Brasil e mostrando suas verdadeiras origens.

Após breve período de descanso, retornou em 1966 com outra obra sob orientação de uma corrente astral liderada por uma entidade que se identificou como “Caboclo Velho Payé”. A complexidade da obra levou mais de um ano para ser melhor explicada pelos mentores com imagens, quadros, diagramas e informações por via intuitiva. Em 1967 saiu a edição da Doutrina Secreta da Umbanda, complementando e ampliando conceitos tratados no livro Umbanda: sua eterna doutrina, publicado em 1957. Em seguida adquiriu um terreno contíguo a sua casa, em Itacuruçá, e instalou a “Tenda de Umbanda Oriental (TUO)”, onde seus “filhos-de-fé” passaram a frequentar por mais de 20 anos. Alguns destes filhos tornaram-se conhecidos em todo o País e um deles deu continuidade ao seu trabalho de aprofundar os estudos e procurar a unificação da umbanda como religião. Trata-se do paulista Francisco Rivas Neto, que também publicou alguns tratados e fundou a Faculdade de Teologia Umbandista-FTU, em São Paulo, em 2003, mantida pela Ordem Iniciática Cruzeiro do Sul.

Em 1969 veio à tona mais uma obra, segundo ele mesmo “de fôlego”: Umbanda no Brasil. São 368 páginas sintetizando os 7 livros anteriores. Em pouco tempo, o livro esgotou e Seu Matta se consolida como um dos autores mediúnicos mais respeitados no Brasil. Em 1970 publicou seu último livro: Macumbas e Condomblés na Umbanda, trazendo muitas fotos e o registro de vivências místicas e ritualísticas dos cultos afro-brasileiros. Mudou-se para Volta Redonda e passou a dar consultas e palestras na TUO 2 vezes por semana. Em 1977 foi convidado pelo cineasta Rogério Sganzerla para participar do documentário “Ritos Populares: Umbanda no Brasil”, exibido no 23º Festival de Cinema de Turim – Tribute to Rogério Sganzerla, (2005), na Mostra Cinema do Caos CCBB, no Rio de Janeiro (2005) e na “Ocupação Rogério Sganzerla” no Itau Cultural, em São Paulo (2010).

Não tão idoso, mas com a saúde abalada, decidiu voltar a morar em Itacuruçá, em 1984, junto a sua Tenda (TUO) e veio a falecer em 17/4/1988, aos 72 anos. Seus livros e sua trajetória mediúnica redefiniram a Umbanda e deram à religião fundamentos, normas e um sistema de ordenação lógico e racional, sedimentando o conhecimento dos devotos e fiéis que nela expressam sua fé. Além dos devotos, muitos umbandistas e Chefes de Terreiro de várias partes do Brasil procuravam sua Tenda em busca de ajuda ou de uma filiação espiritual que legitimasse a sua própria Entidade.

 

 

 


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