Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial domingo, 23 de janeiro de 2022

OS BRASILEIROS: PADRE ROMA
 

OS BRASILEIROS: Padre Roma

José Domingos Brito

 

 

José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, mais conhecido como Padre Roma, nasceu no Recife, PE, em 1768. Advogado, religioso e um dos líderes da Revolução Pernambucana de 1817. Demonstrou vocação religiosa aos 16 anos e entrou para o Convento do Carmo, em Goiana. Em seguida foi para Portugal e fez o curso de Teologia na Universidade de Coimbra. Depois partiu para Roma, onde concluiu os estudos religiosos e ordenou-se padre. Mais tarde a vocação religiosa foi colocada em dúvida; pediu dispensa da Ordem Carmelita, em 1807. No Recife; casou-se; abriu uma banca de advocacia e passou a conspirar contra o domínio português e lutar pela independência do Brasil.

Era um homem culto com conhecimentos de grego e latim e por ter vivido em Roma recebeu este apelido. Possuía o dom da oratória e era dotado de sólidos conhecimentos jurídicos. Assim, ficou famoso no Recife, particularmente por defender causas populares e adesão às ideias liberais em voga na época. Com a vinda de Dom João VI, em 1808, foram criados muitos impostos para manter a família imperial, e o Brasil passou por profundas mudanças com uma opressiva administração da colônia. Ao mesmo tempo, ideais nativistas e anticolonialistas eram defendidos pela maçonaria e propagados em centros como o Areópago de Itambé e o Seminário de Olinda. Dessa forma, os interesses de alguns militares, dos padres e maçons uniram-se num mesmo ideal de emancipação política do Brasil.

Estes grupos passaram a conspirar abertamente contra o poder imperial e as ordens vindas do Rio de Janeiro. Os padres tinham um papel relevante na conspiração, incitando os fiéis à causa libertária do jugo português. Os preparativos para a revolta popular foram se acumulando até 6/3/1817, quando o governador da província – Caetano Pinto de Miranda Montenegro – mandou prender os revoltosos implicados na conspiração. O primeiro a receber ordem de prisão foi o capitão José de Barros Lima, apelidado de “Leão Coroado”, que atravessou com uma espada o oficial português encarregado de prendê-lo. A revolta alastrou-se rapidamente e tomou as ruas do Recife. Em seguida os revoltosos elegeram o Governo Provisório, composto por 5 membros representantes do exército, clero, comércio, agricultura e magistratura.

A revolta logo teve a adesão do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Padre Roma, devido a sua eloquência e poder de convencimento, foi designado para ir clandestinamente até a Bahia para obter adesão ao movimento. Levou mais de 50 correspondências endereçadas a membros da maçonaria baiana e outros simpatizantes. Depois de velejar numa jangada pela costa de Alagoas até a praia de Itapuã, em Salvador, avistou as tropas portuguesas que o aguardava. Jogou todos os papéis no mar, para não incriminar os aliados baianos, e foi preso. Junto com ele, vinha seu filho mais novo, Luís Ignácio. O mais velho, com o mesmo nome do pai e futuro General Abreu e Lima, já estava preso em Salvador.

Foi preso em 26/6/1817 e nos três dias em que foi torturado não entregou os companheiros que contataria em Salvador. A tortura incluía a visita ao cárcere do filho mais jovem nu e estendido sobre a lama, mais parecendo um espectro do que ser vivente. O filho mais velho – Abreu e Lima – que já estava preso há mais tempo, manifestou o desejo de ver o pai antes do fuzilamento. Seus algozes portugueses atenderam o pedido. Foi obrigado a assistir o fuzilamento do pai, por ordem do Conde dos Arcos, em 29/6/1817. Ele já foi incluído neste Memorial e pode ser visto clicando aqui.

Segundo o historiador Pereira da Costa, autor do Dicionário Biográfico de Pernambucanos Célebres, a morte do Padre Roma foi assim descrita pelo filho Abreu e Lima, presente na execução: “O seu porte em presença do conselho, no oratório e durante o trajeto para o lugar do suplício, foi sempre o de um filósofo cristão, corajoso, senhor de si, mas tranquilo e designado. Suas faces não se desbotaram senão quando o sangue que as tingia correu de suas feridas, regando o solo onde, cinco anos depois, se firmou para sempre a independência de sua pátria”. Conta ainda a história que em seus últimos instantes, ele dispensou a venda nos olhos, encarou o pelotão de fuzilamento, pôs a mão sobre o coração e gritou: “Camaradas eu vos perdôo a minha morte. Lembrai-vos que aqui é a fonte da vida!”.

Procurei na Internet alguma biografia do Padre Roma e não encontrei. Achei apenas alguns curtos verbetes, mas ele é um nome conhecido em muitas cidades do País com seu nome dado a diversos logradouros. Aqui mesmo, em São Paulo, no bairro da Lapa temos uma importante rua chamada Padre Roma. Porém, acho que muitas pessoas não sabem a quem se refere aquele nome. Já perguntei a alguns moradores e tive mais de uma resposta dizendo a mesma coisa: “Não sei, mas deve ser ao Papa, né? O padre de Roma.”

Clique aqui e assisto ao vídeo Lula, padre Roma e a luta pela liberdade e a soberania


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