Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial quarta, 29 de junho de 2022

OS BRASILEIROS: PEREIRA PASSOS

 

 

OS BRASILEIROS: Pereira Passos

José Domingos Brito

 

 

Francisco Franco Pereira Passos nasceu em São João Marcos, RJ, em 29/8/1836. Engenheiro, político e prefeito do Rio de Janeiro (1902-1906), nomeado pelo presidente Rodrigues Alves. Foi chamado por Olavo Bilac de “furor das picaretas regeneradoras” e recebeu da população o apelido de “Bota Abaixo”, devido a radical transformação urbana ocorrida na cidade, colocando-a no patamar das metrópoles mundiais.

 

Filho de Clara Oliveira e Antônio Pereira Passos, barão de Mangaratiba. Teve os primeiros estudos no Colégio São Pedro de Alcântara e ingressou na Escola Militar (atual Escola Politécnica da UFRJ), onde diplomou-se engenheiro civil em 1856. No ano seguinte mudou-se para Paris e estudou na École de Ponts et Chaussées. Conviveu com a reforma ubana empreendida pelo Barão Haussmann, o “artista demolidor”,  prefeito da cidade, que ficou conhecido na história do urbanismo. Retornou ao Brasil, em 1860, e passou a dedicar-se à construção e expansão das ferrovias requeridas pela demanda da economia cafeeira: Estrada de Ferro Santos-Juundiaí (1867), prolongamento da Estrada de Ferro D.Pedro II (1868). Foi também consultor do Ministério da Agricultura e Obras Publicas (1870).

 

Voltou à Europa em companhia do Visconde de Mauá, a serviço do Governo Imperial e estudou os sistemas ferroviários, particularmente na Suiça, onde analisou a estrada de ferro com grande inclinação para aplicar o sistema no prolongamentio da estrada de ferro da Serra de Petrópolis. Tal sistema foi aplicado fambém na Estrada de Ferro do Corcovado, a primeira estrada turística do Brasil. Convidado pelo Barão de Mauá, diriigiu o Arsenal de Ponta da Areia, na construção de vagões, trihos e equipamentos ferroviários. Na condição de engenheiro do Império, acompanhou todas as obras urbanas e integrou a comissão de planejamento da reforma urbana da capital, base do futuro plano diretor que iniciaria mais tarde como prefeito.

 

Passou mais um ano em Paris, onde estudou na Sorbonne, no College de France e visitando siderúrgicas e obras públicas. Na volta ao Brasil, passou a residir no Paraná para acompanhar a construção da ferrovia ligando o Porto de Paranaguá a Curitiba, um projeto realizado pelos irmãos Rebouças (André e Antonio) que até hoje se destaca pela ousadia em sua concepção. Após sua inauguração em 1882, retornou ao Rio de Janeiro e assumiu a diretoria da Companhia Ferro-Carril de São Cristovão. Em dois anos reestruturou a empresa e propôs a  construção de uma grande avenida no centro da cidade. O plano só veio  prosperar 20 anos depois com a abertura da Avenida Central, quando tornou-se prefeito. Vale lembrar que no início do séc. XX, o Rio de Janeiro era uma grande  cidade com quase um milhão de habitantes, conhecida no mundo como “cidade da morte”, devido a precariedade de sua infra-estrutura com o rápido e desordenado crescimento ocorrido pela imigração europeia e pela transição do trabalho escravo para o livre.

 

Quando assumiu a prefeitura, em 1902, o centro da cidade com sua estrutura colonial não dispunha de equipamentos urbanos e eclodiam as habitações coletivas insalubres (cortiços) em ruas estreitas sem abastecimento de água e rede de esgotos. Tal adensamento da população em condições precárias foi a causa de epidemias de febre amarela, varíola e cólera no segundo ano de seu governo, resultando na ação do médico Oswaldo Cruz e a consequente “Revolta da Vacina”, em 1904. Assim, a reforma urbana visava o saneamento, o urbanismo e embelezamento da cidade. Logo no inicio, foram iniciadas as obras da Av. Beira Mar ligando o centro da cidade ao Morro da Viúva. Esta obra foi muito útil na ligação posterior com a abertura dos túneis.

 

Um dos marcos de sua administração é Avenida Central (atual Av. Rio Branco), com 1.800 m. de comprimento e 33 m. de largura, que ainda hoje exerce o papel de centro econômico e administrativo. Outro marco destacado é a Av. Atlântica no bairro de Copacabana. A lista de suas obras é grande e vale registrar algumas: Biblioteca Nacional (1905), Vista Chinesa (1903), ajardinamento da Praça Tiradentes, Largo do Machado, Praça da Glória entre outras (1903), Mercado Municipal (1907), Aquário do Passeio Público (1904), Teatro Municipal (1905), Av. Maracanã, Embelezamento de Paquetá (1904), Palácio Monroe (1906), alargamento e abertura de diveras ruas do centro etc., além da demolição de alguns morros para permitir o arejamento de zonas densamente povoadas. Calcula-se que 1.600 velhos prédios foram demolidos para alargamento e construção de novas ruas.

 

Com suas obras e o trabalho do sanitarista Oswaldo Cruz, o Rio perdeu o apelido de “Cidade da Morte” e passou ficar conhecido como “Cidade Maravilhosa”. O custo social da empreitada foi enorme. A população com alguma renda teve que mudar-se para o subúrbio e os  mais pobres tiveram que habitar nas encostas dos morros, engrossando o contingente das favelas que começavam a surgir desde a abolição da escravatura. Boa parte da população permaneceu na região e nos morros do centro da cidade: Providência, Santo Antônio. Outros, pouco habitados, sofreram uma rápida ocupação com o contigente operário, dando origem as favelas.    

 

Foi um dos primeiros presidentes do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro e teve papel destacado no desenvolvimento da engenharia em seus primórdios. A prefeitura do Rio de Janeiro prestou-lhe uma homenagem em reconhecimento ao seu trabalho com um monumento e seu busto esculpido em bronze por Rodolfo Bernardelli, localizado na Praça da Igreja da Candelária, em 1913, ano de seu falecimento a bordo do navio Araguaia, quando realizava mais uma de suas viagens à França. Publicou também uma breve biografia -Pereira Passos, vida e obra- na coleção “Rio Estudos, nº 221, em agosto de 2006.

 


A REFORMA URBANA DO RIO DE JANEIRO - YouTube

 


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