Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial terça, 30 de novembro de 2021

OS BRASILEIROS: PLÁCIDO DE CASTRO

 

OS BRASILEIROS: Plácido de Castro

José Domingos Brito

 


 

José Plácido de Castro nasceu em 12/12/1873, em São Gabriel, RS. Militar do Exército Brasileiro, no posto de Major, combateu na Revolução Federalista (1893-1895) ao lado dos “Maragatos” contra os “Chimangos” do Partido Republicano comandando por Júlio de Castilhos. Recusou a anistia oferecida aos envolvidos na revolta, abandonou a carreira militar e foi para o Acre, onde liderou a guerra contra a Bolívia para anexar aquela região ao território brasileiro.

 

Filho, neto e bisneto de militares, trabalhou em diversas atividades desde os 9 anos e ficou órfão de pai aos 11. Continuou trabalhando até os 16 anos, quando entrou no 1º Regimento de Artilharia de Campanha como 2º cadete. Pouco depois matriculou-se na Escola Tática do Rio Pardo, obtendo máximo aproveitamento e voltou ao Regimento, onde serviu como 2º sargento. Ao se dar a “Revolução Federalista, em 1893, era aluno da Escola Militar de Porto Alegre. A renúncia de Deodoro da Fonseca e a posse do vice Floriano Peixoto, desagradou parte do Exército, que queria novas eleições diretas. Os dois grupos: Federalistas (Maragatos) e Republicanos (Chimangos) entraram em conflito e Plácido aderiu aos Federalistas, que foram derrotados no conflito que durou por 2 anos.

 

A causa da Revolução Federalista consistiu no fato de os Maragatos quererem um governo mais descentralizado, uma federação de estados e os Chimangos pleiteavam um governo mais centralizado, uma república. Ao fim da revolta, com a vitória dos Chimangos, todos os envolvidos no conflito foram anistiados, mas ele recusou a anistia, abandonou a carreira militar e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde tornou-se agrimensor. Inquieto e aventureiro, mudou-se para o Acre, em 1899, uma região em conflito na demarcação de fronteiras com a Bolívia. Aos 26 anos viu ali uma oportunidade para tentar a sorte, tendo em vista as ofertas oferecidas ao trabalho de agrimensor na demarcação de terras.  

 

Em princípios do século XX, já instalado na região, tomou parte nos conflitos entre o Brasil e a Bolívia pelo domínio da região. Sua participação na “Revolução Acreana” se deu em 1902, quando a Bolívia arrendou o território a um sindicato estrangeiro (Bolivian Syndicate), constituído por capitais ingleses e norte-americanos. Tratava-se de uma guerra pela conquista do mercado da borracha em alta no mercado internacional. Com recursos financeiros e militares fornecidos pelo Sindicato, os bolivianos travaram algumas batalhas com os brasileiros, em grande parte seringueiros habitantes da região. Numa das batalhas, com apenas 60 seringueiros sob seu comando, enfrentou um contingente de 400 bolivianos. Na batalha final seu “exército”, contando com 30 mil homens, venceu as tropas bolivianas contando com 100 mil soldados

 

Assim, foi proclamado o “Estado Independente do Acre’, tendo Plácido de Castro como protagonista do evento. Poucos meses depois batalha final, ele esteve em Riberalta, cidade boliviana, para tratar da legalização das terras em sua posse e ficou surpreendido pela acolhida dos habitantes numa recepção promovida por Don Nicolas Suarez, o maior proprietário de terras daquela região, para lhe agradecer em nome de seu país, a fidalguia com que Plácido tratara seus compatriotas bolivianos prisioneiros de guerra.

 

Em 1903, com o “Tratado de Petrópolis”, o Acre foi anexado ao Brasil e o “Estado Independente” foi dissolvido, mas ele continuou por lá exercendo poder e influência até que em 1906 foi nomeado governador do “Território do Acre”.  Pouco depois viajou para o Rio de Janeiro, em visita à família, e lhe foi oferecido o posto de coronel da Guarda Nacional, que foi prontamente recusado. Quando voltou à região, foi nomeado prefeito da Região do Alto Acre. Sua atuação e conquistas nos confins do Brasil causaram ciúmes em alguns líderes políticos, particularmente no subdelegado das tropas acreanas -coronel Alexandrino José da Silva-, que insatisfeito com sua posição no poder do Acre, bem menor que o de Plácido, dizem que armou uma emboscada composta por mais de 10 jagunços e mataram-no em 11/8/1908.

 

Antes de falecer, pediu ao irmão Genesco de Castro: "Logo que puderes, retira daqui os meus ossos. Direi como aquele general africano: 'Esta terra que tão mal pagou a liberdade que lhe dei, é indigna de possuí-los.'”. O crime nunca foi devidamente investigado e ficou para sempre impune. Seus ossos foram sepultados no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. A família fez questão de deixar gravado no pedestal do túmulo os nomes e sobrenomes dos seus 14 carrascos. Passado um longo tempo, passou a receber diversas homenagens no Acre, no Rio Grande do Sul e reconhecido em âmbito nacional.

 

Em 1973, no centenário de nascimento, foi inaugurado um busto em sua homenagem na Praça Nações Unidas, em Porto Alegre. Seu nome é reverenciado na região norte como o “Libertador do Acre” e em 1976 seu nome foi dado ao novo município criado a 100 km. da capital Rio Branco. É também o patrono do 4º Batalhão de Infantaria de Selva do Exército Brasileiro, o “Batalhão Plácido de Castro”. Em 2004 foi entronizado no “Panteão da Pátria e da Liberdade”, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Sua vida e legado foram documentados no livro Plácido de Castro: um caudilho contra o imperialismo, uma narrativa histórico-biográfica, escrita por Cláudio Araújo Lima, na década de 1950.  Um livro bem recebido pelo público, que se encontra na 6ª edição, publicado pela Editora Valer.

 

Plácido de Castro - Construtores do Brasil - YouTube


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros