Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial quarta, 13 de abril de 2022

OS BRASILEIROS - RADAMÉS GNATTALI

OS BRASILEIROS: Radamés Gnattali

(José Domingos Brito)

 

 

 

Radamés Gnattali nasceu em Porto Alegre, RS, em  27/1/1906. Músico, compositor, pianista, maestro e um dos mais destacados arranjadores musicais. Substituiu Pixinguinha na gravadora RCA Victor; trabalhou 30 anos como arranjador na Rádio Nacional; fez arranjos para os 4 grandes cantores do rádio: Francisco Alves, Silvio Caldas, Carlos Galhardo e Orlando Silva; participou da criação do choro, como forma musical e foi um dos maiores compositores da música clássica brasileira.

 

Nascido numa família de músicos italianos, foi iniciado no piano aos 3 anos pela mãe Adélia Fossati Gnattali. Aos 14 ingressou no Instituto de Belas Artes de Porto Alegre e passou a dedicar-se ao estudo da música através do piano, flauta, clarineta, violino e viola, dentre outros instrumentos. Formado em 1924, iniciou tocando piano em cinemas e bailes de Porto Alegre, além de participar de serestas e blocos carnavalescos tocando cavaquinho e violão. No ano seguinte integrou o quarteto de cordas de Henrique Oswald, onde atuou por 4 anos. 

 

Em fins da década de 1920, mudou-se para o Rio de Janeiro com a intenção de tornar-se concertista. Antes, porém, teve que se manter tocando viola e piano em orquestras de teatro e da Rádio Clube do Brasil e integrar o quarteto do Hotel Central. Em 1930 apresentou ao público suas primeiras composições eruditas. Mas para garantir a manutenção, aproximou-se da música popular e passa a trabalhar como arranjador, regente e compor para o teatro musicado. Por essa época gravou seus primeiros choros utilizando o pseudônimo “Vero”. Com a proliferação das rádios comerciais e início da indústria fonográfica, passou a ser mais solicitado e deixa a carreira de concertista em segundo plano.

 

Segue compondo música erudita nas horas vagas entremeadas com alguns concertos. Em 1936, foi contratado como maestro e arranjador na Rádio Nacional e criou a Orquesta Carioca. Com o acréscimo de 2 violões, cavaquinho e vasta percussão, criou a Orquestra Brasileira de Radamés Gnattali, em 1943. A proposta é clara: dar um ar mais brasileiro às orquestrações.  Segundo os críticos, ele criou um estilo próprio ao sistematizar uma nova forma de orquestrar o samba, ao transferir a cadência rítmica da percussão para o naipe dos metais. Tal recurso pode ser ouvido no “riff” da Aquarela do Brasil, executado pelos saxofones. “Riff’ (refrão) é um pequeno fragmento rítmico-harmônico, em geral sincopado, executado na forma de “ostinato”, que vem a ser uma figura repetida obstinadamente.

 

Tal como Pixinguinha, suas composições têm alguma influência do jazz, como no uso da orquestra completa de metais, que gera nos arranjos um timbre influenciado pela música norte-americana, mas criando um estilo próprio. Na década de 1930, o rádio e a música popular representam a ideologia do governo Vargas. Assim, de modo semelhante ao maestro Villa-Lobos, ele aproveita o espaço aberto aos novos maestros e arranjadores. Claro que sua atuação, como a de Villa-Lobos, não é fazer propaganda do governo. Porém, estão em consonância com os projetos do governo e com a atuação da Divisão de Radiodifusão do DIP-Departamento de Imprensa e Propaganda. O trabalho destes compositores ajudou a criar um “imaginário sonoro” do País com um repertório “nacional” de qualidade musical.

 

Com o fim da era Vargas, em 1945, liberta-se dessa fase nacionalista neoclássica e parte para as grandes formas musicais, tais como “Trio miniatura”, “Brasiliana nº 1” e “Concerto romântico’. Mesmo nos arranjos feitos para os 4 grandes cantores do Rádio, podem-se ouvir alguns instrumentos e timbres considerados como precursores da bossa nova. O arranjo de “Copacabana”, por exemplo, gravado em 1946 por Dick Farney, é considerado por alguns críticos como um marco neste processo, que culminou na bossa nova. Outra inovação é a instrumentação de suas peças, escrevendo para solistas, como “Concerto para harmônica de boca e orquestra”, para Edu da Gaita e “Concerto para acordeão e orquestra”, para Chiquinho do Acordeom.

 

Com o fim das orquestras radiofônicas e o surgimento da TV, passou a trabalhar na TV Excelsior e TV Globo como maestro e arranjador no período 1968-1979 e volta a dedicar-se à composição erudita. Ainda na década de 1970, com o renascimento do “choro”, deu algumas “canjas” com apresentações em público. Assim, transitou entre o popular e o erudito com uma vasta produção -mais de 400 obras- no repertório da música brasileira. Uma de suas últimas composições foi o “Hino de Mato Grosso do Sul”, que venceu o concurso público nacional, em 1979. Em 1983 recebeu o Prêmio Shell na categoria de música erudita.

 

No mesmo ano, junto com Elizeth Cardoso, prestou homenagem a Pixinguinha com o recital “Uma Rosa para Pixinguinha” e gravou o disco Vivaldi e Pixinguinha. Encerrou a carreira com a gravação de diversos volumes de história infantil para discos LP (Coleção Disquinho). Em 1986 sofreu um AVC que o deixou meio paralisado e veio a falecer em 13/2/1988. Temos uma vasta bibliografia sobre seu legado musical e em termos biográficos contamos com os livros de Valdinha Barbosa e Ana Maria Devos: Radamés Gnattali, o eterno experimentador, publicado pela FUNARTE, em 1985, e o de Aluísio Didier: Radamés Gnattali, publicado em 1996 pela editora Brasiliana Produções.

 

Radamés Gnattali - Gatinhos no piano (Radamés Gnattali, piano; e conjunto)

 

 


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