Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial quarta, 13 de outubro de 2021

OS BRASILEIROS: VICTOR BRECHERET

 

OS BRASILEIROS: Victor Brecheret

José Domingos Brito

 


 

Vittorio Brecheret nasceu em Farnese, Itália, em 15/12/1894. Escultor expoente do Modernismo no Brasil, tem diversas obras instaladas em logradouros de São Paulo, dentre as quais o “Monumento às Bandeiras”, no Ibirapuera. Considerado um dos principais artistas de vanguarda, nunca abandonou a formação clássica, ligada à arte greco-romana e renascentista e fez uso de diferentes técnicas de escultura, do mármore à terracota.

 

Ao perder a mãe aos 6 anos, foi criado pelo tio materno Enrico Nanni, cuja família emigrou para o Brasil quando o garoto tinha 9 anos. Só aos 30 e poucos anos é que recorreu à Justiça para inscrever seu registro de nascimento. Assim, consolidou sua nacionalidade brasileira. Quando criança, trabalhava e estudava, mas não se interessava pelos estudos. Era tímido, retraído e passava horas brincando com barro modelando figuras. Vendo seu interesse na modelação com barro, a Tia estimulou-o a se matricular no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, em 1912. Observando seu talento, os professores do Liceu incentivam-no e estudar em Roma, polo da escultura europeia.

 

Em 1914, através da Maçonaria, tornou-se auxiliar do escultor Arturo Dazzi, prestigiado artista que trabalhava para o rei Vittorio Emanuelle III. Ali aprendeu técnicas da tradição mesclando o clássico (Michelangelo) e o naturalismo com Auguste Rodin. Também conheceu o escultor Ivan Mestrovic, de quem sofreu influência com sua linguagem dramática e heroica. Em Roma participou de algumas mostras coletivas e foi elogiado pela crítica. Junto ao mestre Dazzi, não gostou das lições de anatomia com a dissecação de humanos e animais e abriu seu próprio ateliê, aos 22 anos, e passou a viver dizendo-se sul-americano para não ser convocado para a I Guerra Mundial. De volta ao Brasil, em 1919, reencontrou os amigos no Liceu e o novo diretor Ramos de Azevedo, que conseguiu-lhe um ateliê no Palácio das Indústrias.

 

Após um ano de enorme produção, foi descoberto pelos críticos e artistas modernistas, que viram em sua obra algo de novo, totalmente diferente do que existia na cena paulista. Aos poucos e em contatos com Di Cavalcanti, Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia, foi se integrando ao métier artístico até tornar-se o mestre da escultura do movimento modernista brasileiro, em 1922. Antes disso e já conceituado como escultor, recebeu a incumbência de realizar a maquete para o Monumento às Bandeira, evocando a saga dos bandeirantes, sua maior obra. Por motivos politicos, a obra só foi inaugurada 33 anos depois, na comemoração do IV Centenário da Cidade, em 1954, um ano antes de seu falecimento em 17/12/1955.

 

Em 1921 ganhou uma bolsa do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo e viaja para Paris, onde viveu por 5 anos. Mesmo ausente da Semana de Arte Moderna, participou do evento com 12 esculturas, dentre as quais a famosa “Cabeça de Cristo”, mais conhecida como “Cristo de trancinhas”, que foi adquirida por Mario de Andrade. Em Paris aprofundou sua arte ao fundir 3 fontes: ênfase no volume geométrico, tratamento sintético da forma, dado pelo escultor Constantin Brancusi e estilização elegante do “art-déco”. A partir daí passou a se utilizar de formas lineares e simplificadas de cunho ornamental evocando um clima de grande serenidade. Sua vivência em Paris, foi ntensificada a partir de 1923, com chegada de Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Anita Malfati, que introduziu-o no circuito das artes, conhecendo Blaise Cendrars e os cubistas André Lhote e Léger. A partir dessa época manteve a carreira vivendo entre Paris e São Paulo, em diversas exposições.

 

Após 15 anos em Paris, se estabeleceu em São Paulo, realizando encomendas de esculturas públicas e trabalhos religiosos. Em 1932 fundou, junto com outros artistas, a SPAM-Sociedade Pró-Arte Moderna e passa a cultivar temas ligados à cultura indigena em esculturas de bronze ou terracota. Na ocasião, retoma sua maior obra, o Monumento às Bandeiras. Pouco depois, retornou à Paris para destativar seu ateliê e se despedir de sua namorada, que foi contra o retorno ao Brasil, pois já era famoso por lá. Em 1938 casou-se com Jurandy Helena, retratada em diversas esculturas, e teve 3 filhos. Em 1941 deu-se o concurso internacional de maquetes para homenagear Duque de Caxias. Ele venceu o concurso, entre 30 concorrentes, e a estátua de 48 metros de altura –o duque em bronze montado num cavalo sob um um pedestal de granito- foi instalada na praça Princesa Isabel, centro da cidade. Dizem que é o maior  monumento equestre do mundo. Ou seja, suas duas maiores obras estão expostas em São Paulo.

 

Além destas grandes obras, existem outras de tamanho médio expostas noutros logradouros da cidade: Carregadora de perfumes, no Parque da Luz; Musa Impassível, na Pinacoteca do Estado; Fauno, no Parque Trianon; Graças, na Galeria Prestes Maia; Eva, no Centro Cultural São Paulo; Depois do banho, no Largo do Arouche, entre outras. Em sua fase final ampliou o interesse em representar temas indígenas na busca de uma identidade nacional. A obra O Índio e a Suaçuapara recebeu o primeiro Prêmio de Escultura Nacionnal da I Bienal de São Paulo, em 1951. Outra vertente enfocada nesta fase foi a escultura de santos, particularmente São Francisco (São Francisco e as Pombas, São Francisco com Boizinho, São Francisco com Jumento), incluindo a Cabeça de São Francisco, sua última obra.

 

Boa parte destas obras encontram-se hoje em coleções particulares e algumas em túmulos de cemitérios e igrejas centrais de São Paulo. Assim, tornou-se também mestre na “arte funerária”. Em 2007 foi realizada uma grande exposição de suas obras no Centro Cultural da Caixa Econõmica, em São Paulo. Uma visão completa de seu legado e obras podem ser vistas na Fundação Victor Brecheret, criado por sua filha Sandra Brecheret, através do site www.victor.brecheret.nom.br, onde consta uma entrevista com o escultor, realizada em 1953.

 

 


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