Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Raimundo Floriano - Perfis e Crônicas segunda, 28 de agosto de 2017

OS LANDWEHR: DO HOLOCAUSTO AO PARAÍSO BRASILIENSE

OS LANDWEHR: DO HOLOCAUSTO AO PARAÍSO BRASILIENSE

(Publicada no dia 19.01.2015)

Raimundo Floriano

 

Mapa da Romênia

 

                        O Holocausto é tema deveras recorrente. Muitos livros já li e a muitos filmes tenho assistido sobre o tema, e isso é bom, para que não caia no esquecimento esse bárbaro crime que foi perpetrado contra o povo judeu na Segunda Grande Guerra. Ainda mais agora, quando vemos nossos últimos governantes acenando com simpatia para ditadores que o negam.

 

                        O conhecimento que tenho sobre o assunto me foi totalmente passado por escritores e diretores cinematográficos de países distantes. Por isso, venho falar de uma pessoa que o viveu, e que está aqui, praticamente a nosso lado, moradora num dos Condomínios de Brasília, fácil de ser contatada por um simples telefonema, ou mesmo ser encontrada na praça de alimentação de um shopping qualquer. Trata-se de Lulu Landwehr.

 

                        Lulu, judia como toda sua família, nasceu na Romênia, numa pequena aldeia chamada Peteneye, no dia 23 de maio de 1925. Era filha de Moritz Weiss e Eszter Katz Weiss. No próximo mês de maio, completará 90 anos, linda como sempre.

 

                        Devido a dificuldades financeiras, seu pai mudou-se com a família para próspera cidade de Oradea, capital do judet – distrito – de Bihor, onde passou a operar como pequeno agricultor.

 

                        Oradea, pela proximidade com a Hungria, ora era anexada àquele país, ora era devolvida, e vice-versa, de forma que muitos romenos dali achavam que eram húngaros, e muitos húngaros pesavam que fossem romenos. Toda a região é conhecida por Transilvânia, famosa na literatura como a terra dos vampiros.

 

                        Em 1944, a Hungria, com Oradea sob seu domínio, era simpática à causa alemã. E, em maio daquele ano, toda a família da Lulu, por ser judia, foi embarcada num vagão de gado rumo aos campos de concentração de Auschwitz, operados pelo Terceiro Reich, nas áreas polonesas anexadas pela Alemanha Nazista e maior símbolo do Holocausto.

 

                        Lulu estava com 19 anos!

 

                        O vivido, desde o embarque, em maio de 1944, até a libertação, pelos americanos, a 14 de abril de 1945, encontra-se narrado neste impressionante e contundente livro, editado pela Thesaurus Editora. Dos 85 que li em 2014, este é o de maior conteúdo, o de maior valor histórico:

 

 

 

                        Para dizer o mínimo, em Auschwitz, Lulu perdeu o pai, a mãe, as irmãs Erzsi e Iren e o irmão Sanyi, nos fornos crematórios. Com ela, sobreviveram Duci e os irmãos Miki e Ioska.

 

                        Ao retornar para Oradea, o ambiente já não era o mesmo entre seus concidadãos, onde reinava intenso preconceito contra os libertados. Vejam só, na própria pátria!

 

                        Foi quando Lulu começou a namorar o compatriota Dan, judeu, que teve participação ativa na Segunda Guerra Mundial, lutando como partisan ao lado de Charles de Gaulle até a libertação da França em 1944.

                        O romance começou em 1948. Logo em seguida, Lulu foi internada num sanatório, por ter contraído tuberculose, doença quase impossível de ser combatida na época. Foi quando Dan mostrou a ela o grande amor que lhe devotava, nunca lhe negando carinhos e beijos quando a visitava. Um ano depois, ou seja, em 1949, com Lulu totalmente curada, Dan buscou-a no sanatório e levou para a casa dos pais dele, em Paris, onde se casaram.

 

                        Tendo que lutar pela vida e contra a discriminação, o casal viveu em Paris, e Buenos Aires e, finalmente, chegou ao Brasil, em 1952, onde fixou residência definitiva, motivado pelo aspecto de que nosso país é o único onde não existe preconceito contra seu povo. Vejam bem no que desejam transforma o povo brasileiro agora, lançando olho castanho contra olho azul, cabelo escuro contra cabelo loiro, pobres contra ricos, nordestinos contra sulistas, apedeutas contra estudados e, para o cúmulo dos cúmulos, criando as famigeradas quotas raciais!

 

                        No Brasil, Lulu e Dan tiveram dois filhos, Roby e Vivi.

 

Lulu e Roby, em 1956 - São Paulo

 

Lulu, Vivi, Roby, Dan e Duci - Início de Brasília

 

                        Iniciando suas atividades, primeiramente em São Paulo, Dan logo se transferiu com mala e cuia para Brasília, onde chegou com a família, antes da Inauguração.

 

                        E o que os faz tão perto de nós, tão palpáveis, tão gente da gente? Vou lhes contar!

 

                        Dan vem a ser Bâzu Dan Landwehr, que montou em Brasília a primeira e maior fábrica de móveis de qualidade, a Mainline Móveis, fornecedora, mediante licitação, para todos os órgãos públicos da Nova Capital e exportadora em grande escala. Um meu primo, Pedro Ivo, foi Contador da empresa desde 1970, e mais adiante, um de seus sócios.

 

                        Paralelamente, Dan montou na Galeria do Hotel Nacional a loja DAN - Decorações a Artes Nacional, de alto nível, gerenciada por Lulu e freqüentada pela socialites da Corte.

 

                        Para ter-se uma ideia do nível de seus produtos, vou contar-lhes uma historinha. Em 1968, por ocasião da visita da Rainha Elizabeth II ao Brasil, o Congresso Nacional viu-se em palpos de aranha, por não dispor de dependências condignas para recebê-la. Aí Seu Dan entrou em ação: montou um gabinete com móveis, tapeçaria, decoração e tudo o mais, nada ficando a dever ao ambiente mais sofisticado do Palácio de Buckingham. No dia seguinte ao da partida da Rainha, retirou todo o material, fazendo tudo isso graciosamente! Bâzu Dan Landwehr sabia negociar!

 

                        Seu Dan faleceu ainda no vigor de sua produtividade, em 1982. Para perpetuação do clã, deixou-nos a filha Vivi e o filho Roby, do qual passo a falar.

 

                        Roberto Landwehr é meu colega na Hidroterapia, atividade a que comparecemos três vezes por semana. Nasceu em São Paulo, no ano de 1956, e veio morar em Brasília juntamente com os pais, em 1960. Iniciou seus estudos no Colégio Dom Bosco, como se vê a seguir:

  

                        Seu currículo é extenso e valioso: licenciatura em Educação Física pela Faculdade Dom Bosco de Brasília, DF; especialização em Fitness pelo Instituto de Pesquisas Aeróbicas, em Dallas, Texas, EUA; especialização em Ciência do Treinamento Desportivo pela Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, RJ; doutorado pela The University of New Mexico, Albuquerque, EUA; professor de Educação Física na Fundação Educacional do Distrito Federal; professor de matérias diversas, com ênfase em Treinamento Desportivo e Fisiologia do Exercício, nas Faculdades Dom Bosco de Educação Física, Santa Terezinha, Em Brasília, Anhanguera, em Brasília, na Universidade Católica, em Brasília...

                        Na maturidade, é a cópia xerocada do pai:

  

                        Com esse invejável cabedal, acaba de lançar, com parceiros, também por nossa Editora, a Thesaurus, este livro de bolso cuja qualidade já me fez comprar 10 exemplares para presentear meus professores de malhação e minha reumatóloga, e a cujo lançamento compareci, quando tive oportunidade de apertar a mão da Lulu:

 

 

 

                        Para avaliar-se o tamanho de sua aceitação, basta saber que, na noite de autógrafos, no Restaurante Carpe Diem, saíram 135! Recorde editorial brasiliense no ano de 2014!

 

                        Era o que tinha a declarar!

 

                        Os livros E Pilatos Lavou as Mãos e Pílulas do Dr. T encontram-se à disposição neste site de vendas: www.thesaurus.com.br.

 

                        Em homenagem ao amigo Roby e a sua família, aqui vai o Hino Nacional da Romênia:

 

 

 


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