Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Leonardo Dantas - Esquina terça, 12 de setembro de 2017

OS QUINZE ANOS DO INSTITUTO RICARDO BRENNAND

naugurado em 12 de setembro de 2002, o Instituto Ricardo Brennand encontra-se localizado em uma área de pouco mais de 77 mil metros quadrados, na qual abriga o Castelo de São João, a Pinacoteca, a Galeria de Eventos, a Capela de Nossa Senhora das Graças e o Restaurante Castelus.

Ricardo Brennand

Juntando suas construções teremos uma área de 9,2 mil metros quadrados, de modo a oferecer aos seus visitantes o maior acervo de peças de arte já reunido por um só colecionador.

Costuma-se dizer, entre os colecionadores de obras de arte, que determinada peça, vez por outra, procura o seu próprio dono(!).

No Instituto Ricardo Brennand a história não acontece de forma diferente; aqui o objeto sempre procura o colecionador pelos mais estranhos e diferentes caminhos. Grande parte das obras em exposição, tem a sua própria história, algumas até transformando-se em romances e outras sendo objeto de conversas e exemplos de curiosidade.

Em sua portada de entrada o Instituto Ricardo Brennand ostenta dois dos oito grandes leões esculpidos em mármore que, no passado, ladeavam as escadarias do Palácio Monroe do Rio de Janeiro (1906). Demolido em 1976, foram dois desses leões oferecidos a Ricardo Brennand que os adquiriu para o seu futuro centro cultural, inaugurado em 2002.

A Mulher da Rede & outras esculturas

Uma das obras que mais causam impacto em nossos visitantes é a última escultura do artista italiano Antonio Frilli, A Mulher na Rede ou Doces Sonhos, adquirida em 2009.

O italiano Antonio Frilli, que em 1860 fundara o seu Atelier em Florença (Via del Fossi), foi um dedicado escultor de grandes estátuas em mármore de Carrara e alabastro, destinadas a famosos cemitérios, bem como para outras galerias conhecidas na Europa, nos Estados Unidos e na Austrália.

 

“Em 1904, dois anos após a morte de Frilli, seu filho Umberto participou da Louisiana Purchase Exposition em Saint Louis , Missouri , onde uma das obras de seu pai era uma escultura que descrevia uma mulher nua em uma rede (Nude Sleeping in a Hammock) No mármore branco de Carrara, ganhou o Grande Prêmio e seis medalhas de ouro”.

Já fazendo parte do acervo do Instituto Ricardo Brennand, eis que uma nova faceta vem de encontro à história da escultura da “Mulher na rede”, como é conhecida entre nós: um visitante do nosso acervo fez presente à Biblioteca do Instituto Brennand do catálogo original da Louisiana Purchase Exposition em St. Louis (1904), onde a escultura de Antonio Frilli foi pela primeira vez apresentada com o título de Sweet dreams (Doces sonhos); revelando assim um passado até então desconhecido.

Voltando ao histórico da obra de Antonio Frilli, consta ter ele a esculpido em 1892, sob o título de Doces Sonhos, representando uma bela mulher em tamanho real dormindo despida numa rede. Em 1915 foi a escultura enviada de Florença para São Francisco da Califórnia, onde ficaria exposta na Panama Pacific Exhibition. Nesta exposição, foi a escultura adquirida para decoração de um jardim residencial em Piedemonte (Itália).

Em 1998, após mudanças na posse da primitiva casa, o advogado e pianista John Hayden, juntamente com sua mulher Sarah tornaram-se seus novos proprietários, passando a denominá-la de Eva.

O acontecimento veio inspirar o romance publicado em 2016, escrito por Gary Rinehart, Nude-Sleeping-Hammock(Nu dormindo numa rede), que coloca a obra de Antonio Frilli como o centro da trama ficcional dos diversos proprietário, a partir do seu surgimento, em 1892, e como a escultura afetou suas vidas¹.

Além de outras esculturas de Antonio Frilli, o Instituto Ricardo Brennand possui peças de valor inestimável, como a Mulher com espelho ou Ninfa da Lua, produzida por Vittorio Caradossi em 1894, se seguindo de outras peças igualmente importantes desse artista distribuídas pelos vários três edifícios do núcleo central².

Segue-se o conjunto em mármore, Os Pompeianos, de Giovanni Maria Benzoni (1809-1873), pintor e escultor do século XIX, da escola Neoclássica, que foi aluno de Antonio Canova (1757 – 1822). A escultura, datada de 1868, mostra uma família em fuga tentando escapar da erupção do vulcão Vesúvio, que soterrou as cidades de Pompéia e Herculano no ano de 79.

No jardim central do instituto, os olhos do visitante irão se voltar para a réplica do David de Michelangelo (1504), com 7,17 metros de altura, elaborada pela Cervietti Franco & Cia., em Pietra Santa (Itália), no ano de 2000, assinalada com o nº 5/5, adquirida por Ricardo Brennand em 19 de dezembro de 2010.

No jardim ao lado encontra-se A Mulher a Cavalo, do colombiano Fernando Botero (1932), estátua em bronze de grandes proporções (230 x 160 x 90 cm.), datada de Pietra Santa (Itália) 2002.

No fosso do Castelo de São João outra réplica, em tamanho natural, d’ O Rapto das Sabinas, originalmente esculpida no século XVI por Giovanni Bologna, tendo esta cópia a assinatura do artista português Francesco Zerri (Silvério Serra) datada de Florença 1927, Societá Fiorentina de Sculture Artistiche³.

Outro autor que desperta atenções é o artista francês François-Auguste-René Rodin (1840-1917), mais conhecido como Auguste Rodin, autor de algumas das mais importantes esculturas da coleção Ricardo Brennand. No prédio da Pinacoteca vamos encontrar “O Despertar” (“A. Rodin 1886”), “A Idade do Bronze” (“1876 A. Rodin), “A Eterna Primavera” (s/d), seguindo-se de sua obra maior: “O Pensador”, em exposição no salão de entrada do prédio da Galeria.

A presença as obras de Auguste Rodin notabiliza-se com a réplica desta sua obra maior: O Pensador. A estátua em bronze, com 1,92 metro de altura, datada de 1904, foi adquirida por Ricardo Brennand em 2004, quando da exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e outras cidades brasileiras. Trata-se de uma das 25 cópias autorizadas pelo Museu de Paris, gravada com o nº 8/25, com a data de 1998, produzida a partir do molde original pela Sayegh Gallery da mesma cidade.

Ao longo dos prédios do Instituto Ricardo Brennand o visitante vai encontrar 174 outras esculturas, assinadas por grandes mestres das artes, todas dignas de atenção e, por vezes, de meditação demorada.

Coleção de Armas

A coleção de armaria do Instituto Ricardo Brennand, hoje estimada em cerca de 4.500 peças, começou com um canivete em 1939 e se estendeu através da aquisição de espadas, facas, alabardas, lanças, escudos, punhais, adagas, armaduras (para cavalos e cavaleiros), balestras, elmos, arcabuzes, espingardas, mosquetes, carabinas, pistolas de duelo; uma singular armadura para cachorro, além das espadas de cerimonial do Rei Faruk I do Egito, estas últimas folheadas a ouro e cravejadas com brilhantes.

Armas brancas não só da Europa, mas do Oriente, como as procedentes da China, Japão, Índia e Oceania, fazem das coleções em exposição no Castelo de São João.

No ano de 2000, quando da exposição do da coleção do mostruário da cutelaria de Joseph Rodgers & Sons, pertencente ao antiquário argentino Samuel Setian, em São Paulo, Ricardo Brennand terminou por adquirir toda as peças nela expostas.

Joseph Rodgers & Sons tratava-se de uma secular firma inglesa de Sheffield produtora de facas, espadas, navalhas, canivetes, tesouras, que tem seu início no século XVIII. O seu fundador Joseph Rodgers (1743-1821) foi seguido por sucessores que mantiveram em atividade a fábrica até o ano de 1983. De posse o mostruário-museu daquela cutelaria o antiquário argentino Samuel Setian montou uma exposição itinerante, através das cidades de Buenos Aires, Montevideo, Santiago do Chile e São Paulo, que, com a compra no ano de 2000, passou a integrar o acervo do novo Instituto Ricardo Brennand.

Na ocasião um luxuoso catálogo, escrito por Abel Domenech, vem a ser publicado sob o título: Facas de Exibição – Joseph Rodgers & Sons. Coleção Samuel Setian. Santiago do Chile, 1999. p. 150 fotografias e desenhos. ISBN 987-97660-0-8.

O acervo de armas brancas do Instituto Ricardo Brennand torna a ser objeto de pesquisa de outro especialista, o inglês Peter Fine, que escreve o livro “Coleção Brennand de Armas no Castelo São João”, publicado em 2008, com 226 páginas ilustradas, que bem descrevem a importância da coleção nele exposta.

As preferidas do público

Numa consulta ao público visitante, foram escolhidos os objetos de maior atenção pelos que visitam o Instituto Ricardo Brennand, além das peças já aqui citadas, destacaram-se:

– o Cachorro com armadura, Sala dos Cavaleiros; os Fuzis dos Imperadores Pedro I e Pedro II (um deles fabricado no Recife, pelo mestre José Bustoff);

– os quadros do pintor holandês Frans Post (1619-1680), com destaque para o Forte Frederick Hendrik (1641), um dos sete remanescentes daquele artista pintados no Brasil;

– as duas paisagens de Veneza, pintadas por Canaletto (Antônio Canal), no início do século XVIII;

– as Moedas obsidionais cunhadas no Brasil Holandês (1646 e 1654);

– as primeiras edições dos livros publicados pelo conde João Maurício de Nassau-Siegen, Rerum per Octennium in Brasiliae, de Gaspar Van Baerle, e Historia Naturalis Brasiliae, de Willem Piso e Georg Marcgrave, edições impressas por Elzevier, respectivamente nos anos de 1647 e 1648;

– a Capela de Nossa Senhora das Graças.

Foi tanto o sucesso entre os seus visitantes que, no ano de 2014, o Instituto Ricardo Brennand veio a ser agraciado com o prêmio Travelers ‘Choice, do site Trip Advisor, conquistando o primeiro lugar entre os mais importantes museus da América do Sul e o 17º se comparado com os demais museus do mundo, o que se torna motivo de orgulho para qualquer pernambucano.

__________________

¹ RINEHART, Gary. NUDE SLEEPING IN HAMMOCK. 2016. (ISBN-10: 0615645941 – ISBN-13: 978-0615645940).

² Vittorio Caradossi (Florença, 1861 – Florença, 1918), escultor italiano. Estudou na Academia de Belas Artes de Florença, onde foi aluno de Augusto Rivalta, um dos mais importantes nomes da escultura acadêmica italiana na segunda metade do século XIX. Trabalhando quase exclusivamente com o mármore, executou diversos monumentos públicos, destacando-se sobretudo por sua renomada estátua do escultor florentino do Renascimento Desiderio da Settignano, cujo modelo foi exibido na Exposição Universal de 1900, além do memorial a Giuseppe Dolfi, herói do Risorgimento toscano, localizado em Borgo San Lorenzo. Expôs ainda na edição de 1909 do Salon de Paris. – Wikipedia.

³ O Rapto das Sabinas é uma obra que remete aos primórdios de Roma, em que a primeira geração de homens romanos teria obtido suas mulheres através do rapto das filhas das famílias sabinas vizinhas. Esta escultura foi adquirida à família Smith Vasconcelos, possuidora de um palácio em Teresópolis, Rio de Janeiro. No translado, a peça sofreu um acidente, a qual foi submetido a uma restauração por uma equipe do Museu do Vaticano.


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