Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Violante Pimentel - Cenas do Caminho sexta, 09 de março de 2018

OS URUBUS

 

Antigamente, roupa preta era sinal de luto, pela morte de um ente querido.

A rainha Victoria, que governou a Inglaterra de 1837 a 1901, foi quem inventou a “moda” do luto. Quando morreu seu marido, o príncipe consorte do Reino Unido da Grã-Bretanha, e Irlanda, Francisco Alberto Augusto Carlos Emanuel, ela se cobriu de luto permanente. O costume se espalhou por alguns países.

No Brasil, principalmente no Nordeste, o costume do luto fechado, para viúvas, perdurou até há poucas décadas, mas por um período determinado. Os viúvos usavam um fumo (tecido preto) no bolso da camisa ou gravata preta.

Pois bem. Num país que nunca teve prumo e que viveu sempre como um barco à deriva, sob os efeitos da corrupção, uma família burguesa, decadente, comprou um palacete, onde passou a residir. 

 

O enorme telhado do casarão servia de abrigo para centenas de urubus, atraídos pelo odor fétido de um matadouro, localizado nas imediações. O aspecto do palacete era tétrico, lembrando uma casa mal-assombrada. O palacete ficou conhecido como “casa dos urubus”.

Por ordem da viúva Dona Céfora, uma mulher austera e guerreira, muito alta e gorda, todas as pessoas da casa usavam roupa preta, em sinal de luto pela morte do seu marido, o chefe da família. Por coincidência, o luto combinava com a cor dos urubus.

O “de cujus”, senhor Ursulino, um próspero fazendeiro da região norte, era considerado o maior plantador de bananas da região. Por isso, era chamado o “Rei das Bananas”. Era grande colaborador das campanhas políticas do governo, no jogo do “toma lá, dá cá”, comum no País. Com isso, obtinha grandes benefícios fiscais, conforme a antiga praxe.

Dona Céfora, a viúva amantíssima, era conhecida como Madame Banana.

Com a morte do chefe da família, Madame Banana, dependente emocional do marido, entrou em parafuso. O “de-cujus” centralizava todos os negócios da família, sempre em guerra com dois filhos irresponsáveis, que gastavam seu dinheiro em orgias, jogos e cavalos. Mas, agora, ela passara a ser o homem e a mulher da casa. Tinha que botar ordem, ou os filhos acabariam, em pouco tempo, com tudo o que o pai, ao longo de sua vida, lutou para conseguir.

Antes da morte do “Rei das Bananas”, a fazenda parecia uma “terra de ninguém.” Quem mandava e desmandava eram os filhos. O pai se contrariava, mas não tinha força moral sobre eles.

De repente, a viúva decidiu puxar as rédeas da casa. Dona Céfora, ou Madame Banana, transformou-se numa mulher altiva e determinada. Passou a impor condições aos familiares, sob pena de serem expulsos da casa, em caso de desobediência.

Revoltada com a crise política que dominava o País, Madame Banana protestava contra os tubarões da mordomia, que se aproveitavam do dinheiro público. Não se conformava com o festival de desonestidade que reinava no País. Era indignada com os ladrões de colarinho branco, e com o “prende e solta” que dominava os tribunais.

Com medo de desequilibrar as finanças, Madame Banana baixou algumas ordens, a serem cumpridas por todos da família, que viviam às suas expensas.

Da sua fazenda, Urubutinga, entregue ao antigo e fiel capataz, vinham bananas em abundância, sendo as únicas frutas que entravam na casa.

Por economia, só havia no palacete três refeições por dia: café, almoço e jantar. Entretanto, as refeições eram fartas e a comida era simples e gostosa. Todos podiam comer à vontade, com direito à sobremesa, que era sempre à base de bananas.

Para moralizar o andamento da casa, Madame Banana, organizou uma espécie de estatuto particular, que deveria ser obedecido pela família:

1 – Fica proibido tirar o luto, até segunda ordem;

2 – Fica proibido mascar chicletes, para não estragar os dentes;

3 – Fica proibido tomar sucos, para economizar o açúcar;

4 – Fica proibido falar palavrões;

5 – Fica proibido dar gargalhadas;

6 – Fica proibido reclamar da comida;

7 – Fica proibido conversar durante as refeiçoes;

8 – O horário do café da manhã passa a ser 6:30 h, inclusive aos domingos e feriados;

9 – O horário do almoço passa a ser 12;h , inclusive aos domingos e feriados;

10 – O horário do jantar passa a ser 18:30;

11 – Quem perder o horário das refeições, terá que esperar pela próxima;

12 – Fica proibido lanchar no intervalo das refeições.

13 – Fica proibido falar em voz alta;

14 – Fica proibido discussão acirrada, nas dependências da casa

 

RECOMENDAÇÃO PRINCIPAL:

TODOS ESTÃO OBRIGADOS, A SE VACINAR CONTRA A FEBRE AMARELA, A MAIOR INIMIGA DO PAÍS.

Atualizada, através dos noticiários da televisão, Madame Banana chegou a uma conclusão:

O problema principal da Nação, no momento, é a Febre Amarela, que, depois de erradicada há décadas, voltou com “gosto de gás”, abocanhando indispensáveis verbas para dizimá-la novamente. É a Febre Amarela, que precisamos vencer.

Madame Banana não entendia para que havia ministros de Educação, Saúde, e outros, se o povo vivia sem qualquer tipo de assistência.

Perguntava a si própria, que país era esse, em que os políticos não respeitavam a Constituição.

Ela só queria entender…


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros