Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Literatura de Cordel quarta, 18 de outubro de 2017

PADRE HENRIQUE, UM MÁRTIR DA DITADURA (FOLHETO E ISMAEL GAIÃO)


Foi no ano de 40
Que Padre Henrique nasceu
E a 28 de outubro
Para o mundo apareceu
Paulo José Barros Filho
Descreveu com muito brilho
Como foi que ele viveu           

Seu nascimento se deu
Na Veneza Brasileira
Com o nome do avô
Antonio Henrique Pereira
Foi menino genial
E lutando contra o mal
Construiu sua carreira                 

Sua infância foi ordeira
Sem querer religião
Mas ainda quando jovem
Já chamava a atenção
E quando fez 15 anos
Ele então mudou seus planos
Causando admiração                     
  
Fez primeira comunhão
E entrou pro Seminário
Decidindo que iria
Tornar-se um Celibatário
Sendo muito inteligente
Daquela data pra frente
Começou o seu Calvário                  

Foi da Igreja operário
Com bonitas pregações
E juntando pais e filhos
Nas suas reuniões
Se tornou admirado
Tendo como resultado
Aproximar gerações                     
  
Por essas suas ações
Uma bolsa ele ganhou
E pros Estados Unidos
A Igreja lhe indicou
No entanto um capelão
Agiu com perseguição
E quase lhe atrapalhou            
  
Mas Henrique viajou
Cumprindo a sua missão
E nos Estados Unidos
Fez especialização
Foi muito discriminado
Mas estando preparado
Voltou pra nossa Nação   
      
Após sua ordenação
Começou a renovar
Procurou quebrar conceitos
Da Igreja secular
E a maior inovação
Foi fazer celebração
Sem cobrar pra celebrar         

E também pra batizar
Dinheiro não recebia
Se lhe pediam ajuda
O que tinha dividia
Pois era muito envolvente
E agradava a toda gente
Com a sua simpatia
   
Por tudo que ele fazia
Ganhou fama nacional
Sendo Padre de destaque
No trabalho Pastoral
Das coisas que defendia
Respeito à cidadania
Foi seu maior ideal                    
  
Vendo seu potencial
Dom Helder lhe convidou
Para ser seu Secretário
Assim que se ordenou
Com a sua inteligência
Trabalhou com competência
E aos seus fiéis agradou           
  
Sempre se preocupou
Com a classe estudantil
E durante o sacerdócio
Não mudou o seu perfil
Com essa sua postura
Discutia a conjuntura
Dos problemas do Brasil         
  
Porém o Governo hostil
Implantado na Nação
Proibia qualquer tipo
De conscientização
Henrique não recuou
E assim continuou
Na evangelização                    
  
A Igreja até então
Se mostrava dividida
E a classe universitária
Era sempre reprimida
Pelo Governo opressor
Que praticava o terror
Sem nenhum respeito à vida     
  
Dom Hélder por sua lida
Começou a incomodar
Mas pela sua importância
O Governo Militar
Usava de sabotagem
Porém não tinha coragem
De mandar lhe assassinar        
  
Então para se vingar
O Governo Ditador
Perseguiu o Padre Henrique
Que passou dias de horror
Pois constantemente lia
As cartas que recebia
Com tom ameaçador               
  
Todo esse ódio e rancor
Que no Governo existia
Não era pra defender
A nossa soberania
Era só pra nos roubar
Mas pro Golpe Militar
Isso era ideologia                   
  
Criaram a guerra fria
Praticando todo o mal
Só para fortalecer
Os donos do capital
Tanto da nossa Nação
Quanto da maior porção
Que era internacional               
 
A repressão foi brutal
E fez o povo sofrer
Não se podia falar
De quem tava no poder
E o povo sendo explorado
Tinha que ficar calado
Se não quisesse morrer            
  
Ao invés de nos proteger
A Polícia Militar,
O Exército e a Civil,
Serviam pra torturar
Já as famílias sofrendo
Foram seus entes perdendo
Sem poder nem enterrar         

Sem aceitar se calar
Os jovens contestadores
Que fossem padres, políticos
Estudantes, professores
De vez em quando sumiam
E os governantes fingiam
Não serem os torturadores            
  
Pensando nesses horrores
Que vivemos na Nação
A Igreja usou um lema
Pregado em cada sermão
“Que a maior prova de amor
É a de um leigo ou pastor
Dar a vida pelo irmão”              
  
E a Igreja usava então
Com muita prioridade
Esse lema pra Campanha
Em prol da Fraternidade
Mas não imaginaria
Que o Padre Henrique seria
Refém da perversidade                
  
Saindo sem ter maldade
Pra última reunião
Henrique ouviu uma moça
Pedindo orientação
Ela veio com malícia
Mandada pela Polícia
Pra lhe fazer traição                 
  
Sequestrado pela mão
Do Governo linha dura
O Padre Henrique virou
Um Mártir da Ditadura
Pois ele foi arrastado
Enforcado e assassinado
Com bala, faca e tortura         
  
Numa manhã obscura
Em uma estrada precária
Da nossa tão importante
Cidade Universitária
Seu corpo foi encontrado
Pois foi lá que foi jogado
Da forma mais arbitrária           
  
A Polícia sanguinária
No ano sessenta e nove
Cometeu a atrocidade
Que até hoje nos comove
O matou barbaramente
E não há inconsequente
Que esse ato não reprove                          
  
Mas existe quem aprove
Os atos da Ditadura
Que em 27 de Maio
Na maior descompostura
Tentou abafar o fato
Dizendo que era boato
Que existia tortura                   

Sem a menor compostura
O caso foi apurado
E nenhum dos assassinos
Do Padre foi condenado
Henrique tombou sem sorte
Mas esse “esquadrão da morte”
Teve o processo arquivado
  
Com o Padre assassinado
O Governo que o matou
Achando pouco o que fez
E o crime que praticou
Tentou desmoralizá-lo
Querendo caluniá-lo
Porém isso não vingou            

Muito tempo já passou
Da farsa que foi montada
É bom que a Justiça lembre
Que a vida que foi ceifada
Era de um Mestre e Pastor
Que só pregava o amor
Querendo a paz e mais nada.    
                    
Recife, 28 de outubro de 2009
  

 


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