Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo sábado, 28 de outubro de 2023

PAN-AMERICANO DE SANTIAGO-2023: BOXE, COM SELEÇÃO PERMANENTE, LEVA 12 MEDALHAS

 

Por 
Carol Knoploch 
— Santiago (Chile)*

 

 

O boxe praticamente gabaritou nos Jogos Pan-americanos de Santiago-2023. De 13 categorias, entre os naipes feminino e masculino, foi ao pódio em 12. Bateu o recorde de medalhas e de ouros. Nas nove finais disputadas nesta sexta-feira, ganhou quatro. É a modalidade do Brasil com maior destaque da competição até aqui, ao lado da ginástica artística (14 medalhas, porém em mais disputas).

O boxe, no entanto, teve aproveitamento de 92,3%, classificou nove atletas para Paris-2024 e terminou em primeiro lugar no quadro de medalhas da modalidade (quatro ouros, cinco pratas e três bronzes), à frente dos EUA (seis no total, duas de cada cor) e Cuba (quatro, sendo duas de ouro, uma de prata e uma de bronze). Diferentemente da ginástica, as disputas do boxe se deram entre os melhore das Américas, sem times B ou desfalques. É uma façanha e tanto.

Jucielen Romeu: ganhou a medalha de ouro na categoria 57kg — Foto: Wander Roberto/COB @wander_imagem
Jucielen Romeu: ganhou a medalha de ouro na categoria 57kg — Foto: Wander Roberto/COB @wander_imagem

Em Tóquio-2020, o boxe já havia sido destaque para o país, com três medalhas, ao lado do skate e natação. Mas, Mateus Alves, treinador chefe da seleção permanente de boxe, não se ilude e diz que o reconhecimento não mudará.

— A mudança que gostaria é em relação ao reconhecimento e visibilidade para os atletas. Infelizmente temos de aceitar que não mudará, que não vamos ser como outros esportes como a ginástica— lamenta Mateus, que diz que não há milagre para a enxurrada de medalhas. — Isso aqui é esporte profissional e existe um processo. É preciso treinar, ter disciplina, rotina, constância, gastar dinheiro, investir. Ou não tem medalha. Não existe conto de fada, treino no quintal e pódio.

 
Barbara dos Santos dançou mo ringue após levar o ouro em Santiago-2023.  — Foto: Wander Roberto/COB @wander_imagem
Barbara dos Santos dançou mo ringue após levar o ouro em Santiago-2023. — Foto: Wander Roberto/COB @wander_imagem

Ontem, teve show das mulheres: Beatriz Ferreira (60kg), Caroline Almeida (50kg), Jucielen Romeu (57kg) e Barbara Santos (66kg) conquistaram o ouro. Os medalhistas de prata foram: Tatiana Chagas, Keno Marley (92kg) e Wanderley Pereira (80kg). Contundidos, Michael Douglas (51kg) e Abner Teixeira (92kg) não fizeram suas lutas e ficaram em segundo. Os bronzes foram para Luiz Oliveira (57kg), Yuri Falcão (63,5kg) e Viviane Pereira (75kg).

— Nossa equipe feminina é monstruosa, fiquei muito satisfeito. Hoje, o Brasil e a Colômbia são as potências nas Américas no feminino. Os EUA, que tiveram três gerações que não tinha como ganhar, estão em entressafra. Mas faltou o ouro no masculino e isso está me mantando. Só me falta essa medalha como treinador — comenta Mateus, que, no entanto, não se arrepende de ter cortado os dois atletas contundidos de suas finais.

A marca anterior do boxe em Pans era de nove pódios, em São Paulo-1963, época em que era a modalidade era exclusiva masculina. Em Lima-2019, o Brasil havia conquistado cinco medalhas (um ouro, três pratas e um bronze).

Beatriz, a estrela da seleção feminina, afirma que além do trabalho, os atletas da seleção têm mentalidade vencedora, "querem chegar lá". Também chamou a atenção para a união do grupo. Nesta sexta-feira, a seleção inteira, incluindo a comissão técnica, comemorou o excelente desempenho em cima do ringue e com megafone. Ela disse que finaliza suas participações em Pan-americanos com chave de ouro:

 

— Estamos treinando muito, nos dedicando. Está todo mundo querendo ir para Paris e comer croissant. O segredo é esse: treino e dedicação — diz a atleta, que após Paris-2024 se dedicará aos boxe profissional. — A gente treina junto, mora junto. Por isso que eu falo que se um consegue, todos conseguirão.

27.10.2023 - Jogos Pan-americanos Santiago 2023 - Boxe -  Caroline de Almeida ganhou a medalha de ouro na categoria 50kg -  Foto Wander Roberto/COB @wander_imagem — Foto: Wander Roberto/COB @wander_imagem
27.10.2023 - Jogos Pan-americanos Santiago 2023 - Boxe - Caroline de Almeida ganhou a medalha de ouro na categoria 50kg - Foto Wander Roberto/COB @wander_imagem — Foto: Wander Roberto/COB @wander_imagem

 

Seleção permanente

 

Mateus lembra que desde 2009, com a introdução da seleção permanente, há três ciclos olímpicos, o Brasil já ganhou sete medalhas olímpicas e 12 em Mundiais. Londres-2012, com três, quebrou tabu de 44 anos. A última tinha sido em México-1968, com Servílio de Oliveira (bronze).

Os integrantes da seleção moram em São Paulo, em seis casas. Antes, a seleção se reunia para as competições internacionais por meio de convocação.

— Á época se criticou a introdução de equipe permanente. Mas é assim que se tem resultado, com atletas e comissão técnica fixos. Não tem boxe em clube, Sogipa, Flamengo, Minas ou Pinheiros. A modalidade não está no rol do Ministério da Educação, dos Jogos da Juventude. Quem está aqui é filho ou filha de boxeador ou treinador, de projetos sociais ou de algum programa de Prefeitura. Essa é a realidade e tudo bem.

Caroline disse que há dois anos, desde que entrou na seleção permanente, sua carreira deslanchou. Além do ouro em Santiago, obteve bronze mundial e prata no sul-americano.

 
Bia Ferreira: depois de Paris-2024, será exclusiva do boxe profissional — Foto: Wander Roberto/COB
Bia Ferreira: depois de Paris-2024, será exclusiva do boxe profissional — Foto: Wander Roberto/COB

— Estou em uma escada subindo e o topo será Paris — fala a campeã, que elogia o treinador: — O Mateus consegue unir toda a equipe e ao mesmo tempo tirar o atleta da zona de conforto.

Aos 31 anos, Tatiana disse que a seleção permanente mudou sua vida financeira e sua motivação. Ela quase parou de lutar quando duas academias em que treinava fecharam.

— Quando recebo um 'não' é que fico mais forte — diz a medalhista — Espero que depois deste Pan, a gente seja abraçado, reconhecido. É muito esforço, sabe? A seleção mudou minha vida financeira mas principalmente minha vontade. Eles acreditam no meu sonho. E Paris está aí.

Luiz Oliveira, o Bolinha, espera que o desempenho histórico do boxe em Santiago-2023 ajude a mudar essa dinâmica:

— Infelizmente o Brasil não olha muito para o boxe, mas não sei agora. Estamos fazendo o boxe crescer há alguns anos, então espero que olhem mais para a gente — sonha Bolinha, que mesmo neto de Servílio, não conheceu caminhos "encurtados" — O fato do meu avô ter sido medalhista olímpico não me facilitou em nada, apesar da história da minha família ser motivo de orgulho. O que me fez chegar até aqui foi trabalho, estrutura e disciplina. E o que nunca faltou foi amor ao que faço.

 

*A repórter viaja a convite da Panam Sports


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