Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Fernando Antônio Gonçalves - Sempre a Matutar segunda, 24 de julho de 2017

PARA ENFRENTAR AMANHÃS

Na minha caminhada existencial, tenho me envolvido com inúmeras leituras reflexivas, algumas mais profundas que outras, escritas por diferentes personalidades mundiais. Expresso aqui a opinião de três delas. A primeira é de Alexis Carrel, cirurgião francês, prêmio Nobel de Medicina: “A inteligência é quase inútil para quem não tem outras qualidades”. A segunda é de Albert Einstein, outro prêmio Nobel (Física), para quem “o primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma”. E a terceira é do criador do detetive famoso Sherlock Holmes, Arthur Conan Doyle, cujos livros muito me encantam até os dias de agora: “A mediocridade não conhece nada melhor que ela mesma, mas o talento reconhece instantaneamente o gênio”.

As reflexões acima refletem o ranço dos seus autores pelos sabichões empavonados, que se imaginam acima do bem e do mal, sem identificar os de inteligência superior às deles, tampouco diferenciando talentos e genialidades, os primeiros atingindo as metas além dos outros, os segundos binoculizando fatos que os demais ainda não conseguiram ver.

Finda minha carreira de docente universitário, 45 anos de dedicação sem modismos nem enrolocracias,, embora eivados de uma contemporaneidade analítica sem chiliquismos ideológicos nem pedanterias cavilosas, jamais olvidei a advertência do Galilleu Galilei, um que quase de lasca todo diante de uma nunca mundialmente respeitada Inquisição, repleta de censores olhares adeptos de ontens e anteontens que jamais retornarão: “Não se pode ensinar nada a um homem; só é possível ajudá-lo a encontrar a coisa dentro de si”.

Embora economista e estatístico avesso às pegadinhas quantitativas que os tecnocratas tentam impor aos mentalmente abiscoitados, sempre tive preferências voltadas para às áreas humanas, principalmente sociologia, história, pesquisa social e manifestações religiosas. Pouco me importando vanguardismos de verão, ideologias de botequim, a cada amanhecer buscando entender porque “a medida mais segura de toda força é a resistência que ela consegue vencer”, como apregoava Freud, o pai da psicanálise, tido inicialmente como herege por buscar interpretar os impulsos da alma.

Sempre entendi, embora com uma mínima bagagem filosofal, posto que meu Segundo Grau foi Científico, que na história do pensamento humano, todas as ideias foram consideradas faróis definitivos, quando elas apenas refletiam uma periodicidade, decompondo-se quando a inventividade criativa da humanidade as substituía por outras também consideradas faróis, ainda que tão periódicas quanto as anteriores. E percebi lentamente, numa maturidade provocada por dúvidas existenciais, que as ciências não são estáticas, aproximando-se ou se reagrupando ao longo dos séculos. Consolidação de uma caminhada sempre inconclusa, tudo acontecendo gradativamente, mediante leituras bem orientadas por talentos que muito me inspiraram.

Entretanto, das figuras históricas que me encantaram ao longo dos meus anos de vida, sedimentando um amor cada vez mais profundo, foi Jesus de Nazaré, um judeu muito arretado de ótimo. Um Galileu de quem me considero irmão de caminhada. Seus ensinamentos, nunca superados, sempre me acalentaram novos desafios, novas reflexões libertadoras, fazendo-me entender que os seus objetivos explicitavam a fraternidade de todos os povos e nações.

Nos últimos tempos, tenho meditado bastante sobre um livro escrito pelo pesquisador espírita José Herculano Pires, também filósofo, poeta, romancista, escritor e jornalista, que dedicou sua vida ao estudo do Cristianismo, sem os acréscimos novotestamentários redirecionados por Constantino. Um de seus livros – O Evangelho de Jesus em Espírito e Verdade, SP, Editora Paideia, 2016, 384 p. – é uma amostra convincente de seu legado intelectual, quando, através de programa mantido na Rádio Mulher, década de 1970, buscava explicar os ensinamentos do Nazareno, descortinando os horizontes das mensagens até então pouco compreendidas pelos Seus seguidores, “não segundo a letra que mata, mas segundo o espírito que vivifica.

Segundo Célia Arribas, a organizadora do livro, autora da Apresentação, “o evangelho do Cristo, em espírito e verdade, nos clama constantemente a uma elevação íntima, a uma reforma interior, jamais ao apego a expressões textuais e aparências enganosas. … Costumes e crenças são aqui analisados à luz da história, minimizando qualquer elemento mítico ou ritualístico que possa comprometer a compreensão da verdade espiritual do homem e o sentido da sua existência – a transcendência.” E foi além: “A intenção do Professor, como afirmava repetidamente no programa (de rádio), jamais foi a de convencer quem quer que fosse, tampouco de fazer prosélitos. O propósito era o de despertar os ouvintes para a compreensão na natureza e do desenvolvimento espiritual do homem, sem dogmatismos, sem julgamentos, sem profissão de fé.

O livro do professor José Herculano Pires contém 100 explanações originais suas, um conteúdo de muita valia para quem busca, como eu, apreender mais a cada dia a Doutrina Espírita, para identificar melhor a essência da mensagem de Jesus, um nazareno que muito amo.

PS1. Recomendo para todos aqueles que apreciam a descrição da trajetória existencial de personalidades que alteraram os rumos civilizatórios o livro Vida de Jesus, Ernest Renan, Editora Martin Claret, SP, 2004, 528 p., texto integral, com cinco apêndices: Jesus, Evangelho, O Jesus da História, A morte de Jesus e Um novo rumo: pesquisa sobre Jesus. Escrito em 1863, tornou-se uma das mais célebres biografias do Homão da Galileia, seu autor se constituindo num dos primeiros esteios da evolução do racionalismo do século XIX, denominando Jesus de “homem incomparável”.

PS2. Minha singela homenagem ao pe. José Edwaldo Gomes, da paróquia da Casa Forte, pela sua desencarnação, acontecida na última semana. Tinha-o na conta de irmão mais velho, muito tendo usufruído da sua sapiência nunca carismática.


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