Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Fernando Antônio Gonçalves - Sempre a Matutar terça, 23 de julho de 2019

PAULO FREIRE, UMA BIOGRAFIA SEM ENDEUSAMENTOS

 

 

PAULO FREIRE, UMA BIOGRAFIA SEM ENDEUSAMENTOS

Uma biografia me sensibilizou bastante nos últimos dias: Paulo Freire, mais que nunca: uma biografia filosófica, Walter Kohan, Belo Horizonte, Editora Vestígio, 2019, 269 p. Onde, na primeira página da Apresentação, uma afirmação bastante repetida pelo educador pernambucano, que muito clarifica sua caminhada em prol da Educação: “… sempre digo que a única maneira que alguém tem de aplicar, no seu contexto, algumas das proposições que fiz é exatamente refazer-me, quer dizer, não seguir-me. Para seguir-me, o fundamental é não seguir-me.” Frase ligeiramente modificada dita ao final de sua fala na FCAP, no Recife, em seu primeiro pronunciamento em território brasileiro, após retorno do exílio, auditório superlotado: “A experiência de Angicos foi uma, somente uma. E peço encarecidamente: não  me copiem!! Me reinventem!!”

Esclarece o autor Walter Kohan, ainda na apresentação: “Paulo Freire é uma figura extraordinária não apenas para a educação brasileira, mas também para a educação latino-americana e mundial. Suas contribuições não se limitam a uma obra escrita, muito menos a um método, sequer a um paradigma teórico, mas dizem respeito também a uma prática e, de um modo mais geral, a uma vida dedicada à educação, uma vida feita escola, uma escola de vida, ou seja, uma maneira de ocupar o espaço de educador que o levou de viagem pelo mundo inteiro fazendo escola, educando em países da América Latina, nos Estados Unidos, na Europa, na África de língua portuguesa, na Ásia e Oceania.” E ele ressalta no seu livro que, somente no Brasil, entre 1991 e 2012, foram apresentados 1.852 trabalhos de pós-graduação: 1.428 dissertações de mestrado acadêmico, 39 dissertações de mestrado profissional e 385 teses. E ainda revela que uma pesquisa recente no Google Scholar, efetivada por Elliot Green, aponta A pedagogia do oprimido, no mundo inteiro, como a terceira obra mais citada no campo das ciências sociais. Com uma curiosidade: as edições em castelhano e inglês têm mais citações que a edição em português, comprovando o ditado que proclama que ninguém é profeta em sua terra.

O autor propõe também considerar seu texto “um exercício de pensamento, a partir das ideias e da vida de Paulo Freire, que resgate as suas contribuições para pensar a ‘politicidade’ da educação fora das cegueiras partidárias”. E uma das cegueiras mais estupidificantes foi a cretina iniciativa de se revogar a Lei 12.612 abril de 2012, que declara Paulo Freire patrono da educação brasileira. Iniciativa recusada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa CDH), em 14 de dezembro de 2017 por considerá-la “fruto da ignorância sobre o legado do educador”.

O livro do Kohan ainda traz uma entrevista com o Lutgardes Costa Freira, filho fr Paulo Freire, efetivada em setembro de 2018, no Instituto Paulo Freire, São Paulo. Uma entrevista onde foram reveladas alegrias e obstáculos vivenciados por ele e a família durante o exílio do pai. O autor Kohan confessa que “um dos desafios do presente livro é escrever com a generosidade e abertura necessárias para que seja feita justiça a uma vida como de Paulo Freire, que parece grande demais para qualquer pretensão de escrita”. E ainda: “Cada um dos capítulos deste livro se inicia com um parágrafo que o sintetiza; posteriormente, apresenta um dos princípios e ao faz dialogar com a vida e o pensamento do educador pernambucano e de outros pensadores”.

No livro são explicitados os cinco princípios para se por em prática uma outra educação, válidos para todos os países de políticas educacionais libertadoras. São eles:

1. Uma educação política é uma educação filosófica, e nela a vida não fica do lado de fora da filosofia, da educação, da escola, do pensamento.

2. Em termos do que pode uma vida, todas as vidas são iguais, todas as vidas têm igual potência de vida. Todas as vidas valem igualmente e são igualmente capazes de colocar em questão a vida individual e social.

3. Educar é um ato amoroso. Quanto mais se educa, tanto mais se ama. Quanto mais se ama, tanto mais se educa. Disse Freire: “É possível ser tia sem amar os sobrinhos, sem gostar de ser tia, mas não é possível ser professora sem amar os alunos”.

4. Um educador é alguém que anda, caminha, se desloca sem um destino final, cria as condições para se encontrar com os que estão fora num tempo presente, de presença. O mundo está aberto, e o errar educante dará lugar a um outro mundo que não podemos antecipar.

5. A infância não é algo a ser educado, mas algo que educa. Uma educação política é uma educação na infância: na sua atenção, sensibilidade, curiosidade, inquietude e presença.

Mostrando sua ausência de endeusamentos descabidos, o Walter Kohan acrescenta ao livro um epílogo – Algumas críticas a Paulo Freire. Para qual política há lugar e tempo na educação? E também um Apêndice (Paulo Freire, filosofia para crianças e a “politicidade” da educação) e uma entrevista com a educadora brasileira Esther Pillar Grossi, dezembro de 2017, onde ela reconhece que Paulo Freire não se saiu bem quando era secretário municipal de educação de São Paulo, gestão Luíza Erundina.

A entrevista da professora Esther conclui pela necessidade de saber do professor, muitos deles vitimados pelos Cursos de Pedagogia que tiveram seus focos desviados por disciplinas periféricas que fazem a base trágica de uma analfabetização de milhões.

Mestre ignorante não educa, “astravanca” o progresso. Pois, segundo Paulo Freire, “escrever bonito é dever de quem escreve, sem importar o quê e sobre o quê”.


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