PELAGENS EQUÍDEAS
(Publicada a 28.11.2011)
Raimundo Floriano
Pernell Roberts, Michael Landon, Dan Blocker e Lorne Greene
A BBC Londrina, Maior Potência Radiofônica, Transmite Tudo Verdadeiro. Deu pra entender? Não? Mais adiante, explicarei.
Nos anos 1960, eu era viciado em assistir ao seriado Bonanza, na TV, curtição a que agora me entrego, com suas reprises no Canal 91, de segunda a sexta, às 9 da noite, prestando atenção num detalhe: a qualidade dos cavalos que ali aparecem, cada qual mais bonito, possante e bem tratado.
E, a cada episódio, me alembro de meu Período de Adaptação na EsSA - Escola de Sargentos das Armas, em Três Corações (MG), no ano de 1957, antes de ser designado para a Arma de Infantaria, quando me vi lotado no Esquadrão de Cavalaria, onde ocorreu o lance que a seguir lhes conto.
Íamos receber as primeiras noções de Hipologia, ou seja, fazer a limpeza do cavalo, começando pela ponta da orelha até a extremidade do rabo, passando pelo fiofó e pelo pingolim. A aula estava a cargo do Cabo Traquéia – pronuncia-se trakéia –, gaúcho da fronteira.
(Abro aqui este parêntese para dar-lhes uma pequena aula de Ortografia e Ortofonia. Conforme o Novo Acordo Ortográfico, traqueia – tubo condutor goela a dentro – não tem mais acento. Acontece que existe a palavra traqueia – pronuncia-se trakêia –, 3ª pessoa do indicativo do verbo traquear, o mesmo que traquejar. Portanto, se eu falar “O Cabo Traqueia traqueia o cavalo”, não fica esquisito?)
Éramos um pelotão de 30 alunos recrutas, e o Cabo Traqueia falou para o grupo:
– Cara qual escolhe um cavalo, pra começar a instrução!
Eu, que já fora cabo no 25º Batalhão de Caçadores, em Teresina (PI), tentei fazer tomar chegada:
– Cabo Velho...
– Cabo Velho é a porra! Meu nome é Cabo Traqueia, tá entendendo? Traquéia! – Gritou o cabo, cavalarianamente. Voltei a falar:
– Seu Cabo Traqueia, eu posso começar com aquele pampo?
Outro esporro:
– Pampo é o cacete! Aquele cavalo e tobiano, arataca beiçudo!
Depois, percebendo ele a ignorância de todos, ensinou-nos as cores, ou pelagens, dos cavalos, e deu-nos um macete para as sabermos na ordem de numeração. Para isso, fez-nos decorar a frase que encabeça este relato, que se constitui num processo mnemônico – fortalecedor da memória – muito eficiente, avisando-nos que, durante o curso, isso seria constantemente cobrado, além de ser matéria de prova.
Usando-se as iniciais de cada palavra acima, ficava fácil enunciar as cores: 1 - alazão; 2 - baio; 3 - branco; 4 - castanho; 5- lobuno; 6 - mouro; 7 - preto; 8 - rosilho; 9 - tobiano; 10 - tordilho; 11 - vermelho.
Aí vão as imagens para que vocês percebam as diferenças, às vezes muito sutis:
01 - Alazão - cor de canela, amarelo-amermelhada
02 - Baio - castanho-amarelo tirante a castanho
03 - Branco - literalmente, da cor branca
04 - Castanho - da cor da casca da castanha-do-pará
05 - Lobuno - escuro acinzentado, tirante ao lobo
06 - Mouro - preto salpicado de branco, tirante a pedrês
7 - Preto - literalmente preto, como a Bola 7 da sinuca
8 - Rosilho - avermelhado e branco, tirante a rosado
9 - Tobiano - manchas brancas em fundo escuro ou vermelho
10 - Tordilho - negro com manchas brancas, tirante a plumagem do tordo ou do sabiá
11 - Vermelho - tirante a vermelho
Antes que me esqueça, vale a pena lembrar-lhes: cavalo é Brasil, é Nordeste, é Cultura e é Sertão.
Voltando ao Bonanza, podemos agora afirmar que o cavalo de Lorne Greene/Ben Cartwright, o patriarca, é rosilho; o de Pernell Roberts/Adam, o primogênito, é vermelho; o de Dan Blocker/Hoss, o filho grandalhão, é preto; e o de Michael Landon/Little Joe, o caçula, é tobiano.
Para terminar, e aproveitando a fonte que me inspirou a escrever esta matéria, ofereço-lhes, para que recordem, o bonito e nostálgico tema do seriado, composição de Jay Livingstone e Ray Evans.
AMIGO MUNDINHO TB FIZ A ESA TURMA 1959,ARTILHARIA E ESTUDEI EQUINOLOGIA.PERDI CONTATO COM MEUS CAMARADAS.COMO CHEGOU A OFICIAL R2 ? MORO EM BSB SQN 205.PRECISAMOS BATER UM PAPO. ÁVIDO-BIA ART.AL 408
Prezado Ávido, ligue para mim. Fone: (61) 3346-7713. Não tenho celular.