Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Literatura de Cordel quarta, 04 de julho de 2018

PELEJA DE PELÉ COM ROBERTO CARLOS (FOLHETO DE CÁRLISSON GALDINO)

 

 

PELEJA DE PELÉ COM ROBERTO CARLOS

Cárlisson Galdino

 

 Meus amigos que acompanham

Esta rádio pela antena

Hoje temos dois gigantes

Duelando na arena

Rei do esporte e da cantiga

Atenção para essa briga

Ela não vai ser pequena

 

É o rei do futebol

Pelé, como é conhecido

Há muito aposentado

Um jogador bem vivido

Vindo aqui mostrar seu jeito

Está do lado direito

Pra provar que é mais sabido

 

No outro lado desta arena

Temos outro renomado

Disputando com Pelé

Para tentar derrotá-lo

De talento que agrada

É o rei da Jovem Guarda

É o rei Roberto Carlos

 

A disputa desses dois

Não será no futebol

Roberto jogar não pode

E o Pelé não joga só

A disputa desses dois

Será decidida, pois

Em repente sob o Sol

 

 

Pode parecer vantagem

Pro Roberto talvez seja

Pois ele é compositor

Mas Pelé vencer deseja

E é enfim chegada a hora

Vejam a arena agora

Que comece a peleja

 

Sou o Rei Roberto Carlos

Na disputa vou embora

Pelé não ganha de mim

Pois tenho uma longa história

Na música brasileira

Sou o Rei, não é brincadeira

Eu sou uma brasa, mora?

 

Quando eu estou aqui

Vivo um momento lindo

Muitos vêm torcer por mim

Todo mundo é bem-vindo

Vou ganhar, isso é normal

Pelé antes do final

Vai acabar desistindo

 

Você é o rei do futebol

O mais importante esporte

Mas nessa disputa hoje

Seu reinado pouco importe

Pois no canto e criação

O Pelé não tem vez não

Pois só no campo é forte

 

Nem sei porque falei tanto

Nem precisa tanto assim

Pois sou o rei da canção

A taça pertence a mim

Nem devia ter disputa

Mas se querem, a gente luta

Se você tá mesmo a fim

 

Já cantei de tanta coisa

Por protesto e por prazer

Por amor e por saudade

E o que tinha pra dizer

Hoje já está falado

Eu já falei um bocado

Fale um pouco de você

 

Roberto da Jovem Guarda

É o rei nesse reinado

Mas Pelé não é bagaço

Para ser ignorado

Além de ser jogador

Pelé já foi de cantor

Já teve disco gravado

 

Se você correu o mundo

Pelé já correu também

Sua voz viajou longe

Pelé foi mais longe além

E se há tanta gente boa

Sempre manteve a coroa

Nunca perdeu pra ninguém

 

O Pelé já foi ministro

Você nunca, que eu recorde

Se quiser ter uma chance

Deixa de moleza e acorde

E peleje de verdade

Pois todo mundo já sabe

Cão que ladra não me morde

 

O Pelé foi influência

Pra mais de uma geração

Muito mais do que ser rei

Foi a luz na escuridão

E num país em apuro

Foi uma luz no futuro

A esperança da nação

 

Por isso não se estufe

Não fale o que bem entende

Pois sei que o rei Roberto

Não é tudo o que ele vende

Nessa disputa acirrada

Não vai te sobrar é nada

Essa eu já ganhei, entende?

 

Meu caro Edson Arantes

Essa briga vai ser boa

Mas não fale do Pelé

Como fosse outra pessoa

Desse jeito colocado

Pareces um retardado

Isso bonito não soa

 

Roberto, fique na sua

Pois Pelé é o Pelé

Como falo não te importa

Falo como eu quiser

Sem força pra chegar junto

Fica mudando de assunto

Bom isso não é, entende?

 

Se você prefere assim

Não tenho nada com isso

Vamos à disputa logo

Tenho outro compromisso

Pois meu trabalho afinal

É intelectual

Não é força bruta, bicho

 

Roberto, você ofende

Todos falando assim

Pega mal ofender todos

Querendo ofender a mim

Futebol é uma arte

O físico é só uma parte

Que você nem tem por fim

 

Se for pra ganhar milhões

Correndo atrás de uma bola

Queria ter a outra perna

Perfeita, não como agora

Vocês no topo da escada

Por fazerem quase nada

Recebem milhões em dólar

 

Como se você fizesse

Esforço, cê não precisa

Ganha milhões em dinheiro

Sem nem suar a camisa

Faz um show de fim de ano

E a vida vai levando

Na água de coco e brisa

 

Se faço show todo ano

É que o povo me adora

E eu me esforço compondo

Fazendo show mundo afora

Quando eu não apareço

Tou na vida que “mereço”

É de ensaios toda hora

 

Pois assim é com a gente

Com quem vive de um esporte

Quando não está na TV

Treina pra ficar mais forte

Futebol é uma arte

Exigente em toda a parte

Férias tem só quem tem sorte

 

Essa arte de que falas

É discurso, é isso só

Molecada deixa a escola

Tantos que até tenho dó

Embora muita gente tente

Muitos viram é delinquente

No sonho do futebol

 

Não fale tanta besteira

Dessa arte que é tão bela

Futebol joga o rico

E o pobre da favela

Quero ver a arte que é sua

Tirar crianças da rua

Dando esperança a elas

 

Tudo bem, é uma arte

Futebol que você vende

Mas a disputa desviou

A disputa é entre a gente

E você não é problema

Pra não desviar do tema

Só quem é inteligente

 

Quem desviou foi você

Mas isso nem vem ao caso

Pois Pelé é inteligente

Não foi ministro ao acaso

E você, Roberto irmão

Cheio de superstição

Você é um prato raso

 

Qual o prato que é melhor

Deixo ao povo da cozinha

Na canção eu me garanto

Se eu fosse você, nem vinha

Ficava no seu reinado

Com a fama de coitado

Que eu soube que cê tinha

 

De onde foi que tirou isso

Essa fama nunca fiz

Você não tem argumento

Só besteira agora diz

A Xuxa já namorei

Com ela só não casei

Porque eu não quis, entende?

 

Duvido muito, mas deixa

A disputa é no argumento

Não quero levar um chute

De um homem violento

Na fama sua alcançada

Rasteira e cotovelada

Sem demonstrar sentimento

 

Tudo o que eu disputei

Desse jeito resolvido

Não foi por mal que ocorreu

Foi por um mal-entendido

E você, grande que alega

Terminou cantando é brega

Não é sabido, entende?

 

Não fale do romantismo

Se tiver pouca cultura

É preciso inteligência

Pra entender a candura

Do que escrevo hoje em dia

Você não entenderia

Se forçar, terá loucura

 

Pelé não é ignorante

Você não compreendeu

Preferiu parar o jogo

Sabe que a idade venceu

Não insiste na carreira

Senão vai fazer besteira

Igual contigo aconteceu

 

Se continuo cantando

É que ainda há talento

Diferente de outro rei

Que parou lá num momento

Com medo da decadência

Pois a sua inteligência

Era um frágil instrumento

 

É melhor ser recordado

Como rei de eterno brilho

Parei de jogar faz tempo

Mas na história fiz meu trilho

Uma carreira perfeita

Reinado que o mundo aceita

Não sou um rei só pro filho

 

Pelo que vejo, Pelé

Cada um tem seu orgulho

Seus defeitos e virtudes

Seu jeito de ver o futuro

Somos reis de dois reinados

Distintos e separados

Não dá pra quebrar um muro

 

É, Roberto, essa guerra

Já não tem nenhum sentido

Eu respeito a sua voz

E o sucesso conseguido

Você transmite emoção

Marcou uma geração

E ainda é ouvido

 

E você, caro Pelé

Bicho, você é o cara

No futebol, que é uma arte

Se ao fazer mil gols, cê para

Seu reinado é soberano

Ainda vão fazer mil anos

Pra surgir quem te encara

 

Roberto, você é o rei

E humilde, eu agradeço

Esta é a sua praia,

A vitória não mereço

Você grande amigo é

Quisesse matar Pelé

Eu nem tinha endereço

 

Qual é, Pelé, camarada

Você lutou um bocado

E o duelo dessa vez

Está agora acabado

Saibam todos sem enganos

Somos dois reis soberanos

Somos reis de dois reinados

 


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